A escolha da cabana (pt. 2) 🎈

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"Não posso continuar, eu tenho sofrido muito
Tenho feito amizade com todos os meus pecados
Eu preciso ser salvo, eu preciso ser salvo
Você não vai me salvar nunca mais".

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***

Meus dedos apertam o volante com força, sempre que chego próximo do carro de Jennie, ela acelera mais. O tráfego está mais cheio nesse bairro, o que dificulta minha concentração.

Enquanto metade da minha mente segue focada na estrada e no carro, a outra parte pensa o que eu faria se conseguisse pará-la. Eu apontaria a arma para a cabeça dela? Mandaria ficar de joelhos? Logo eu... que ajudei a acabar com a vida dela?!

Jisoo disse que não foi minha culpa, mas não vejo assim, dentro desse carro, ainda consigo lembrar do momento exato em que estávamos indo para o circo. Meu pai estava puto pelo atraso de algum dinheiro que o dono do Kim's Circus lhe devia. Não era uma quantia alta, mas meu pai sempre foi um cara mesquinho ao ponto de cobrar cada centavo.

Flashback on...

— Venha comigo, vou deixar você na casa da sua mãe quando eu resolver umas coisas. — eu entrei no carro sem questionar.

— Sabe, Roseanne, têm pessoas que não cumprem as promessas que fazem, e têm pessoas que se aproveitam da boa vontade dos outros. Mas paciência tem limite, e a minha acabou mês passado! Se aquele filho da puta não me pagar o dinheiro que pegou comigo para montar a merda daquele circo, ele simplesmente não vai ter mais circo.

Ele me olhou pelo espelho, nossos olhos se encontraram, e eu pude ver o ódio naquelas íris escuras.

Flashback Off...

Se eu soubesse o que eu mesmo causaria, nunca teria ido. Na verdade, eu nunca deveria ter aberto minha boca, mesmo que a pressão de sua insistência tenha me deixado nervosa, mesmo que eu estivesse com medo do que ele poderia fazer comigo, eu não deveria ter me preocupado. Merda, os espetáculos que Jennie fazia eram tão impressionantes, eu sei, porque eu assistia. Quantas vezes o pai dele não me fez rir? Quantos balões eu ganhei naquelas apresentações que eles faziam? Muitos, sem dúvida. E minha forma de retribuição? Sugerir queimar o local.

Flashback on...

— Vamos Roseanne, pense! Tem que ser um plano rápido! Ajude seu pai! — ele gritou quando fechou a porta do carro, a raiva carregava suas palavras.

— Mas... mas ele disse que vai pagar. — sussurrei.

— Pagar? — ele riu. — Pessoas quebram promessas, Roseanne, eu preciso do dinheiro agora, estou falido! Entende isso? Acho que não, você  sempre foi lerda pra essas coisas! Ainda assim prove que não é tão inútil, vamos, garota! Qualquer coisa, esse circo de merda acaba hoje, nem que eu tenha que cortar essas lonas com tesouras!

— Queime-o. — murmurei.

— O quê? Fale alto, merda! — ele gritou.

— Queime a lona! — quase gritei, meus olhos lacrimejaram.

— Queimar? Mas como... ah, isso, a gasolina no porta-malas! Vamos lá, até que não consumiu seu cérebro todo, né?! — a porta foi aberta, ele saiu e pegou o galão no porta-malas, depois apontou para mim, indicando que o seguisse.

Andamos até a lona onde estava ocorrendo o show. As risadas das crianças transbordavam de todos os cantos. Engoli em seco e dei uma passo para trás.

— Maricas do caralho! — meu pai sibilou. — Fique lá na frente e não deixe ninguém se aproximar, se alguém me pegar subindo aquela escada, eu viro esse galão em você, e não estou brincando quando digo que não vou me sentir mal em te ver queimar. Agora saia daqui!

Choices. | spin-off de balloons.Onde histórias criam vida. Descubra agora