Oh, espero que algum dia eu consiga sair daqui
Mesmo que isso demore a noite toda ou cem anos
Preciso de um lugar para me esconder, mas não consigo achar um perto
Quero me sentir vivo, do lado de fora, eu não posso lutar contra o meu medo"|Para melhor leitura, clique sobre a música na mídia|
***
● Kim Jennie ●
Meus dedos formigam. Eu a sinto gritar dentro de mim, ela quer sair. Não sei por quanto tempo consigo ficar no controle, mas preciso consertar as coisas o máximo possível.
Você não pode me controlar! Eu sou você!
Não, não é.
Você é minha versão fodida. A versão que me fez ser uma filha da puta cruel.
Não! Eu sou sua versão forte, sua versão independente. Você não tem espaço aqui.
Já chega! Eu não queria estar aqui, não quero ser mais essa pessoa! Não aguento assistir você matar crianças igual ele fez.
Não estamos matando, estamos limpando, balões! Transformamos eles em balões! Igual omma e appa!
Eles morreram! Não sei para onde as pessoas mortas vão, mas eles não viraram balões! E agora você é igual aquele Park!
Vocês dois roubam vidas!
Não sou igual a ele! É por isso que ele está morto agora! E em breve a filhinha escrota dele também vai estar! Não pense que vai me parar. Eu escolho quem vira balões e quem morre. A escolha é minha.
Você. Não. Escolhe.
Você arrastou Lalisa pra tudo isso! Você matou a família dela a troco de quê? Maldito seja aquele dia que você a viu no mercado! Eu queria te impedir, eu tinha mais controle que você, mas eu simplesmente...
Não conseguiu? Claro que não! Eu escolho o que fazemos e em breve você não terá que assistir. Eu sou você, você sou eu, e mesmo que não seja completamente, ainda será. Não vai conseguir me superar. Eu sou você, lembre-se, eu sou você!
Quanto a Lalisa, ela faz parte do show. Vê as apresentações dela? Você não as acha incríveis, huh? Papai gostaria dela.
Papai a entregaria pra polícia, ela precisa de cuidados. Você fodeu com a mente dela! Você a transformou no mal quando ela era o bem!
Lalisa está bem do jeito que está.
Não! Ela não está! E isso vai ter que acabar.
— Lisa?! — chamo. — Lalisa! — a nova casa que ela encontrou fica perto do rio, do outro lado da floresta, bastante próxima a antiga.
— O que foi? — Lisa aparece assustada, segura um esparadrapo enquanto tem metade da mão enfaixada.
— Preciso que vá embora! — ouço ela rir de mim, mas não ligo. — Preciso que se entregue pra polícia! Isso tudo foi um erro, ela que fez isso! Lisa, eu não quero que continue isso, precisa parar! — imploro, agarrando suas mãos.
Ela me olha de maneira esquisita antes de deixar o quarto correndo.
Saia daí! Já passou muito tempo, deixe que eu faça as coisas certas! Balões, balões, balões, voam sem parar, chame a mamãe e o papai e vamos todos brincar...
Minhas mãos se enterram em minha cabeça. Não posso ouvir isso, não quero ouvir isso, preciso ser forte, preciso me livrar dela.
Ouço passos no corredor, Lalisa caminha até mim, tento abrir a boca pra implorar que saia daqui, mas sou recebida com um soco. O golpe me pega de surpresa e acabo caindo na cama. Antes que eu possa me mexer, Lisa já está amarrando minhas mãos, a prática a movendo de forma absurdamente rápida.
Não entendo... o que ela está fazendo?!
Depois de amarrar minhas mãos e pés, ela se afasta para analisar o que fez. Tento me mover, mas as cordas estão apertadas demais.
— O que está fazendo? — meus olhos lacrimejam. — Precisa sair daqui, precisa mudar sua vida!
— Cale-se! — ela fala mais alto. — Só estou fazendo o que você pediu!
— O que eu pedi...? — repito confusa.
— Disse que quando me mandasse fugir, eu deveria amarrá-la — ela caminha lentamente e dá outro soco no meu rosto, meu maxilar queima. — e instigar sua raiva. — diz socando meu rosto outra vez. Cuspo sangue na cama. — Só assim você voltaria de verdade. — disfere outro golpe em mim.
Lisa sabe as regras das apresentações. Ela sabe fazer um show!
— Você não... — um soco. — precisa... — outro. — fazer... — outro. — p-por favor!. — outro. Minha visão está turva, meu rosto parece queimar. A raiva está subindo pelo meu corpo, ele está subindo pelo meu corpo. Consigo sentí-la se alojar em minha mente. Tomando o controle... lentamente... tão cansativo... as risadas... a música... a maldita música.
— L-Lalisa. — seu rosto é impiedoso, a mesma expressão que carrega sempre que mata alguém. Eu disse que você não poderia fazer nada, você é o fraco. Estou indo embora, não consigo me controlar mais. Eu disse, não pode achar que escolhe, eu escolho. Estou ficando preso novamente, um animal engaiolado em uma superfície pequena, ele... — Lalisa, chega. — rio baixinho.
Lisa se afasta com a mão ensaguentada. Ela me olha por alguns segundos antes de desatar o nó nas minhas mãos e pernas.
Não consigo parar de sorrir. Esse é meu corpo, eu fico aqui, você não é ninguém.
— Tem soro no banheiro, — ela diz afastando uma mecha do meu cabelo ensanguentado para checar os ferimentos. — acho que vai precisar de pontos. — diz segurando meu queixo, mas não sinto a dor, quero que ela sinta.
O celular toca, Lisa olha fixamente pra mim enquanto tira o aparelho do bolso.
— Acha que é seguro? — pergunta. — Podem estar gravando a ligação, pode ser informações falsas. Uma armadilha, sabe disso, certo?
— Eles não vão nos pegar, Lili. — sorrio puxando o celular. — Mas, se forem falsas, acho melhor ir pensando em um jeito de me trazer a irmã dela.
Lisa engole em seco.
— Lalisa? — a voz de Hyorin soa embargada.
— Não é ela, mas pode deixar recado. — sorrio.
***
— Droga. — xingo baixinho enquanto fecho a cortina vermelha da janela. — Lisa, eles chegaram. Rápido! Abra a porta dos fundos, — entrego a faca. — certifique-se de que ninguém vai nos ver saindo. E não faça barulho!
— Acha que eu sou uma criança idiota? — ela puxa a faca da minha mão com uma carranca no rosto. Não gosto desse comportamento.
— Como ele chegou tão rápido aqui? — murmuro enquanto vejo a viatura parar a alguns metros de distância do rio.
Corro para o quarto e pego as facas, cordas, algemas e isqueiros que guardei especialmente para amanhã.
Encostado na parede ao lado da cama, pego o bastão de madeira. Abro a gaveta e percebo que Lisa já levou os sedativos.
— Departamento de polícia Seul's crimes! Estamos a procura de Kim Jennie, acusada de assassinato e sequestro. Temos autorização do governo para vasculhar as casas desta área, abra a porta ou entraremos! — rio baixinho, a visão deles é tão distorcida. Com certeza nenhum deles virarão balões.
Sou puxado por Lisa, ela pega algumas das coisas que carrego. Quero muito ficar, quero muito ver de novo aquela cara assustada de Roseanne Park, porque se tornou uma das minhas favoritas.
Mas não posso vacilar, por isso deixo que Lalisa me puxe. Silenciosamente, saímos pelos fundos. Com cuidado, fecho a porta ao mesmo tempo que ouço a maçaneta da entrada cair no chão.
Corremos pelas árvores em direção ao carro que deixamos escondido.
Amanhã vai ser um longo dia.
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Choices. | spin-off de balloons.
Fanfiction❌SPIN-OFF DA SHORTFIC BALLOONS❌ ⚠ Leia "Balloons" para poder ler essa⚠ Cinco anos se passaram desde o "Caso dos balões", como ficou conhecido pela população de Seul. O problema? Ainda não acabou. Mentes confusas e frágeis são facilmente influenciada...