A escolha da guia de museu. 🎈

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"Eu fui uma mentirosa, eu cedi em meio ao fogo
Eu que deveria ter enfrentado, mas pelo menos estou sendo honesta
Me sinto um fracasso, porque eu sei que falhei com você
Deveria ter sido melhor, porque você não quer uma mentirosa"

|Para melhor leitura, clique sobre a música na mídia|

***

● Kim Jisoo ●

— Por favor, queira deixar sua bagagem com esta moça de terno preto. — Catarina se curva brevemente para o visitante que lhe entrega duas malas. — Ótimo, por favor assine seu nome aqui. — estendo o livro onde se encontra parte dos nomes das pessoas que visitaram o museu.

— Olha só como esses bracinhos são fortes! — diz o senhor a minha frente. Suas mãos dão batidinhas no meu braço, tento não fazer uma careta enquanto o livro pesa cada vez mais em minha mão. — Você malha muito? 

— Às vezes. — admito rapidamente, surpresa pela pergunta aleatória. Ele concorda pondo a caneta dentro da página, fecho o livro e peço que me siga. — Ok, pessoal, — chamo a atenção do grande grupo de cinquenta pessoas que se espalha pelo saguão de entrada. — nós vamos começar, vamos nos divi...

— Espera! — olho em direção a porta de entrada. Sorrio para Hyorin que caminha ofegante. — Ainda posso assinar? — pergunta parando com um caderno de anotações nas mãos.

— Claro. — abro o livro e ela o assina. — Ótimo, como eu ia dizendo, quero que formem quatro grupos de dez e um de onze! — todos começam a se separar em grupos menores. Mingi, Chan, Jimin e Jungkook, os guias de hoje, passam a acompanhar cada um seu próprio grupo.

Viro para o meu que é constituído de três brasileiros, duas australianas, o senhor que perguntou se eu malhava, quatro japoneses e Hyorin.

— Bom, senhoras e senhores, queiram me acompanhar, são alguns minutos de tour pelo museu Starry Cheongug. Devo reforçar que não é permitido tocar em nada, nenhuma foto deve ser tirada também. Agradeço a compreensão de vocês! Estão prestes a conhecer o universo de uma maneira mais brilhante! — sorrio para todos e passo a caminhar rumo ao saguão dos meteoritos.

Enquanto andamos, explico sobre como surgiu a ideia e a necessidade da construção do museu.

***

— Você está bem? — pergunto para Hyo, a sobrinha de Hoseok. — Pareceu distante enquanto eu explicava as coisas. Asteróides te entediam tanto assim? — rio baixinho. — Ou sou eu que sou entediante? — arregalo os olhos, preocupada.

— O quê? Não, você foi ótimo, unnie! Mas... — ela morde o lábio e olha pra longe. Estamos na lanchonete do outro lado da rua aproveitando minha pausa de almoço.

— Mas... o quê? — ergo uma sobrancelha.

Hyorin parece pensar no que dizer, e isto me faz olhar seu estado. Os cabelos estão presos em um coque bagunçado, têm olheiras escuras embaixo dos olhos preocupados e emana um ar de receio. A escola está a sobrecarregando?

— Hm, achei que você parecia cansada. — ela diz com um sorriso sem humor. — Tem chegado cedo aqui?

— Não tenho muito o que fazer agora que estou sozinho em casa, então falei para meu supervisor que eu poderia abrir o museu esses dias. — conto enquanto dou uma grande mordida na fatia da pizza de quatro queijos.

— Ah, que horas esse museu abre? — ela pergunta bebericando o refrigerante. Seus olhos estão fixos no outro lado da rua. Será que estou comendo de forma nojenta? Talvez eu deva diminuir o tamanho das abocanhadas na pizza.

— 08h:00. — comento. — Mas eu chego 07h:45 só pra conferir que está tudo em ordem lá dentro, entende?

— Sim. — ela diz sem afastar a bebida da boca. — Mais alguém chega essa hora?

— Por que chegariam? — ergo uma sobrancelha confusa.

— O que eu quis perguntar... é se você vem sozinha. — ela fala rapidamente.

— Ah, isso sim! O pessoal só chega depois das oito. O turismo só começa às nove.

— Não se sente solitária? Enquanto vem pra cá e espera começar o turismo? — pergunta mordendo a pizza pela primeira vez desde que chegamos.

— Eu venho de carro, não demora nada pra chegar aqui, você sabe. — dou de ombros pegando outro pedaço de pizza. — Gosto daquele museu. Mesmo que eu explique sobre ele todos os dias parece que sempre tem algo novo lá dentro... não sei explicar. — sorrio um pouco envergonhado.

— Sei... se está abrindo, quer dizer que está fechando também?

— Exatamente. — tomo um gole do refrigerante e olho a hora. Vejo que falta apenas mais alguns minutos de sobra.

— Que horas o museu fecha? — sorrio, surpresa pela quantidade de perguntas.

— Por que está tão curiosa sobre isso? — questiono. A pergunta parece assustá-la. Seus olhos pequenos se arregalam um pouco e posso jurar que vi sua mão tremer antes dela esconder no colo.

— Ah... eu... é que... — sua língua enrola, parece à beira de lágrimas.

— Esquece, — sorrio levemente. — aposto que você quer trabalhar lá e quer saber todas as minhas artimanhas para ser melhor que eu, estou certa? Não precisa me dizer, mas já adianto que seu plano maléfico não vai funcionar, porque eu sou Kim Perfeita Jisoo. — consigo arrancar uma gargalhada da garota.

— Isso foi a coisa mais burra que eu já ouvi. — ela comenta assim que para de rir. 

Dessa vez eu que rio.

— 22h:00. — falo. Ela ergue uma sobrancelha. — É a hora que estou saindo daqui.

— Isso é tarde! Não vai ter ninguém pra... — ela se interrompe com uma tosse, ofereço meu refrigerante. — Isso é tarde! — ela repete. O rosto pareceu murchar.

— Eu tenho vinte e dois anos, acha mesmo que tenho hora pra chegar em casa? — jogo um pedaço de massa no rosto dela.

— Esqueci disso, — ela murmura. — com seu cabelo super estiloso continua parecendo um adolescente. — diz sorrindo.

Aperto meu coque com uma cara presunçosa.

— Não pareço tão nova assim. — retruco fazendo uma careta.

— Ah, não? E por que te barraram no cinema? O filme era para maiores de dezoito, acharam que você tinha dezessete! Rosie falou que você teve que mostrar sua identidade. — ela diz rindo.

— Isso é um caso a parte. — murmuro.

— Ah, é mesmo? E quando você jogou sua identidade na cara daquela mulher que estava chamando a Rosie de pedófila, porque vocês estavam juntas e você pareceu nova demais pra ela. Foi um caso a parte também?

— Isso aí foi...

— E aquela vez que...

— Cala a boca, Hyorin! — a corto enquanto empurro uma fatia de pizza em sua boca.

Ela ri e eu também.

***

— Obrigada pela pizza. — ela diz apertando o caderno na mão.

— Eu que agradeço pela companhia. — bagunço os cabelos negros de sua cabeça.

— Aish! — ela arruma os cabelos com uma mão.

— Tenho que entrar, a nova tour vai começar logo. — digo a empurrando de leve. — O que vai fazer agora?

Novamente seu rosto se fecha, ficando sombrio.

— Uma ligação. — ela olha pra mim piscando várias vezes. — Desculpa. — diz me dando as costas e caminhando rapidamente.

Sem entender direito, entro no museu.

Choices. | spin-off de balloons.Onde histórias criam vida. Descubra agora