Capítulo 31

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O alfa encarou o marido, buscando pistas do teor da conversa. Notou que Seokjin, apesar de nervoso, estava sério, o que indicava que possivelmente teriam mais uma conversa difícil. Coçou a nuca, incomodado, enquanto aproximava-se do ômega e sentava na outra extremidade da cama. Algo lhe dizia que era melhor estar sentado para aquela conversa.

— Pode dizer. — sua voz saiu cansada, arrastada. Realmente não queria ter outra DR com o marido. 

O ômega não conseguiu sustentar o olhar. Baixou o rosto e encarou as próprias mãos, que estavam entrelaçadas em seu colo, ainda se perguntando se deveria iniciar aquela conversa ou não. Nos vários segundos que se passarem em silêncio quase absoluto, repassou todos os argumentos a favor e contra ao que pretendia fazer. Respirou fundo, buscando coragem para continuar. Sentia o coração apertado e um choro sôfrego preso em sua garganta.

— Namjoon, o que você sentiu quando eu recusei o seu pedido ontem?

O maior arqueou a sobrancelha, um pouco surpreso pela pergunta. O que aquilo significava? Seokjin estaria arrependido por ter recusado o seu pedido ou estaria se sentindo culpado?

— Eu... eu fiquei um pouco envergonhado... Acabei colocando uma certa expectativa sobre o nosso aniversário, mas tudo bem, você estava certo em recusar. Eu me precipitei um pouco.

Namjoon tentou forçar um sorriso para acalmar os sentimentos do marido, mas não conseguiu. Seu sorriso era triste, assim como seu olhar.

— Você só se sentiu assim? Envergonhado? — o ômega ergueu a cabeça e observou o marido. Os ombros caídos, a expressão casada... Ele não estava bem, assim como ele. — Somos atados, Namjoon, eu sei exatamente como você se sentiu... você... você realmente acredita que dá para continuarmos assim? 

Aquela pergunta atingiu-o em cheio. Ajeitou a postura, sentindo-se tenso.

— Como?

— Eu estive pensando... Na verdade, o que mais tenho feito nas últimas semanas é pensar. Acho que... acho que talvez a gente esteja fazendo isso da forma errada. Não vamos chegar a lugar nenhum assim.

— Desculpe-me, mas não estou entendendo.

O ômega suspirou e quis desviar o olhar novamente, mas, por fim, conseguiu se controlar. Precisava conversar com Namjoon olhando em seus olhos. 

— Sabe... Quando Hyuk me contou sobre o seu caso fora do casamento, muita coisa passou pela minha mente. Quis gritar, quis ir embora, quis até bater em você, mas não fiz. Paralisei. A dor me paralisou. Eu só queria chorar, me esconder, esperar que tudo passasse. A pessoa que eu mais confiava no mundo havia me traído. Continuei paralisado por dias, sem saber o que fazer, até começar a perceber coisas sobre nós e sobre mim que eu vinha negligenciando há muito tempo. Já conversamos sobre algumas delas, e, bem, não queria voltar a elas agora. Mas, no fim, percebi que eu não era feliz. Eu tinha alguns momentos felizes, em que eu me segurava, mas no fundo, de verdade, eu não estava feliz, não estava satisfeito. Eu não quero mais me sentir assim, Namjoon, incompleto, insatisfeito com a minha vida.

O alfa baixou a cabeça, pressionando um lábio contra o outro. Sentia um certo pânico diante do rumo daquela conversa, mas sabia que precisava manter a calma.

— Eu sei que o nosso casamento não é perfeito. Hoje eu consigo ver isso. — levantou o rosto e encarou o marido novamente. — Mas, de certa forma, tudo é aprendizado. É uma merda só termos percebido isso depois de toda essa... crise, mas coisas boas podem vir a partir disso.

— Eu concordo, também acho que podem. A minha questão é se estamos indo pelo caminho certo.

— Eu... eu acho que sim. Quer dizer, não sei bem se há um caminho certo. Estamos tentando descobrir, acho.

Despedaçados | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora