Capítulo 4

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O dia raiou com os sons alegres de Jungkook brincando no berço. Seokjin demorou alguns minutos até se lembrar do motivo pelo qual estava ali. Sentia-se mais calmo, como se o choro descontrolado da véspera tivesse lavado suas emoções.

Levantou-se e notou que ainda estava com a mesma roupa da noite anterior. Sentia-se mal, dormira até de tênis. Sentou na beirada da cama e ficou descalço. 

Jungkook notou a sua presença e sorriu alegre. O sorriso foi como um bálsamo para seu coração ferido. Por alguns instantes, Seokjin esqueceu o mundo e deliciou-se brincando com o filhote.

Não importava o que mais a vida lhe tirasse, sempre teria o amor de seus filhos.

O pequeno Jungkook estava transpirando e com a fralda molhada. O ômega levou-o para um banho. Enrolou-o em uma toalha e voltou ao quarto para vesti-lo.

Normalmente descia para preparar o café da manhã da família e só subia para se vestir depois que saíssem para o colégio e o trabalho.

Naquele dia seria impossível. Os gêmeos eram muito observadores e perguntariam por que estava descabelado e usando a mesma roupa da noite anterior. Precisou de muita coragem para entrar no quarto onde Namjoon estaria quase acordando. 

Entrou devagar e olhou para a cama vazia. Escutou então sons vindos do banheiro. O alfa apareceu logo e se olharam ao mesmo tempo.

Em todos os últimos anos, nunca se sentira tão vulnerável na presença dele, e tão consciente da própria aparência: os olhos inchados de tanto chorar, o cabelo despenteado e as olheiras profundas e escuras.

Também estava absolutamente consciente da aparência de Namjoon: a altura, os músculos fortes no corpo atlético, o peito largo, as pernas longas e robustas...

Com a boca seca, desviou os olhos.

Namjoon parecia cansado, como se tivesse dormido pouco. Provavelmente passara a noite pensando, racionalizando, a fim de encontrar uma solução correta para uma situação impossível. Era sua especialidade: transformar um desastre em sucesso.

Olhou-o de modo defensivo. Acabara de sair do banho e seu cheiro excitou-o.

Atração sexual não tem barreiras, pensou Seokjin. Mesmo sentindo raiva e desprezo, a paixão dominava seu ser. Ou seria consequência da marca que os unia? O ômega tinha completa noção de como ficou mais vulnerável ao alfa depois que foi marcado por ele.

Desviou a atenção e colocou Jungkook no meio da cama de casal, que não fora desfeita. Notava-se que fora usada apenas pela marca do corpo de Namjoon sobre a colcha.

Jungkook tentava de todas as maneiras chamar a atenção do alfa, que só tinha olhos para Seokjin. O bebê ficou vermelho e gritou querendo sentar-se. 

O ômega sorriu e estendeu a mão, Namjoon reclinou-se do outro lado da cama e pegou na outra mãozinha: era tudo que Jungkook precisava para conseguir sentar.

— Da! — ele disse em triunfo.

Seokjin não desviou os olhos do filho ao perceber que o olhar de Namjoon procurava o seu.

— Por favor, Seokjin, olhe para mim.

— Não!

Namjoon ergueu Jungkook para beijar a bochecha gorducha e colocou-o de volta na cama. Alerta, Seokjin quis levantar-se, mas ele agiu mais rápido, segurou seu pulso e puxou-o gentilmente para si, trazendo-o para o calor de seus braços.

O conforto que ofereceu emocionou-o, e ele não conseguiu segurar o choro. Apertando o abraço, Namjoon abaixou a cabeça e só conseguia dizer:

— Desculpe, desculpe.

Mas não era o suficiente, nunca seria. Amor, confiança, respeito não existiam mais e desculpas não trariam de volta.

— Eu estou bem — Seokjin disse.

— Querido, sei que te magoei muito, mas não tome nenhuma decisão ainda. Temos tudo a nosso favor se você me der outra chance. Não jogue nossa vida fora por causa de um erro idiota que cometi.

— Quem jogou nossa vida fora foi você!

Afastou-se e não foi impedido. Namjoon ficou olhando da cama, enquanto ele andava pelo closet, sem saber que roupa vestir.

Durante anos Seokjin tivera confiança cega nele, enquanto o marido caminhava rumo ao sucesso. Ficara em casa como um animal de estimação, dependendo do alfa para preencher suas necessidades. Que situação patética!

Jungkook começou a chorar de fome e Seokjin ficou parado no meio do quarto, as roupas nas mãos sem saber o que fazer.

Por fim, Namjoon pegou o bebê no colo e saiu do quarto dizendo:

— Pode deixar que dou comida para ele. Arrume-se com calma, ainda é cedo.


🥀


O café da manhã foi terrível. Impaciente com os gêmeos, Seokjin reclamou de tudo que fizeram, colocou pó em excesso na cafeteira e o café ficou forte demais. Taehyung e Jimin estavam assustados com seu comportamento. Quando deixaram a copa em busca do material escolar, ficaram aliviados.

— Não havia o menor motivo para você repreender o Tae daquele modo — disse Namjoon, assim que os gêmeos saíram. — Ele é ordeiro a maior parte do tempo, só porque esqueceu os jogos espalhados não merecia um sermão. As crianças são sempre comportadas, não permitirei que desconte nelas a raiva que sente por mim!

— E desde quando está em casa o tempo suficiente para saber como as crianças se comportam? Você as vê no café da manhã por trás do seu precioso jornal! A maior parte do tempo nem lembra que tem três filhos. Você os ama como eu amo... aquele quadro moderno que você comprou: quando lembra que eles são seus. Então, não ouse me dizer como tratar os meus filhotes quando é um inútil como pai!

Meus Deus! O que estava acontecendo? A sensação de Seokjin é que ia se quebrar em mil pedaços sem ter como evitar. Namjoon o olhava horrorizado.

— Pode me acusar de muitas coisas que provavelmente mereço, mas não pode me acusar de não amar os nossos filhotes!

— É mesmo? Então por que não passa mais tempo com eles?

Namjoon deu um soco na mesa e avançou na direção do marido como se quisesse bater nele, só que, no último momento, desistiu e afastou-se com esforço. Seokjin assustou-se, o alfa nunca agiu assim com ele. Ele iria mesmo agredi-lo? A que ponto eles tinham chegado?

— Jungkook é muito pequeno para entender, mas se der aos gêmeos o menor motivo para pensarem que não os amo, vou...

Não terminou a frase, nem precisava. Seokjin entendeu a ameaça. 

Namjoon olhou-o por um longo momento e saiu da cozinha.

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Despedaçados | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora