Capítulo 2

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As palavras do amigo soaram tão forte que Seokjin pensou que fosse cair. Seu lobo, triste, encolheu-se dentro de si.

— O quê? Ele saiu com um ômega esta noite?

— Não, não hoje em particular. Algumas noites. Não sei quantas exatamente. Só sei que ele está tendo um caso, e parece que todos em Seul já sabem menos você!

Silêncio. 

Seokjin não conseguia coordenar o pensamento.

— Sinto muito, Jin — Hyuk percebeu o choque do amigo. — Não pense que fico contente com isso. Não gosto do Namjoon, mas não queria te ver sofrer. Só estou contando isso porque estou cansado de ver você sendo enganado. Não são apenas suspeitas, eu me certifiquei antes de falar com você de que é tudo verdade. Eles foram vistos em lugares públicos, com atitudes e toques íntimos, eu mesmo os vi. Meu namorado tem um apartamento no mesmo prédio que Park Chansung, nós cruzamos com os dois saindo de lá numa manhã.

Seokjin se recusava a ouvir mais. Passou a mão, desconfortável, sobre a marca em seu pescoço, a marca que simbolizava a ligação entre ele e o marido. Começou a se conscientizar de pequenas coisas que deveria ter notado há mais tempo, e às quais não dera atenção, envolvido pela rotina do dia-a-dia. Confiara demais no alfa cujo amor por ele e pelas crianças jamais questionara antes. Mas enxergava agora. A sutil mudança no humor, a maneira de tratar a família, e as muitas vezes em que ele ficara embaixo, no escritório, em vez de subir para o quarto para fazerem amor.

Um suor frio lhe percorreu o corpo e Seokjin ficou nauseado. Lembrou-se de outras vezes, quando Namjoon quis fazer amor e ele sentia-se cansado ou sem vontade. Semanas, meses de amarga frustração e desencontros. Há duas ou três semanas, quando Jungkook começou a dormir a noite toda, sentiu-se mais descansado e pensou que tudo entraria nos eixos. Quando o ômega finalmente procurou o marido, o alfa é que não estava disposto. 

No entanto, há apenas poucas noites, fizeram amor de forma tão intensa como antigamente. O ômega inocentemente acreditou que tudo estivesse normal entre eles novamente, que aquela fase ruim já tinha passado.

— Deus... — murmurou.

— Jin, ainda está aí? Está me ouvindo?

Não, ele não queria ouvir mais nada. Não agora.

— Preciso desligar, Hyuk. Jungkook está chorando. — disse e depois colocou o telefone no gancho.

Olhando para o nada, lembrou-se de outro fato ainda mais dolorido que as fracas performances sexuais. Um aroma doce que sentiu um dia de manhã ao lavar uma camisa de Namjoon, o mesmo aroma que sentia quando ele chegava tarde do trabalho. 

Como pôde ser tão cego?

Idiota! 

Agora, só conseguia enxergar Namjoon com outro ômega. Tendo um caso, fazendo amor com ele...

Dessa vez, o celular em seu bolso que começou a tocar. Um choro cansado veio da cozinha. Com inesperada calma, Seokjin tirou o aparelho do bolso e o desligou. Depois, retirou o telefone do gancho, para que não voltasse a tocar. Precisava de um tempo sozinho, não queria falar com ninguém.

Seu lobo choramingava, estava extremamente magoado. Jin, no entanto, ainda estava em estado de choque, perplexo e perdido.

Foi para a cozinha. Alimentou Jungkook e colocou-o para dormir, ficando um longo tempo parado na porta do quarto, observando o pequeno. Sentia a cabeça vazia. 

Devagar, andou na direção dos quartos dos gêmeos. 

Taehyung, como sempre, dormia com as cobertas atiradas para fora da cama. Beijou o rosto do pequeno alfa e o cobriu melhor.

Despedaçados | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora