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Capítulo I

O vento soprava de forma intensa, as folhas abanavam, podia-se ouvir o uivo do vento. Era tarde, o sol já se estava a por. Essa noite teria que conhecer a substituta da sua mãe, e isso doía-lhe. Tinha a sensação de que o seu pai iria ser feliz, e, talvez ela também, mas sentia que estavam a trair a sua mãe.

Estava sentada na janela do seu quarto, com a janela aberta, acompanhada pela harmonia das plantas que estavam perto da janela, e do céu, que agora se encontrava pintado de laranja e rosa. Num dia normal, teria sido uma momento reconfortante, mas de alguma forma hoje era um momento de nervos e tristeza.

O chocolate com leite que tinha enrolado nas mãos, aquecia-lhe e oferecia-lhe comodidade.

Quando o chocolate estava quase no fim, alguém bateu à porta. Não tinha muita paciência, mas não podia simplesmente não responder. Mesmo que estivesse zangada, não podia perder a educação.

"Sim?" disse com voz plana, como se a sua voz estivesse muito longe.

A porta abriu-se, lentamente, como se o pessoa que a estivesse a abrir, tivesse receio de que Tris começasse a gritar.

Pela branca porta entrou uma rapariga igual a ela, só que com o cabelo ligeiramente mais escuro e os olhos mais esverdeados.

"Olá" foi o único que pronunciou, num tom de voz tímido.

"Olá" respondeu Beatrice, mexendo-se para um lado para a sua irmã se pudesse sentar ao pé dela.

Com passo lento, mas decidido, caminhou até à irmã. Houve um breve silêncio, carregado de nervosismo. Ambas estavam impacientes para conhecer a prometida do seu pai, mas ao mesmo tempo não a queriam conhecer.

"Como estás?" para a loira foi um alivio que Elaine tivesse feito a pergunta, pois ela não tinha capacidade para romper o silêncio, mas, honestamente, não lhe agradava essa pergunta.

"Bem."

Houve outro silêncio, desta vez maior. Um silêncio feito de ruídos vindos do outro lado da janela e pensamentos inaudíveis.

"Sabes que ela não substituirá a mãe, certo?" de novo foi Elaine quem rompeu o silêncio, espalhando tensão no ar.

"Claro que sei, Elaine, mas mesmo assim, custa acreditar que o pai vai casar de novo. Ainda por cima, com uma pessoa que nem conhecemos!" disse elevando a voz.

"Tris, já pensaste que talvez o pai tinha medo?"

Na verdade, Tris tinha tentado colocar-se na pele do seu pai, arranjar uma explicação para a atitude egoísta e dolorosa que o seu pai tomara, mas não conseguia nenhuma justificação.

"Já, e demasiadas vezes."

Elaine respirava pesadamente. Tris conseguia ouvir como inalava e expirava. Tinha os olhos cansados, como se tivesse passado a noite em branco, o cabelo apanhado num rabo de cavalo desfeito e tinha vestidas umas calças de ganga, velhas e gastas, com uma camisola cinzenta e uma casaco por cima. Na verdade, não estava muito frio, apenas havia muito vento. Um vento seco que não era capaz de levar os nervos.

Ficaram algum tempo assim, uma encostada à outra. Tris adorava a sua irmã, e não era a primeira vez e também não iria ser última em que se apoiavam uma à outra, porque elas precisavam uma da outra como uma flor necessita água e sol.

*

Um som seco ecoou pelo quarto, como se alguém estivesse a bater à porta. E, de facto, alguém tinha batido à porta, já que a porta estava a abrir-se. Beatrice conseguiu identificar o seu pai, alto e loiro, preparado para sair.

"Vou buscar a Marie, filha. Há pizza no congelador, se quiserem."

Alphred disse isto enquanto se aproximava da filha. Pai e filha despediram-se com um beijo e Beatrice percebeu como o som do motor do carro do pai se deixava de ouvir.

Beatrice levantou-se, já que estava deitada na cama e saiu do quarto, à procura de Elaine. A casa estava em silêncio, estalava nas esquinas e ficava para trás à medida que Tris avançava procurando a irmã.

Desceu as escadas e, ao aproximar-se da sala, ouviu o som da televisão.

Chegou à sala e viu a sua irmã a dormir no sofá.

Estendeu a manta por cima da irmã, com cuidado, pois não queria acordá-la.

Sabia que Elaine estava a sofrer, notava-se a quilómetros que a irmã não dormia bem, já não se concentrava e estava muito mais distante.

Depois disso, comeu qualquer coisa, voltou ao seu quarto, e num abrir e fechar de olhos, já estava a dormir tão profundamente que não percebeu quando o pai e a sua noiva chegaram a casa.

n/a:

Esta história é totalmente minha, com todos os direitos reservados e não se permitem cópias ou adaptações sem o meu consentimento.

Espero que gostem do capítulo!

Obrigada por ler,

Cris.

De tudo a nada, De nada a tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora