Capítulo II
Beatrice não recordava toda a sua infância, mas certamente, havia acontecimentos que não conseguia esquecer. Não se lembrava de todos os pormenores, nem das palavras corretas, mas nunca esqueceria o significado que as memórias tinham. Ela achava que as memórias existiam para nos recordar certas coisas, certas pessoas, certas experiências.
Entre tantas lembranças que pairavam na sua mente, a mais presente sempre fora a mais simples de todas.
Teriam as gémeas então 5 ou 6 anos. Os seus pais tinham-nas levado a passear, uma coisas muito comum na família Edward, e resolveram comer um gelado. Tris não se lembrava de que sabor era o gelado de cada um, mas lembrava-se da sensação de felicidade que existia nessa família, como tudo sincronizava tão bem, como todos se toleravam, como se respeitavam e se amavam.
A loira recordava como ela e a irmã brincavam com o pai, e a mãe ria, como davam as mãos todos, criando uma corrente de carinho e segurança. Lembrava-se que essa noite, quando iam dormir, o pai e a mãe beijaram as filhas e a mãe disse: "Não vos trocaria por nada deste mundo".
E com o som da voz da sua mãe a ecoar na cabeça de Beatrice, esta acordou com um enorme sentimento de saudade.
Respirou fundo várias vezes e acalmou o vazio do seu coração, que pedia a gritos mais um beijo da sua mãe, embora Beatrice soubesse que isso era impossível.
Lavou os dentes na casa de banho e desceu em direção à cozinha. Quando lá chegou, o seu pai estava sentado em frente de uma mulher. Magra, estatura média, com os cabelos acastanhados, olhos castanhos, quase pretos e com um rosto muito amável. Devia ter, aproximadamente 40 e poucos anos, pois notavam-se que tinha vestígios de que o tempo passara pelo seu bonito rosto.
A sensação de que iria gostar dessa senhora recorreu-lhe o corpo.
"Bom dia" ouviu o seu pai dizer, enquanto Tris se sentava numa cadeira.
"Olá" desta vez, foi Marie quem falou. Tinha uma voz tranquila e suave, como a neve quando cai.
"Bom dia" Beatrice tentou ser simpática. A situação era bastante constrangedora, nunca tinha sentido tanta incomodidade acumulada num espaço tão pequeno.
Alphred aparentava estar bastante nervoso. As palavras atrapalhavam-se na sua garganta e as suas mãos soavam tanto, que não pegavam em nada porque deixaria tudo cair.
Inquieto, tossiu, com intenção de aclarar a garganta:
"Filha..." disse prolongando a palavra "Estive a pensar... e, talvez... devêssemos ir jantar todos..."
"Alphred ... sem pressões..." interrompeu Marie, sussurrando, embora Tris tivesse conseguido ouvir.
Tris, com apenas um rosto e algumas palavras, começou a gostar da noiva do seu pai.
"Não faz mal, eu também acho uma bom ideia" Beatrice fez uma pausa, estava um pouco nervosa. Honestamente, não lhe apetecia muito sair a jantar, mas tinha imensa vontade de conhecer Marie, já que tinha assumido que a atitude que tivera no outro dia não era digna de uma rapariga tão sensata como ela. Portanto, esforçando-se, acrescentou "Assim, podemos conhecer-nos todos melhor!"
Ouviu Alphred suspirar aliviado, como se um enorme peso tivesse sido retirado das suas costas. Levantou-se da cadeira onde se tinha sentado e começou a preparar o pequeno-almoço, enquanto Marie comia inquietamente a sua torrada.
*
"À sério! Jamie, não estou a gozar!"
Tris ouviu a gargalhada de Jamie a ecoar no telemóvel. Adorava o som melodioso da sua voz, era como música para os seus ouvidos. Não conseguiu resistir, e juntou-se ao contagioso riso do seu namorado.
E assim estiveram até que Jamie propôs a ideia de irem juntos dar um passeio. Sem nenhuma oposição, a loira aceitou.
Foi-se vestir. Pegou no primeiro que encontrou, umas calças pretas, uma malha da mesma cor e as All Star cinzentas, que já estavam quase pretas de serem usadas todos os dias. Trançou o cabelo, pintou levemente os olhos e escovou os dentes. Fez a rotina de todos os dias. Como era sábado, de manhã não se tinha arranjado porque não tinha razão para o fazer.
Rapidamente, desceu as escadas em direção à cozinha. Antes de entrar pegou no seu casaco preto e na gasta mala, onde colocou as chaves de casa.
Ao entrar na cozinha, Beatrice esperava ver o seu pai a cozinhar, já que tinham decidido que iriam jantar todos juntos em casa. No entanto, encontrou um cenário que a surpreendeu bastante: Marie e a sua irmã conversavam alegremente. Agradou-lhe imenso ver Elaine assim, via-se tranquila e feliz.
"E o pai?"
Marie olhou para ela e sorriu-lhe:
"Foi comprar comida para o jantar."
"Gostava imenso de ficar aqui com vocês a conversar" disse Tris, enquanto pegava numa maçã para comer "mas tenho um compromisso com o Jamie."
Ouviu como Elaine sussurrava a Marie "O Jamie é o namorado dela" e como Marie ria levemente.
Com um divertido olhar, Tris concluiu o que estava a dizer:
"Chego antes do jantar."
E saiu apressadamente.
n/a:
Esta história é totalmente minha, com todos os direitos reservados e não se permitem cópias ou adaptações sem o meu consentimento.
Obrigada por ler!
Cris.
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De tudo a nada, De nada a tudo
Teen FictionSe, pelo menos, soubesse que irias voltar à minha vida, que voltaria a ver-te outra vez e que voltarias a entrar no meu coração, teria-me preparado. Se me tivesses avisado que me beijarias de novo, teria tentado que o beijo fosse o mais perfeito pos...