quatro

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|Melody|

Eu pensava que com o tempo este lugar ia ficar menos estranho. Mas depois de uma semana aqui trancada,  percebo que estava errada. Este lugar é horrível!

Quase ninguém neste lugar parece ter condições mentais, nem mesmo as freiras ou os seguranças. Posso garantir que em quase dezanove anos de vida, nunca vi tanta loucura e maldade junta.

Talvez o Harry seja o mais normal. Demasiado normal para estar aqui.

Harry não voltou a falar comigo depois de eu admitir que tinha medo. Apenas afastou-se de mim e desde aí, apenas trocamos breves olhares.

-Toca a andar!- grita um dos seguranças a empurra uma mulher para fora da sala de forma bruta enquanto ela debate-se contra ele.

Ela é a terceira esta semana. Apenas o primeiro voltou. Sempre que alguma freira ou segurança entra na sala, faço questão de olhar para o chão.

Oiço a grande porta bater e relaxo o meu corpo, movo o meu corpo até a grande janela e observo a chuva a cair. Tento absorver o barulho da chuva e abstrair-me da irritante música francesa que paira pela sala.

-Quando a irmã Kim entrar na sala esta tarde, fica calma, se ela falar contigo sorri e acena concordando com tudo que ela disser, estás a ouvir?- oiço a voz de Harry atrás de mim.

Viro-me para ele e olho-o. Ele é tão calmo e belo. O que ele está aqui a fazer?

Ele matou a família! O meu subconsciente diz algo que eu já sei.

-Porquê?- interrogo e volto a olhar lá para fora.

-Apenas faz o que eu digo, por favor.- sussurra e aproxima-se de mim, mas eu não tiro os olhos lá de fora.

-Mas eu tenho medo dela!- digo baixo para que só ele oiça.

-Tu tens medo de tudo aqui.- um pequeno sorriso quase se forma na sua face, mas não o faz.

-Eu não tenho medo de ti....- minto, pensando que isso talvez o fizesse sentir melhor.

Um riso rouco sai da sua garganta e eu desvio os olhos para ele.

-Eu sei que tens, não precisas mentir.- a sua face volta a ficar séria e ele logo desaparece da minha vista.

Será que devo ir atrás dele e perguntar-lhe o porquê de fazer o que ele pediu?

Os meus pensamentos são interrompidos, pelo barulho da porta da sala de convívio a ser aberta. Uma das enfermeiras desliga a música. Por incrível que parece todas as pessoas que se encontram dentro da sala ficam em silêncio, até mesmo o homem que está sempre a bater com a cabeça na parede pára e simplesmente fica quieto.

Eu baixo a cabeça e apenas continuo encostada a janela, tentando não fazer contacto visual com ninguém. Discretamente tento procurar o Harry ao longo da sala, mas não o consigo ver. Por muito medo que eu tenho, e por mais estranho que isto possa parecer, eu sinto-me protegida com ele. E apesar de ele não me ligar nenhuma e fazer tudo para me ignorar eu não consigo que ele me seja indiferente.

Sinto um olhar queimar o corpo e levanto a cabeça, e encontro o olhar da irmã Kim pousado no meu corpo o que faz com que eu fique mais assustada e com que o meu corpo trema ligeiramente.

Ela dirige-se a mim, e eu fico o mais inconstada possível á grande janela. A irmã Kim olha para mim, mas eu não a olho nos olhos com medo.

Sinto outro olhar pousado no meu corpo e procuro quem seja, e os meus olhos encontram-no. Harry encontra-se exatamente do outro lado da sala e olha para mim, atentamente, fazendo com que a temperatura da minha cara suba uns graus.

O olhar da freira que se encontra á minha frente segue o meu e quando vê que me encontro a olhar para o Harry, ouço-a a rir.

-Não me digas que estás apaixonada pelo assassino do momento? — ela pergunta sinicamente.

-Não, uma pessoa não se apaixona em uma semana, e eu não me apaixonaria por um assassino,  não sou assim tão louca.- finjo um sorriso e vejo a expressão facial da irmã Kim alterar-se, de sinica para minimamente simpática.

-Passaste a semana bem comportada, e estas a ter uma conversa comigo sem estares a tremer de medo...- diz e franje a testa.

Na verdade estou cheia de medo do que ela me possa fazer, mas acho que devo fazer o que Harry pediu.

-Não quero arranjar problemas.- sussurro e olho para o chão.

-Se continuares assim não vais.- diz e olha em volta observando cada um com um olhar severo.

-Vou deixar que fiques aqui, mas vais ter que te comportar ou vais sofrer mais do que pensas.- diz e aponta o dedo indicador para mim ameaçando.

Apenas assinto e olho para o chão novamente.

-Muito bem! Saiam!- bate palmas e os guardas vão levando de dois em dois embora, apenas deixando alguns dos pacientes.

Movo-me até ao sofá a segundos depois Harry senta-se ao meu lado; o que mais me admirou foi que não sentou na outra ponta do sofá,  mas sim ao meu lado, a centímetros de distância.

-Vem fazer uma entrevista. Apenas fica calada e se quiserem falar contigo dá uma de doida e fica a olhar para eles, alguém á de impedi-los. E passado algum tempo podemos sair daqui.

-Daqui do asylum?- a esperança nasce no meu peito mas sei que é ape as a esperança,  eu não ia sair daqui tão cedo.

-Achas? - ri-se. -Quem me dera! Lembra-te de que quem entra aqui nunca mais saí.

-Mas eu não sou louca!- sussurro um pouco irritada. Eu quero sair daqui.

-E eu não matei ninguém.- diz e faz uma pausa antes de falar novamente. -Como já disse, sempre negamos a verdade.

Respiro fundo. Talvez ele tenha razão. Mas eu vejo-os, eles são reais!

-Porque matas-te a tua família?- ganho coragem para perguntar.

-Ele não matou!- oiço a voz que ouvi no primeiro dia. Olho em direção de onde veio e vejo o chão, novamente, a rapariga de cabelos castanhos sentada lá.

-Se ele não matou porque está aqui?- pergunto-lhe, esquecendo-me de que o Harry está mesmo ao meu lado. Nunca consigo ignora-los.

-Com quem é que estás a falar? Vês! És louca sim! Andas para ai a falar sozinha com os teus amigos imaginários!- Harry parece estar irritando. Talvez não pelo facto de eu estar a falar sozinha, mas de ter-lhe perguntado sobre a família.

-Eles não são meus amigos nem imaginários! Alguns são maus! E eles são reais! São espíritos.- sinto-me uma rapariga de 5 anos pela forma que falo.

Harry apenas suspira.

-És louca e eu sou um assassino. É por isso que estamos aqui. Acostuma-te com essa ideia.

  

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Heyy,

Desculpem a demora, mas nós escrevemos cada dia um bocado do capitulo por isso demorou um pouco mais, sorry...

Love You All,

Mara

Stuck In The Asylum| H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora