01. As ʟᴜᴢᴇs

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Alissia despertou de seu sonho como em todas as outras vezes, sorrindo carinhosamente ao se lembrar da mãe, que foi assasinada ao tentar protegê-la anos antes, ela afastou a memória infeliz de sua mente e se pôs de pé, mais um dia começara e com isto, os seus deveres como princesa também.

Enquanto se banhava, Julie, uma senhora de meia idade e cabelos negros e grisalhos, entrou no quarto. Ela cuidava dos príncipes desde que sua mãe havia falecido.

─Bom-dia querida, acordou cedo hoje. Ansiosa? ─

Alissia levantou-se da banheira e enrolou uma toalha branca sobre o corpo nu, foi até a sala de estar e sentou a mesa para tomar seu café da manhã, que Julie havia trago em uma bandeija.

─ Ansiosa não, eu diria que estou apenas entusiasmada, as luzes sempre me facinam, não pelo seu funcionamento, ora eu sei acender uma lâmpada, certo!?─ Retrucou ela ao perceber que Julie ria baixinho.

─ Só que, nós as acendemos com o propósito de iluminar os céus e homenagear quem se perdeu, quem nós perdemos. E todos os anos milhares de pessoas jogam ao vento um ponto de luz e esperança, é realmente empolgante! ─

Julie saiu de dentro do emaranhado de vestidos, túnicas e roupas justas que era o armário de Alissia, para olhar atentamente a princesa antes de dizer: ─ você anda lendo muitos livros de romance, não me lembro de ver Alissia Drikov tão sentimental assim nos últimos anos ─  Alissia gargalhou e deu uma última colherada no mingau de aveia antes de se levantar e ir até o trocador.

─ A data mexe muito comigo, entende? Mas concordo, talvez eu tenha acordado mole demais ─ ela imediatamente lembrou do seu sonho, e rápido como lembrou, se distraiu vestindo suas calças para treinar. ─ Nada que alguns socos e gritos não resolvam! ─

Julie juntou as roupas que a princesa havia espalhado pelo chão do quarto e colocou-as dentro do cesto que deixou a beira da porta.

─ Se você diz... Não espero nada menos que um belo soco na fuça de Adrik hoje, aquele menino não tem jeito. Rasgou toda a roupa ontem a noite, e ainda teve a capacidade de se justificar dizendo que havia sido uma plebeia, garanhão descarado, Hunf. ─

─ Não duvide dos encantos de Adrik lindinha ─ respondeu Alissia utilizando o apelido que elas trocavam entre sí. ─ Ele realmente chama atenção de muitas moças da cidade, já o vi fazendo isso, grande exemplo de príncipe, se embaraçando com qualquer garota que vê, não vão querer casar com ele se continuar assim.─ Ela soltou uma gargalhada alta ao imaginar o irmão se justificando a Julie.

─Bem, não que a Senhorita não faça o mesmo, não é lindinha!?

Alissia corou e logo tentou se justificar dizendo: ─ ah eu... Eu... Eu sou muito discreta em todo caso, e priorizo meus deveres ─ ao ver a expressão de incredulidade no rosto da criada ela acrescentou ─ E eu não mantenho casos com ninguém, já beijei alguns homens nas festas da corte, mas nunca me envolvi com nenhum plebeu.

─ Tudo bem, não precisa ficar nervosa Vossa Alteza, apenas gostaria de salientar que eu observo tudo e sigo vocês dois por todo o palácio, inclusive sei das suas escapadinhas para o quarto do lorde Henry ─ Julie a olhou com malícia e ela tentava se conter e não por o rosto entre as mãos.

─ Julie, se quer saber eu tive um caso com lorde Henry, e realmente o amei, mas ele me usou e foi embora, me prometeu muitas coisas das quais não foi capaz de cumprir, me usou para se aproximar de meu pai e criar um acordo que beneficiasse sua maldita terra e costa marítima. Eu doei meu corpo e coração a ele, pois acreditava que casariamos e seríamos felizes juntos em algum outro lugar, mas ele mentiu pra mim, e eu quero esquecer dele e de qualquer outro homem que tenha passado pela minha vida, não preciso de nenhum outro sobrenome pra me tornar importante, eu sou a princesa de Níer, a herdeira do trono, a melhor mulher combatente, e sou jovem e bela, ora eu posso conseguir o que eu quiser, eu sou Alissia Níer Drikov. 

Um abismo entre nós (UAEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora