A aproximadamente vinte e cinco anos atrás, um abismo dividiu os povos mágicos e as criaturas de Níer, Rochüs, Sikár, Zargo e Olmuth. Os humanos tem pouco conhecimento sobre as criaturas que vivem do outro lado, os anciãos evitam falar sobre eles pa...
Semanas atrás, quando a caravana do Rei Bender chegou ao meu país, não consegui acreditar que ele havia vindo pessoalmente para falar com meu pai em Rochüs. Mas ele veio, e trouxe consigo apenas um escrivão, guardas e o cocheiro. Pouco para o Rei de Níer, na minha opinião.
Horas de conversa e brindes na sala de visitas do castelo, até que ambos se retiraram e meu pai o levou ao salão de reuniões, apenas os dois, nenhum outro membro do conselho, muito menos minha presença como príncipe herdeiro. Não sabia do assunto tratado, mas pelas risadas altas de meu pai, sei que era algo bom, algo que traria benefícios a Rochüs e com a fome em nosso país, me senti aliviado naquele momento. Mas tudo acabou quando vi Alissia sair correndo do salão Real, se debulhando em lágrimas, suas feições transmitiam a mais pura dor, a dor de ter algo tomado a força.
Não pude conter meu impulso, o rei manteve seu olhar frio e decidido, nada que eu dissesse mudaria a situação. Adrik sorria para os próprios pés, e eu incerto do que fazer, corri atrás de Alissia o mais rápido que pude, onde quer que ela fosse, precisava conversar com ela.
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Alissia ainda corria. Ela não sabia onde estava indo, nem o que realmente queria no momento, mas ela tinha uma certeza: precisava sair dali.
Descendo a escadaria central do castelo ela seguiu pela pequena passagem de terra que levava a lateral do mesmo, a sua volta, ela via lamparinas acesas em postes de ferro, um jardim verde e florido, que apesar de bem cuidado, era tão detalhadamente recortado que mais parecia uma pintura. Tudo funcionava assim no castelo, um império feito para ser um retrato da perfeição e força do país, a Princesa estava cansada disso.
Ela derrapou na areia, parando. De esguelha, percebeu os guardas no nível acima em seus postos, todos eles nem sequer demonstrando objeção ou se movendo a parecer que iriam impedi-la. ─ Mas que diab... ─ Antes que ela terminasse de completar a nota mental, seus pensamentos foram interrompidos por passos rápidos na areia. Era o Príncipe Liam, ele estava correndo na direção da princesa, mas dessa vez, ela não fugiu.
Pacientemente o aguardou, ela não pretendia ataca-lo, não queria um combate, ela sabia que precisava ir, e queria pedir educadamente que ele não a seguisse. O Príncipe desesperado, calculou mal a sua ação e o peso de seu braço, assim que se aproximou ele a agarrou e puxou seu braço, sem tempo de pensar no motivo, o corpo de Alissia agiu instantaneamente. Liam estava no chão, agarrado ao ombro, onde a princesa aplicou um dos "golpes para desequilibrar seus oponentes" que aprendera com Gali.
─ Eu não sou como as garotinhas indefesas de Rochüs, sou uma guerreira! Fui ensinada a lutar e me defender, não caio nos braços de Príncipes encantados, você não é meu herói e eu não serei sua donzela em perigo. ─ Liam ainda no chão ergue o rosto para ela, ao invés de se sentir ofendido, ou magoado ele a entende, e com carinho responde baixo, para que apenas ela escute.
─ Você não precisa se defender de mim, eu quero uma chance, uma conversa pra te provar que não sou nenhum herói, sou um Príncipe fadado a morrer por um reinado e que está cansado de viver na defensiva para confirmar sua liderança e força, assim como você agora.
