02. Vɪsɪᴛᴀ Iɴᴅᴇsᴇᴊᴀᴅᴀ

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Um mês havia se passado após a cerimônia, e três após o aniversário de vinte anos da princesa, sem amigas ou outras companhias além de Julie para conversar, os dias de Alissia eram monótonos e repetitivos, muitas vezes cansativos, mas ela tinha um propósito. Todos os dias despertava pronta para provar ao pai que era merecedora de sua atenção, que era capaz tanto quanto seu irmão mais novo. O favoritismo do rei não era um segredo a muito tempo, Bender sempre fora presente na vida de Adrik, porém sempre deixou a desejar com Alissia, propositalmente ou não, ela não sabia dizer, mas não achava justo, já que se esforçava tanto, ao menos mais do que Adrik.
Como em sua rotina habitual Alissia se banhou, pôs em sua bolsa alguns livros, recipientes de vidro, tinta, pena e um pergaminho. Vestiu as justas calças de couro preta com listras em um discreto Azul escuro, a camiseta preta de mangas compridas complementadas de uma grossa armadura, também preta, para proteger seu tronco, e sua capa branca com detalhes em azul e presilhas em ouro para destacar sua nobreza e importância na corte.
Ela se dirigiu até o salão de treinamento e ali ficou até que Gali a deixasse respirar antes de quase vomitar as tripas escalando um paredão que simulava uma montanha com grandes picos.
Ao caminhar pelos corredores do castelo afim de decidir o quê fazer a seguir, a princesa se pegou pensando mais uma vez, por qual motivo seu pai ainda não havia iniciado seu treinamento como princesa herdeira, muito menos indicado alguém a ser pretendente da futura rainha de Níer.

um pouco confusa ela observava a entrada do palácio, o início da Floresta que ficava dentro do Jardim real e logo os portões principais que dividiam o Jardim da verdadeira Floresta Dália. Então decidiu ir ao jardim, e sentindo a brisa leve das árvores ela se sente criança novamente, sem responsabilidades, sem dores, sem um futuro a zelar, era como se estivesse novamente no colo de sua mãe, adormecida e com a certeza de que para sempre a teria junto de si. Ela se sentou sob o tronco de uma árvore e se recostou, pegou um pedaço de pergaminho e a pena de dentro de sua bolsa e começou a escrever o nome de espécies de plantas potencialmente venenosas e outras comestíveis, então levantou-se e foi a procura dos exemplares, cada achado era colocado dentro do recipiente com seu nome indicando os riscos, consequências e grau de fatalidade, assim como nível de proteína e fibra.

Alissia estava agachada sobre um arbusto de aparência estranha, enfiando as mãos calejadas entre os musgos para alcançar um cogumelo, quando sentiu a sensação de estar sendo observada. A princesa guerreira entrou rapidamente em alerta, seu corpo todo rígido e preparado para um ataque a qualquer momento, sua posição não era favorável, mas fora treinada a vida toda para isto, ela sabia exatamente como agir, então com naturalidade retirou o cogumelo de sua base e o guardou, levantou-se e fingiu mexer em sua bolsa enquanto ouvia atenta até mesmo os mínimos ruídos da floresta, Um vulto passou rápido pelo canto de seus olhos, e a princesa separava seus pés e firmava sua coluna para receber o impacto que viria sobre suas costas, planejando golpes e uma rota de fuga em sua cabeça. uma mão tocou seu ombro e a princesa já havia virado ao perceber sua sombra, em um movimento rápido ela o deixou de joelhos e com sua própria perna o impossibilitou de se erguer, uma de suas mãos na adaga em sua cintura e a outra imobilizando a mão que a havia tocado. Com um sorriso no rosto, um homem alto, muito bonito e bronzeado para o gosto de Alissia a olhou de cima a baixo, ele tinha cabelos loiros e olhos claros como a água cristalina de uma nascente, ele era incrivelmente encantador, logo Alissia percebeu que já o encarava tempo demais quando o homem se apresentou sem nem se movimentar ou tentar se desprender dela.

─ Você deve ser a Princesa Alissia, estou certo? Espero estar pois seria vergonhoso demais se não o fosse. Eu não quis assusta-la, Julie me disse que poderia estar por aqui, confesso que fiquei intrigado...o quê uma princesa faria no meio de uma floresta!? ─ disse o homem, ainda de joelhos encarando a princesa diretamente.

─ Quem é você e o que quer comigo? ─ retrucou ela logo depois de tirar sua adaga da bainha e posiciona-la em frente ao rosto do homem misterioso.

─ Perdoe minha indiscrição, eu sou o Princípe Liam, venho de Rochüs a pedido do Rei, e vim ao seu encontro totalmente rendido e em paz. acredite Princesa, não desejo uma luta, quero apenas conversar com a senhorita, se eu conseguir sair vivo desta floresta, é claro. ─ ele ri e seus dentes alinhados acentuam ainda mais o seu sorriso perfeito, fazendo Alissia suspirar.

Ela o solta mas ainda se mantém alerta, Gali a ensinou a não confiar em ninguém, e suas experiências ao longo da vida a ensinaram sobre isso também.

─ Eu fui treinada para proteger a mim e ao meu povo Príncipe Liam, é natural reagir assim, ainda mais quando não anuncia sua chegada repentina, e sim, sou Alissia Drikov. Creio não estar muito disposta a conversas hoje, talvez em outro momento. ─ Disse ela certa de seus afazeres e melancolia aparente.

─ Pretendo ficar mais alguns dias, certamente terei outros momentos para me redimir, é um prazer conhece-la e mais uma vez, perdoe-me. ─ Com um aceno de cabeça Alissia o dispensou e ele seguiu o caminho de volta ao palácio.
A Princesa teria uma conversa com Julie quando retornasse ao castelo, quando foi que ela permitira repassar sua localização a estranhos? Um ultraje sem medidas.

O dia estava ensolarado e a princesa foi a cidade e visitou muitas casas e questionou muitos súditos sobre como era viver em Níer, após horas de caminhada o cocheiro a levou para o castelo junto aos guardas, e agora ela estava adormecida em sua ca...

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O dia estava ensolarado e a princesa foi a cidade e visitou muitas casas e questionou muitos súditos sobre como era viver em Níer, após horas de caminhada o cocheiro a levou para o castelo junto aos guardas, e agora ela estava adormecida em sua cama, quando o ruído da porta sendo aberta a acordou.
Era Julie verificando se a princesa precisava de algo, ao avistar o rosto rechonchudo da criada Alissia a mandou entrar, e logo depois de a criticar por repassar a localização da Princesa assim tão facilmente ela a questionou sobre os motivos pelo qual seu pai tinha convidado o príncipe de Rochüs a ficar no castelo e que "coisas" ele teria a conversar com o príncipe.

─ Eu não sei, mas temo que finalmente ele tenha decidido que está mais do que na hora de abrir sua lista de pretendentes.

 ─ Talvez sim, porém não acho que esteja tudo bem, sinto que algo está errado. 

Um abismo entre nós (UAEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora