Desde a minha cirurgia mostrei interesse em conhecer a família do meu doador, queria saber como eles eram, queria conhecer seu filho, pois soube que ele sofreu o acidente enquanto saia para comprar coisas na farmácia para o bebê.
Depois de alguns contatos, eu consegui O telefone do irmão do meu doador e falei que gostaria de conhecer sua família e agradecer pelo gesto tão caridoso que devolveu a minha vida. Marcamos de nos encontrar, ele não morava em São Paulo, mas estaria na cidade para ver a cunhada e aproveitamos esta data para o encontro. Quando estava estacionando o carro não pude deixar de notar uma moça sentada em um banco de cimento logo na entrada do parque onde tínhamos marcado de nos encontrar, ela chorava e falava totalmente alterada no celular... — Mamãe me perdoe! Eu sei que magoei muito você e o papai, mas estou precisando de ajuda, eu quero voltar para casa, por favor! Vocês precisam me perdoar. — ela ouvia o que era falado do outro lado da linha e seu choro voltava copiosamente.
Ela era tão jovem, não devia ter mais de 20 anos de idade, era ruiva com os cabelos longos, sua pele era branca e ela estava toda vermelha de tanto que chorava. No momento que ela desligou o telefone, ela abaixou o rosto e o segurou entre as mãos. Eu fiquei próximo a ela e comecei a repara em seus gestos enquanto ela discava para outro número, ela estava tão absorta em suas lagrimas que não reparou que eu estava ao seu lado.
— Papai, sou eu a Line — ela parou para ouvir o que ele falava do outro lado e logo voltou a chorar e dizia entre lagrimas — Por favor, papai me perdoe eu não tenho para onde ir eu preciso muito da ajuda de vocês eu sei que errei, mas eu estou desesperada, tenho que entregar o apartamento que estou e, eu só tenho você e a mamãe. — ela ouviu mais um pouco o que era falado e depois voltou a pedir, por favor, ao pai que pelo visto não perdoou o que seja que sua filha tenha feito. Sinto meu celular vibrar em meu bolso e me viro para atender e é o irmão do meu doador dizendo que já estava no local, eu respondi dizendo que já estava chegando e me virei desligando o celular. Quando olhei a linda ruiva não estava mais lá. Senti um aperto no peito e ainda corri meus olhos para ver se a encontrava, mas não a achei. Senti muita vontade de olhar para aquela menina mais uma vez.
Cheguei até o local no parque onde tinha marcado e encontrei irmão do meu doador, ele se chamava Luiz e não consegui ficar sem me emocionar e ele também. Ele pediu para me abraçar e falou que seu irmão era um cara do bem, trabalhador, mesmo tendo apenas 24 anos já tinha começado sua família, era designer gráfico em uma empresa e que seu filho só tinha três meses de vida e se chamava Luca. Disse que sua mãe tinha criado os dois sozinha e que há três anos ela morreu decorrente a uma complicação em uma cirurgia na retirada de um tumor cerebral, e que depois da morte da mãe o irmão decidiu deixar ribeirão Preto e ir trabalhar e estudar em São Paulo. Perguntei sobre o filho e a esposa, e ele parou e olhou para algo atrás de mim eu me virei e vi a ruiva que a pouco assisti se debulhar em lagrimas. Eu vi raiva em seus olhos e ao mesmo tempo uma mistura de sentimentos que não consegui identificar.
— Aline, este é o Marcelo foi ele que... — ela cortou o cunhado falando rispidamente.
— Eu sei muito bem quem ele é você não precisa me lembrar. — mesmo diante da sua raiva eu estendi minha mão em direção a ela e a cumprimentei.
— Muito prazer em conhecer você Aline. Eu gostaria de agradecer ao gesto tão generoso que vocês tiveram.
— Não me agradeça, eu não tenho nada a ver com isso, não fui eu quem autorizou a doação. — falou rispidamente e durante os poucos momentos que ficamos perto ela não sustentava seus olhos em mim.
- Marcelo eu gostaria de deixar meu telefone com você e se possível gostaria de ter seu número, pois não queria perder o contato com você. — falou o Luiz emocionado.
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Ama-me
RomanceCAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO LIVRO COMPLETO NA AMAZON Aline: Tudo o que eu queria era recomeçar, recolher os cacos que sobraram da minha vida, mas meu corpo não permitia e minha mente não ajudava, a escuridão era gigantesca e eu arranhava os muros do...