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Quinto e último estágio do luto: aceitação.

Um ano após a morte de Marília nery, Everton Ribeiro se encontrou conformado e aceitou o fim ─ aceitou porque era a única coisa que lhe restava.─.

Os sentimentos e angústias já foram externalizados, resultando em uma sensação de paz interior. 

Meses após o estágio da depressão, Everton reagiu e deu sua cara a tapa. Ele olhou para seu filho e viu que não poderia desistir dele, porque tinha um ser humano que dependia dele ─ mesmo o pequeno Augusto tendo seus avós ─.

Foi uma frase de Augusto nery Ribeiro que fez Everton reagir e voltar a viver.

" - Reage papai, não posso te perder como perdi a mamãe- augusto disse com seus olhinhos vermelhos de lágrimas. "

Everton sabia que se afundar na depressão não iria ajudar ele a superar a perda de sua esposa. Ele sabia que chorar e se lamentar, não traria Marília nery de volta.

E ali, exatamente um ano depois da morte da loira, Everton Ribeiro se encontrava no cemitério. Era doloroso ir naquele lugar e se lembrar que a sua esposa estava enterrada a sete palmos de profundidade.

Tudo aquilo era estranho. Esta ali era doloroso.

- Oi - A voz de Everton Ribeiro saiu em um sussurro.

Sem voz e sem saber o quê falar. Era assim que o camisa sete se encontrava naquele momento.

Logo Everton que sempre foi bom com as palavras, naquele momento ele se encontrava sem nenhuma. Parecia que ele tinha perdido a fala depois de um trauma. A real era que aconteceu quase isso, durante esse longo e doloroso ano, Everton Ribeiro poderia numerar quantas vezes ele falou.

- Lembra quando você me prometeu que ficaria comigo para sempre? - Everton começou e se sentou no gramado em frente a lápide. - Você me disse que ficaria comigo até ficamos velhinhos. - continuou.

Superar não quer dizer esquecer. Everton nunca que esqueceria Marília nery. Ela foi a única e verdadeira mulher que roubou o coração dele.

E foi ela que lhe deu um filho. O fruto do amor deles.

" - Vai ficar comigo pra sempre? - Everton perguntou a olhando.

- Por todo sempre- ela respondeu sorrindo. - Vamos ficar juntos até ficamos bem velhinhos e os cabelos tiverem caindo. - disse e olhou para a cabeça do seu marido. - bom, seus cabelos já estão caindo mesmo. - brincou.

- Fale comigo hoje mais não. - Everton falou e se levantou da cama, causando a gargalhada de sua esposa. "

- Você me prometeu ficar, então cadê você agora? - Everton perguntou e sentiu uma lágrima molhando seu rosto.

Promessas e mais promessas. As pessoas prometem o quê não podem cumprir ─ não por não cumprir em si.─. As promessas são como dívidas, um dia feitas, jamais desfeitas.

Só que nem sempre sai como queremos. Não somos nós que comandamos nossas vidas. A única coisa que sabemos sobre ela é que um dia morreremos.

- Aprendi a superar a sua morte. - Everton falou. - Você se foi e um vazio se fez em meu coração.

Aceitar a perda não significa seguir a vida como se a pessoa amada nunca tivesse existido. Não é esquecer os momentos bons partilhados com ela, nem enterrar lembranças calorosas em um canto da mente.

- Eu sinto tanta a sua falta, minha estrelinha. - Ele falou em soluços.

A saudade ainda vai mexer com as emoções e a pessoa amada ainda vai visitar os pensamentos, mesmo anos após a sua partida. 

- Eu compreendi que é preciso continuar a viver mesmo sem a sua presença e compreendi a finitude da vida. - Everton disse olhando pra lápide.

Continue a nadar. Era isso que everton falava pra si mesmo todas as manhãs ao abrir seus olhos.

- Eu prometo que cuidarei do Augusto e por ele darei a minha vida. - Disse o jogador. - E falando nele, ele esta a coisa mais linda. Sua boca cheia de dentes. - Completou. - Me lembro quando você chorou porque os dentes dele estavam saindo.

" - amor, meu Deus- Marília falou entre aslágrimas. - Olha esses dentinhos, Augusto ta sofrendo com eles. - Completou desesperada."

- você ficou desesperada naquele tempo - Disse e riu sozinho ao lembrar daquele dia. - E nisso, Augusto só tinha quatro dentes. - ele falou. - Hoje em dia ele está com quase todos os dentes, você amaria ver.

O quê mais doía no Everton, era saber que seu filho iria crescer sem sua mãe. Isso partia o coração de qualquer um.

- Eu prometo que ficarei bem e seguirei em frente, meu amor. - Everton disse. - Prometo por você.

Everton beijou a linda flor branca que estava em sua mão e em seguida jogou sobre a lápide. O jogador olhou pela última vez e se levantou.

- Eu te amo por toda eternidade, minha estrelinha. - Everton disse e sorriu.

E assim, ele se afastou da lápide caminhando para fora do cemitério. Ali, o coração do Everton estava em paz ─ mesmo existindo a dor.─.

- Vamos seguir em planos diferentes, e eu estarei guiando cada passo seu.

Por isso, abrace, beije, diga “eu te amo”, se apaixone, perca a vergonha e viva de acordo com seus anseios e valores para não se arrepender depois.

Marília Nery faleceu, mais, não se arrependeria de nada que viveu e conquistou durante todos esses anos de vida.

A vida era isso, começo, meio e fim.

Então, viva sem se preocupar com o dia de amanhã. Viva o hoje.

☆☆☆

Fim!

Minha estrelinha • Everton Ribeiro Onde histórias criam vida. Descubra agora