Capitulo 4 Drogas? Que drogas? EU FIZ PROERD!

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Capitulo 4

Drogas? Que drogas?

EU FIZ PROERD!

Os dois corriam pelas ruas escuras da cidade. Já estava bem tarde, provavelmente passando das dez da noite. Haviam entrado em Ribeirão da Graça no final da tarde, mas o caminho de volta para casa se provara muito mais longo após o choque de realidade.

Se fosse por Julian sairiam disparados e talvez já estivessem em casa. Mas David ficou com medo de que fossem seguidos. Então achou mais prudente ir devagar e se escondendo pelos becos da cidade para passar desapercebido. A situação era assustadora. Não somente a batalha e a possibilidade de estarem sendo seguidos. O que mais assustava mesmo era que David estava sendo prudente.

A cada rua movimentada, carro que passada ou mesmo barulhos indefinidos os dois se jogavam em algum canto protegido e passavam alguns minutos esperando. Geralmente era só algum cachorro ou motoqueiro imprudente. Uma vez, teve até um cachorro correndo atrás de um motoqueiro imprudente. Mas todo cuidado era pouco. Nada ajudava o fato de que as ruas pareciam muito maiores do que de costume.

Era difícil de se explicar. Mas, basicamente tudo naquelas ruas havia mudado. Os garotos passaram por aqueles bairros mais de um milhão de vezes enquanto cresciam. Mas nunca notaram como as ruas eram largas, ou como os predios já se pareciam arranha-céus àquela altura. Eles também estavam mais rápidos. De forma que mesmo andando pouco, parecia que a cada passo dado três vezes maior que a de costume. Como se deslisassem suavemente no asfalto e calçada.

Às vezes, a visão dos dois ficava turva e quando voltava ao foco parecia estar em outra cidade. Os prédios voltavam ao tamanho que eles se lembravam. A ruas tinham a mesma distância de sempre. E o céu deixava de se iluminar como era antes. Mas isso era muito incomodo aos olhos deles. Suas pupilas tentavam se dilatar para verem o mundo confuso que se apresentado a eles aquela noite. E, por todo período que sua visão "normalizava", pareciam ficar mais fracos e mais cansados do que quando sediam a visão distorcida.

A dor de cabeça pela indecisão que sua perspectiva se encontrava estava cada vez mais irritante. No caso de David era ainda pior. Pois sempre que sua visão mudava, parecia ver vultos estranhos passando pelo canto do olho. Ouvia barulhos altos, aos quais tinha certeza que estavam a no mínimo cinco ruas de distância. Mas essa audição apurada fazia parecer com que tudo estivesse acontecendo à sua volta. Sentia também o cheiro das coisas de forma mais precisa. Os sacos de lixo na rua fediam horrores, mais do que o de costume. Ele agora conseguia diferenciar todos os tipos do resto de comida. Felizmente, a colônia de Julian ajudava a disfarçar o cheiro. Mesmo que agora David tivesse a certeza de que o amigo virara metade do vidro em sua roupa.

Quando os dois chegaram em uma praça, a duas quadras da rua onde moravam, e sentaram se um banco para descansar. Era nítido que os dois não conseguiam dar nem mais um passo naquela condição.

O lugar onde sentaram era do lado de uma fonte quebrada. Ela era circundada por quatro bancos de praça. Esta mesma praça se dividia em quadro caminhos de ladrilhados, que por sua vez davam em quatro ruas diferentes. Em um mundo perfeito, seria possível ver daquela fonte todos os caminhos possíveis das quatro ruas. Mas aquele não era um mundo perfeito. Em São João Del 'Valle haviam mais postes queimados do que acessos nas ruas. Todos vítimas de arruaceiros, vândalos e má gestão pública. Na pratica, havia apenas dois ou três poste iluminando o local. Fora, claro, os prédios a volta e suas luzes internas.

Eles estavam olhando diretamente para o céu, que estava completamente obscuro, quando Julian disse:

– Você também tá sentindo né?

David Castilho e O Cão da Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora