POV Heloísa

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Depois de um dia inteiro entre costuras e bordados, finalmente eu estava descansando, era assim que me desligava do mundo, eu esquecia das amarguras, da saudade, do medo. Havia cinco minutos que eu estava jogada na cama de olhos fechados, exausta, quando alguém bateu à porta.

Toc! Toc!

— Oi entra! - Avisei.

— Oi minha Rosa.

Sem me mover, olhei para o lado e era ele, leônidas estava diante da porta com uma bandeja de lanches. Continuei em silêncio, acompanhando ele entrando, eu era fascinada por aquele sorriso, nunca vi mais bonito em toda minha vida.

— Pensei que pudesse estar com fome. - Ele disse, colocando a bandeja sob a cama.

— Está me viajando? Como sabia que eu tinha parado? - Perguntei mesmo sabendo que na casa toda podia se ouvir o barulho da máquina de costura, e fui abrindo um sorriso involuntário a medida que ele se enrolava para me explicar.

— Bom eu... A Manuela me pediu pra trazer. - Enfim disse e por certo mentiu.

— Hum, tá certo. - Eu me ajeitei na cama reparando na bandeja.

— Então eu já vou indo. - Ele foi saindo devagar de costas para a porta e ainda de frente para mim.

Eu o acompanhava, rindo.

— Ei vem cá não precisa ir agora, fica um pouco mais, vem lanchar comigo. - Falei sorrindo e ao ouvir ele se iluminou todo.

— Eu já comi lá em baixo, mas eu posso ficar ti fazendo companhia se quiser. - Ele se aproxima e senta a beira da cama.

Agora temos disso, estamos cada vez mais próximos e já existia uma intimidade entre nós.

Ele contava empolgado sobre seu dia e eu o observava.

(...)

Terminei o lanche e ele mudou a expressão ficando triste pois já teria que ir embora levando a bandeja.

— Obrigada pelo lanche, estava muito bom. - Sorri pra ele.

— Não tem de que. - Ele levanta e já vai saindo quando volta de repente me entregando uma Rosa.

— Ah já ia esquecendo... Pra você. Colhi ainda pouco no jardim. - Estendendo a flor para que eu pegasse.

Já sentada na cama, eu pego a rosa e levo ao nariz, estava muito perfumada.

Então ele me olha profundamente parecendo que enxergava minha alma, e fala.

— Para lembrar a você que a vida tal como uma rosa, sempre terá uma beleza única por mais espinhos que ela carregue.

— Nossa, obrigada por isso. - Suspiro já com lágrimas nos olhos, ele me entendia como ninguém.

Está ficando cada vez mais difícil não sentir. Eu sou uma mulher, pombas! E como toda mulher sentia desejos e vontades, mesmo que reprimidas era difícil manter meu corpo quieto, não podia controlá-lo.

Leônidas era o motivo, sempre foi.

Era difícil manter a aparência, as vezes eu só queria beijar aquela boca, corresponder à aquelas cantadas baratas dele, abraça-lo por um instante ou mesmo desabafar, mas eu não posso, temo que poderia dar falsas esperanças a ele.

Eu sou uma mulher quebrada e nunca poderia dar felicidade a alguém pois não se pode dar aquilo que não se tem.

Acho lindo o jeito que ele me olha com aqueles fascinantes olhos verdes, o jeito que aquele homem me venera quando passo diante dele. É tudo muito mágico.

Acho que estou me apaixonando, isso se já não estivesse a dez anos.

Eu não posso negar que ele mexe muito comigo, o peão é um homem lindo, íntegro, galanteador, forte, determinado e muito fiel aos seus princípios. Durante todos esses anos eu nunca o vi com outras mulheres, ele era determinado a me conquistar, não havia um dia se quer que ele não tentasse. Meu coração não consegue ficar quieto diante de tamanho propósito, se ele soubesse que eu amo quando ele vem com aquele sorriso, que eu adoro quando ele me chama de minha Rosa e que todos os dias espero ansiosa pelos seus galanteios...

É difícil se manter normal diante daquele homem que pra acabar de lascar ainda mora na mesma casa que eu.

Leônidas me chamou atenção desde a primeira vez que eu o vi correndo naquele cavalo para salvar o doido do Matias. No começo eu realmente relutei em confiar, mas com o tempo ele me mostrou que eu podia, numa casa só de mulheres, ele nunca lhes faltou com respeito e estava sempre pronto para ajudar no que fosse, ele era um perfeito cavalheiro.

Dizem que amizade, paixão e amor são sentimentos distintos, que cada um deles tem seus atributos, um pode ser mais forte que o outro, mas que sempre teremos que passar por todas as fases até chegar no afeto principal.

Eu não sei qual desses sentimentos eu sinto pelo meu peão, já que nunca tive experiencia com nenhuma delas, mas de uma coisa eu sei, eu sinto que seria difícil viver sem ele, não consigo e nem quero mais viver longe dele, ainda bem que vivemos na mesma casa, eu gosto da companhia e fico perdida em seus olhos. Eu realmente não sei chamar isso, temo que já não seja mais uma paixão e que talvez o sentimento que me rodeia seja mesmo o tal do amor.

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N/A - 22/05/22

Olá queridos leitores, eu falei que ia escrever acompanhando os acontecimentos da novela mas essa semana foi ruim pra o nosso casal Helônidas, não aconteceu nada e eu precisava escrever alguma coisa, então resolvi criar uma situação e escrever os dois POV.

Espero que tenham gostado, beijos! 😘

Minha RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora