42-Medo

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Alícia Narrando:

Me esforçando para manter os olhos abertos eu via alguns feixes de luz em movimento. Meu corpo estava todo dolorido, mas o pior era a dor que eu sentia quase que insuportável em meu ombro, eu nem conseguia me mexer.

-Os dois estão perdendo muito sangue, sala de cirurgia agora!- uma voz desconhecida ecoou pelos meus ouvidos.

Sangue? Cirurgia? O que está acontecendo?

Eu tentava me mover e dizer alguma coisa mas eu sentia tanta dor que todos os meus sentidos e coordenação motora estavam paralisados. Lutei muito para me manter acordada mas eu apaguei.

《 》

8 horas depois.

-Eu não vou aguentar Josh, não vou aguentar perder minha filha! Ela precisava ficar bem...- ouvi a voz angustiada de minha mãe

-Nossa filha é forte Any! Ela vai ficar bem, tenha fé.-Meu pai respondeu.

O que está acontecendo? Por que eles estão tão preocupados?

Meu corpo repousava sobre uma superfície macia, eu sentia como se estivesse flutuando, a dor em meu ombro havia aliviado 75% e até para respirar estava mais fácil.

Abri meus olhos e vi o teto branco e uma luminária redonda, a luz incomodou meus olhos mas eu pisquei algumas vezes até me acostumar com a claridade. Minha garganta estava muito seca mas eu me esforcei para falar.

-Mãe? Pai?- os chamei e rapidamente eles apareceram em meu campo de visão.

-Graças a Deus você acordou filha!-Minha mãe se curvou sobre mim e abraçou meu corpo com muito cuidado.

-O que aconteceu? Por que estamos no hospital?- perguntei confusa.

Eu sentia como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo terrível, eu estava na rua junto com Henry e éramos assaltados, os bandidos batiam muito em Henry e tentavam me sequestrar.

-Filha você não se lembra de nada?- Meu pai perguntou acariciando meu rosto cuidadosamente.

-Eu tive um pesadelo muito muito ruim...-respondi e o olhar do meu pai me deixou preocupada.

-Não foi um pesadelo filha, você e Henry foram assaltados e os bandidos dispararam tiros contra vocês.- quando meu pai disse tais palavras minhas memórias me atingiram de um só vez.

Senti meu coração afundar dentro do peito e um medo terrível me consumir por inteiro.

-E o Henry? Cadê ele? Por favor me diz que ele tá bem?- perguntei em desespero tentando me levantar da cama, as lágrimas já caiam molhando todo meu rosto.

Meus pais me seguraram tentando impedir que eu me levantasse.

-Filha você precisa se acalmar para te contarmos o que está acontecendo.- disse minha mãe passando as mãos em meus cabelos.

Me entreguei a crise de choro, eu sentia um aperto no coração tão grande que eu nem conseguia falar direito apenas chorar. Eu não posso perder ele, Henry precisa ficar bem.

-M-me contem co-como ele tá?- pedi tentando conter os soluços que escapavam de meus lábios.

-Infelizmente Henry levou um tiro que atravessou suas costas e se alojou no abdômen.- contou minha mãe. Levei a mão até meu rosto tentando esconder o tanto que eu chorava.

Por que tudo isso está acontecendo? Ele não merece isso....

-A situação trouxe muito estresse para ele e seu coração entrou em colapso.- meu pai continuou.

-C-como assim entrou em colapso?- perguntei assustada.

-Filha...-Minha mãe se sentou na beirada da cama e me abraçou.- Henry passou por um cirurgia para retirar a bala e ele teve duas paradas cardíacas.- Nesse momento me esqueci como se respirava- O coração dele está muito fraco meu amor, em breve ele passará por outra cirurgia para tentar salvá-lo, mas caso isso não seja possível ele terá que entrar na fila de transplante.

-Nãao...-Foi a única palavra que saiu de minha boca.

Comecei a chorar descontroladamente sentindo uma dor insuportável que parecia ir até o profundo da minha alma.

-Eu sinto muito meu amor...-Minha mãe falou enquanto me acolhia em seus braços.

-Eu não posso perder ele mãe! Eu tenho tanto medo- declarei com a voz trêmula.

-Eu sei meu amor, eu sei mas vai ficar tudo bem...-Ela disse porém eu senti a incerteza em suas palavras.

-E-eu preciso ver ele! Por favor....

-Não vai ser possível filha, ele está em um quarto especial se recuperando da cirurgia, visitas ainda não são permitidas.- ouvir meu pai dizer aquilo só fez meu sofrimento aumentar.

Eu não quero aceitar isso, nossa história não pode terminar assim!

Laços de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora