Em uma tarde qualquer você me perguntou o que eu estava pensando, o que estava se passando dentro de mim. Respondi que nada, não havia nada demais e você não acreditou. Sempre me chamou de distante, e que não sabia o que estava se passando em meu coração, disse que sempre se abria comigo, mas não sabia exatamente o que estava rolando na minha cabeça.
A verdade é que eu sabia que uma hora ou outra, você veria que eu não passava de uma fachada. Quem via a maré calma, nem poderia imaginar a tempestade que estaria por vir. Eu fugi antes que você a visse, para não te naufragar em um oceano distante.
Quando voltei, você não quis me explorar, ficou as margens e ali se sentiu confortável, não havia riscos. Mas as tempestades estavam próximas novamente, e dessa vez você sentiu, quis permanecer.
Aos poucos a maré calma foi se distanciando, você estava explorando as profundezas de algo muito maior que eu mesmo e parecia confiante.
Até que virou a proa.
Deu meia volta.
Não estava disposta a enfrentar tudo aquilo, não naquele momento. E foi embora, alegando que iria permanecer as margens sempre que precisasse.
Porém a verdade, é que aquelas águas eram inexploradas e estavam ali para te receber. Mostrar meus demônios e medos derrubou as muralhas que havia criado entre a boa e calma maré e as aguas profundas e tempestuosas do meu coração.
Agora sem aquela muralha, as aguas se misturavam de forma furiosa e caótica, o equilíbrio que existia se desfez em mim.
Eu que estava naufragando.
Em mim.
E completamente só.
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Não Leia-Me by Damien
PoesiaTextos e Poesias guardados dentro de mim, que não deveriam ser lidos por ninguém. Ou seja, totalmente descartáveis.