TRÊS

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Levi estava no canto do quarto de Carla enquanto observava claramente o seu humano, ou melhor, Eren, ignorá-lo completamente. Tinha ciência que ele conseguia vê-lo uma vez que quando firmava um pacto com uma alma ficaria visível para a mesma até o último dia de vida dela. Bem, com Eren não era diferente, mas estava literalmente puto com aquilo.

— Tsc. Você não conseguirá me ignorar para sempre no plano terrestre, humano de merda. — E dizendo isso Levi caminhou tranquilamente até a porta e quando parou no batente, seu olhar e o de Eren se encontraram e ele fez questão de projetar pensamentos impuros na mente dele apenas para vê-lo corar e desviar o olhar para a própria mãe em seguida.

Eren tinha que se acostumar com a ideia de que agora conseguia ver Levi, ou melhor, aquele demônio. Não era algo normal, ele acreditava, afinal, quem poderia ver demônios com aquela facilidade?

Não era todos em específico, era aquele demônio tremendamente gostoso.

Não houve uma vez sequer que olhou para ele diretamente que não se imaginou fazendo barbaridades em cima de uma cama, mesa, sofá e pasme, até mesmo em público. Nunca que iria fazer coisas como aquele e muitas vezes se perguntou se alguns pensamentos que invadiam sua mente eram realmente possíveis de serem feitos na vida real.

Estava ficando cansado, exausto na verdade, pois não conseguia dormir direito e cochilava apenas para não se encontrar com Levi em sonho, mas agora ele estava aparecendo pessoalmente sempre que tinha a oportunidade e nas primeiras vezes havia realmente se assustado com aquilo e foi um pouco complicado se assustar, mas depois de um tempo achou melhor ignorá-lo.

Sua mãe havia sido realmente curada e não souberam explicar como aquilo havia acontecido, uma vez que aquilo aconteceu simplesmente de um dia para o outro em pouquíssimas horas. Não demorou muito e o peso na consciência começou a se fazer mais presente ainda em Eren, que mesmo que estivesse grato por ter sua mãe ali ao seu lado, viva e bem, estava começando a ficar desesperado e com medo do que poderia acontecer consigo. Tudo bem, Levi era um tremendo gostoso, mas e se outros demônios não fossem tão atraentes como aquele e começassem a perturbar a sua vida e até mesmo...

— Eren, meu amor? — Carla chamou levando a mão até o rosto do filho em um carinho. — Está tudo bem? Você está pálido demais, quer que eu chame a enfermeira para medir a sua pressão? Você tem comido direito?

Eren apenas suspirou fundo enquanto pegava na mão da própria mãe e sorriu assentindo com a cabeça, tentando passar confiança para ela e somente naquele momento percebeu sutis mudanças em sua aparência: as bochechas estavam um pouco mais cheias e a cor naturalmente rosada voltava aos poucos; a pele não estava mais tão pálida e seca como estava antes; os olhos não estavam mais caídos, estavam em duas órbitas perfeitas na cor mel; os cabelos castanhos, mesmo que curtinhos, estavam mais brilhosos. Ela estava melhorando aos poucos de tudo aquilo que veio sofrendo em anos, estava recuperando tudo o que o câncer havia tirado dela.

Naquele momento sentiu um alívio tão grande que mesmo que o medo ainda estivesse ali, estava feliz por sua mãe ter sido curada – mesmo nas circunstâncias que sabia o que tinha ocasionado aquilo –, ela estava bem e viva e agora poderia viver uma vida boa e estável, longe de doenças.

Foi o que o demônio prometeu, não foi?

Balançou a cabeça levemente para afastar aqueles pensamentos, o que estava pensando? Estava realmente acreditando na palavra de um demônio? Que merda era aquilo? Levou a ponta dos dedos até os olhos, massageando-os, se sentindo exausto.

— Meu filho, você está realmente bem? — Carla perguntou preocupada.

— Estou sim, mãe. Só não consegui dormir bem hoje, mas nada que uma boa noite de sono não resolva. — Ele sorriu mais uma vez.

PACTO (ERERI - RIREN)Onde histórias criam vida. Descubra agora