2° Luan

50 0 0
                                    

Luan, 18 anos Vulgo LN

01/05
às 23:30

(Ligação)

Luan, vem agora pra casa.- minha irmã fala com voz de choro.

Qual foi Sophia, tô ocupado mano.- já falo puto, mina empatou minha foda.

Luan, o Miguel tá preso porra, vem logo.- pulo da cama e desligo o cel.

( Ligação)

Vai me dizer que tem problemas na empresa agora.- a patricinha me encara.

Qual é mano, vou falar pra mina que sou traficante? Senta e espera, essa mina aqui no restaurante que levei ela pra jantar hoje, é um mês do seu salário só o prato principal.

Pois é gatinha, amanhã eu volto.- ela me olha com cara de manhosa, fala pra tu, puta tesão cara.

Vinícius você nem tá com roupa de empresa.- ela ri.

Eu sei amor, vou passar em casa pra trocar.- coloco o tênis, pego a chave do carro.

E quando vou conhecer seus pais.- parei na porta do banheiro e olhei pra ela.

Quando eles voltarem para o brasil.- a única desculpa que apareceu na minha cabeça.

Mas eles não estavam na empresa?- ela me encara desconfiada.

Era minha irmã.- dessa vez falei a verdade.

Amor faz seis meses que estamos juntos, não conheço sua casa, nem seus pais, família ou qualquer um dos seus amigos.- ela me abraça por trás.

Em breve tu vai conhecer todo mundo, prometo.- termino de escovar os dentes e coloco ela em cima da pia.

Promete que nunca vai se cansar de nós?- eu ri.

Prometo.- dei mais um beijo nela e sai de la.

É minha vida aqui no asfalto é uma mentira, aqui sou o Vinícius, 20 anos e trabalho em uma empresa que meu pai tem, faço faculdade de medicina e sou um puta mauricinho de Porsche Cayenne.

Mas minha realidade é totalmente diferente, na verdade sou o Luan, tenho 18 anos e sou traficante, tenho sim uma empresa, quem disse que tráfico não é uma? Temos dono, gerente, fornecedor, os pião e vários outros cargos.

Paro na barreira, JJ tá na entrada da favela, me encara e faz um gesto pra limpar o rosto, provavelmente tem batom da Sara.

Se prepara irmão, a chefe tá braba, passou de moto e convocou a facção.- engulo seco.

Vlw irmão.- subi voado pra casa, me desafie a fazer qualquer coisa, menos enfrentar minha mãe brava.

Chego em casa, Sophia tá no sofá, nariz vermelho, tem vasos quebrados pelo chão, meu pai aparece e me encara, antes de falar alguma coisa ele nega com a cabeça.

Como aconteceu?- sento do lado da Sophia, abraço ela.

Parece que pegaram ele na praia, mamãe disse pra ele não ir, mas ele só se acalma depois de uma invasão se estiver na praia.- ela chora.

Calma po, nós vamos tirar ele de lá, fica assim não pirralha.- faço carinho na cabeça dela.

*rádio*

AE LN na escuta mano?- PH chama.

Fala tu veinho.

Avisa a patroa que a facção tá subindo.

Já é veio, vlw.

*rádio*

Levanto do sofá, vou até o escritório e bato na porta, coloco a cabeça na fresta.

Mãe?- ela me encara.

Estava com a do asfalto de novo? - ela seca as lágrimas.

Sim senhora.- meu pai me encara puto.

Fala logo o que tu quer moleque.- a voz grossa do meu pai sai, único cara que eu abaixo a cabeça é ele man, tem como peita o negão não.

A facção tá subindo.- minha mãe toma um gole de whisky e sai.

Depois a gente vai trocar uma ideia.- meu pai fala e sai atrás.

Voltei pra sala, estava todo mundo, meu vô Lipe e o GM, tio GH e o Dudu, P7, G3, Dinho, Jason e resto da facção.

Todos discutindo como tirariam meu irmão da prisão, vários planos, meu pai chega com a planta de um dos possíveis presídios que ele iria, até que minha tia, advogada da facção chega.

E aí, quanto tempo?- meu pai pergunta nervoso.

15 anos.- minha mãe senta chorando.- mas se for o juiz que eu estou pensando consigo apenas dez, se tiver bom comportamento reduz pra sete ou seis.- ela se cala e tudo fica em silêncio.

O que te preocupa Paulla?- meu pai a encara.

Ele não quer sair.- minha mãe levanta e começa a andar de um lado para o outro.

Como assim, não quer sair? Ele não tem que querer, eu vou tirar ele de lá agora.- minha mãe pega um fuzil que estava encostado na parede.

Espera Lorena, pensa com calma.- meu vô Lipe para ela antes de chegar na porta.

Como calma pai, você sabe como é dentro da prisão pai, eles vão bater no meu filho.- minha mãe chorava, Sophia se encolhia cada vez mais nos meus braços.

Quando vão transferir ele?- meu pai olha pra minha tia trazendo um comprimido e um copo com água pra minha mãe.

Amanhã, por volta das 14 horas.- meu pai agacha na frente da minha mãe, eles conversam por um tempo, todos cochichando pela sala, obviamente falando como que meu irmão é otário de querer ficar na prisão.

HERDEIROS |PAUSADA|Onde histórias criam vida. Descubra agora