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A grama esmagada pelos passos pesados dos dois exalava um aroma espesso. O cheiro subindo como pequenos grãos, entrava fazendo cosquinhas pelo nariz e descia pesadamente até o pulmão.

Quando dei mais um passo, o que eu pensava ser o chão eram, na verdade, as raízes de uma árvore. As plantas que brotavam desordenadas ao redor bloquearam a minha visão e fiquei sem saber onde pisar. Quando levantei o pé, acabei me enroscando nas raízes e aos poucos perdi o equilíbrio. Sem o gentil apoio de Kim Doyoon, que me segurava suavemente a todo momento antes, eu com certeza vou acabar caindo e rolando no chão.

Suor frio se espalhou pelo meu corpo e não pude conter um suspiro que saiu como um gemido urgente. As árvores grossas com copas densas tampavam o sol da manhã e as trepadeiras úmidas abaixavam a temperatura dentro da floresta. Mas devido, principalmente, ao grande esforço para andar com a perna machucada, o ambiente fresco que qualquer um daria as boas vindas no verão não estava fazendo muito efeito em mim. Estou com tanto calor.

Na minha frente, Doyoon tem caminhado devagar com a jaqueta do terno dobrada no braço, mas só porque estava se sentindo desconfortável com ela, não pelo calor. Seu rosto continua limpo, sem nenhuma gota de suor, mas parece brilhar tanto quanto as folhas ao redor que refletem a luz.

Ele parou e se virou para me olhar. Sem dizer nenhuma palavra, sentou-se ao pé de uma árvore e fechou os olhos. Fiquei surpreso por um momento ao ver que ele não se importava que as plantas encostassem ou sujassem seu terno caro, mas logo me sentei cuidadosamente ao lado dele quando percebi que ele havia parado para eu descansar um pouco.

O vento correndo através da floresta sacudiu as folhas e roçou o topo de nossas cabeças. A brisa fresca aliviou um pouco minha mente. Somos como refugiados e esse lugar não é apenas um monte de escombros, é o centro de uma cidade arruinada.

"Onde acha que estamos?"

"Bem, sinceramente... Eu não sei."

Doyoon respondeu a minha pergunta depois de pensar muito, não apenas por educação. Ele é um homem muito diligente, tão sincero...

"Eu gostaria muito de saber nossa localização..."

Tirei meu celular do bolso e brinquei com a tela desligada. Seria tão bom se pudéssemos usar o GPS do telefone. Toquei a superfície irregular com a ponta dos dedos, a tela quebrada se parecia muito com uma teia de aranha. Segurei o celular entre as duas mãos e soltei um suspiro. Ah, eu ainda nem terminei de pagar as parcelas...

"Você gostaria de descansar?"

"Huh?"

"Você está com um rosto cansado... E não parece estar bem."

"Ah, deve ser por causa dos hematomas."

Me envergonhei um pouco quando lembrei da minha aparência atual no espelho. Na minha opinião, os hematomas enegrecidos eram tão bizarros que, honestamente, me senti nauseado. Se não fosse pela situação anormal atual, eu provavelmente não estaria aceitando tão facilmente o meu visual. Doyoon balançou a cabeça ao ouvir minhas palavras.

"Não, os seus olhos estão quase se fechando."

Esfreguei os olhos apressadamente. Achei que estava conseguindo agir naturalmente, mas parece que não me esforcei o bastante para mantê-los bem abertos. Engoli a vergonha que queria sair como uma fraca risada e comecei a dar algumas desculpas.

"...Haha, estou um pouco cansado... Mas não ao ponto de eu não poder continuar caminhando..."

Disse com um sorriso, mas meu foco começou a vagar e avaliar a condição atual do meu corpo. O desastre ocorreu pela primeira vez ontem por volta das quatro da tarde, então fui levado ao hospital e fiquei muito tempo sentado esperando antes de acontecer o segundo tremor. Só depois de resolver a situação do doutor e da criança que eu finalmente saí do hospital, já era de madrugada e enquanto caminhávamos foi amanhecendo sem eu nem perceber... Durante toda essa turbulência, em nenhum momento dei atenção à fome ou à fadiga.

A Estrela do Dragão [BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora