Parte 6

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- Essa é a última parte. - disse a voz e Iguro leu:

"Muichiro, embora ele próprio nunca tenha pensado muito nisso - bem, que ele pudesse se lembrar -, era como um fantasma. Um espectro. Um fio de névoa que se aglutinou na borda de uma folha caída na luz da manhã, arrancado da superfície fria que amava pelas garras quentes do destino, e vagando sem rumo para cima, imperturbável e descontrolado, em espiral, até que foi jogado em um multidão maior de névoa indiscernível que choraria sobre a terra quando o chão fosse puxado de seus pés.

O próprio Muichiro não pensava exatamente assim, mas talvez sim, e como as lágrimas em suas folhas favoritas, os pensamentos se afastaram. Ele se perguntou se ele se lembraria de querê-los de volta."

- Isso é muito triste. - disse Mitsuri. Obanai apenas colocou a mão em seu ombro, como sinal de apoio e continuou lendo:

"(Mas ele fez. Mais do que qualquer coisa. Como uma névoa, o desejo nunca foi embora. Ele nunca iria esquecer.)"

- Oh, Muichiro-kun...- disse Shinobu, ela se sentia mal por não poder ajudar o adolescente, ela era médica no fim das contas.

"Havia algumas outras coisas que ele não esquecia - nada parecido com o que ele não podia - mas mais como coisas às quais ele era exposto com tanta frequência que as internalizava. A família Ubuyashiki era boa no sentido de que o sol, a terra e as estrelas eram bons. Eles protegiam todos na terra e eram lindos e nunca recebiam nada em troca."

Mitsuri soltou uma risadinha, era uma visão muito bonita de mundo essa que eles tinham. Rengoku tinha os olhos brilhantes e Uzui disse:

- Extravagante.

"Havia outros oito hashiras, disso ele tinha certeza. Ele tinha sido lembrado várias vezes. Havia imagens vagas de cada um deles em sua mente, embora imagens fosse uma palavra muito forte. Ele sabia que havia uma senhora, a senhora alta que cheirava bem e parecia mochi. O zangado, que era um clarão branco, e o triste, que chorava o tempo todo. Havia a pequena senhora, o que era uma distinção muito importante, porque ela sempre cheirava a álcool e flores. O hashira barulhento era o reluzente, adornado com joias que Muichiro não lembrava que existiam, se é que algum dia soube. O de cor brilhante, que o fez sentir como se estivesse falando para uma parede de tijolos de entusiasmo. Os dois últimos hashira eram difíceis de distinguir: eles tinham haoris chamativos, cabelos escuros e não costumavam falar muito. A única diferença que ele encontrou foi que aquele que parecia estático ficou sozinho, e aquele que cheirava a veneno estava pendurado em volta da alta senhora hashira."

- É assim que Tokito nos vê? É até que fofo. - disse Mitsuri.

Enquanto isso, Obanai corava por Muichiro perceber que ele amava Mitsuri.

"Ele sabia onde morava e que seu corvo tinha muito orgulho dele e que ele era muito jovem. Ubuyashiki - a quem ele deveria chamar de Oyakata-sama, o que ele às vezes se esquecia de fazer - tinha dito isso a ele, então tinha que ser verdade. Muichiro acreditou nele de todo o coração e sem sombra de dúvida.

Estava chovendo, ele percebeu, enquanto a chuva encharcava seus cabelos e pesava sobre suas roupas. Gotejava em riachos da testa ao queixo, e tudo junto nublou sua visão. A chuva não era desagradável, nem bem-vinda, porque ele não tinha certeza se eles tinham acabado de passar por um período de seca ou se tinha sido uma onda de frio. O hashira chorão teria sabido: ele era sensível a esse tipo de coisa."

Gyomei riu um pouco disso.

"Muichiro caminhava com dificuldade, seu corpo mais do que sua mente o levando para casa. Ele havia retornado de uma missão que Oyakata Kagaya o havia enviado, que não era nada particularmente memorável. O demônio não era uma lua superior - isso, ele se lembrava. Estava quieto na luz do amanhecer, todos os corvos evitando o aguaceiro e as criaturas da floresta permanecendo altas e secas. Muichiro era a única coisa que quebrava galhos sob os pés e espirrava nas poças.

Todos os lados de Giyuu TomiokaOnde histórias criam vida. Descubra agora