Álcool & Gus

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Steven umedeceu seus lábios antes de levar o copo de vidro até o mesmo, sentindo o álcool percorrer por todo o seu corpo, esquentando levemente sua garganta. Ao mesmo tempo que sentia um pequeno arrependimento de ter ido à esse bar, tinha o pensamento de que tinha sido uma ótima escolha. Fazia um longo tempo que não saia para se "divertir" com seus colegas de trabalho, já que ambos os homens são as únicas pessoas que tem um contato mais próximo, algo perto de amigos. Grant nunca fora uma pessoa sociável, então é bem limitada e pequena a sua roda de amizades, tendo nela no máximo quatro pessoas.

Os seus olhos percorreram por todo o bar, observando todas aquelas pessoas e não deixando de notar alguns olhares ateando fogos em suas orbes. Virou-se para o barman e o pediu para descer mais uma, sentindo uma mão cutucar o seu braço esquerdo.

— Você ouviu o quê a gente falou? — o outro questionou o moreno indignado.

— É.. não, me desculpe. — Steven observou o de cabelos encaracolados que rolava os olhos.

— Enfim, eu estava perguntando se você já.. — James fez uma mímica sem sentido, fazendo Benedict, já enbebedado, rir de seus movimentos. — ..pegou a Gabi? Sabe? A guia turística.. latina, morena..

— Ok, entendi. — disse brevemente antes que o outro encontrasse outros sinônimos inapropriados. — Eu sai com ela uma vez, foi sem compromisso, nada sério. — Grant confirmou.

Aquela aprovação fez os dois homens ficarem surpresos e chamarem o moreno de diversos nomes. — É sério!? Eu ainda não sei a surpresa disso.

— Tão convencido! — Cumberbatch apontou para o outro, soltando uma grande gargalhada. — James também já ficou com ela, fala aí J.B!

— Pois é, meu amigo Steven. Eu já provei da mesma carne. — James dizia de forma sarcástica.

— Meu.. Deus! Vocês são tão nojentos. — Grant revirou seus olhos enojado e segurou novamente o copo de vidro, pronto para degustar novamente de sua bebida. — Pera.. Steven!? É sério? A gente trabalha juntos à mais de dois anos e você só decorou meu nome agora, dentro de um bar e bebendo comigo e o Bene?

— Verdade, você finalmente aprendeu o nome dele. — Benedict confirmou com os olhos arregalados e logo sorriu grandemente. — Um brinde! — Ele ergueu o copo, fazendo os três objetos se chocarem e um coral de risos ecoar pelo espaço que estavam.

— Sinceramente, vocês são idênticos à palhaços. — Steven confirmou entre suas risadas e deixou seu olhar cair novamente sobre as outras pessoas em uma mesa ao lado, trocando um breve olhar com uma moça ruiva. Ergueu seu copo levemente em sua direção e fora retribuído com o mesmo gesto, fazendo um sorriso tímido se estampar sobre seus lábios já rosados.

— Olha que safado! — James disse em alto e bom som após ver a pequena interação em sua frente, fazendo o moreno sentir suas bochechas arderem igual fogo. — 'Cê tá podendo, em?

— Vamos ver o resultado desse "brinde" amanhã no trabalho, já consigo ouvir a doce e melódica voz da Donna e..

— Não! — Steven e James disseram ao mesmo tempo, quase exterminando Benedict em socos. — Aquela mulher faz eu ter enxaquecas constantemente.. — James disse com a feição séria e os olhos fechados, já sentindo sua cabeça latejar de dor pensando em sua supervisora.

[...]

Era próximo das quatro horas da manhã e Grant não estava em sua melhor situação, talvez tenha exagerado um pouco demais nas bebidas e, certamente, nem percebendo quantos copos tinha virado nas cinco horas que passou dentro daquele estabelecimento juntamente de seus colegas de trabalho.

Entrou dentro do elevador e deixou-se escorregar pela a parede prateada, errando diversas vezes os botões que iam para o andar de sua casa. Quando finalmente visualizou o número 5 destacado em vermelho na pequena tela, levantou-se com certa dificuldade e passou a caminhar cambaleando, um pouco atordoado, tentando procurar a porta de seu apartamento. Steven agarrou a maçaneta da primeira porta que lhe apareceu e começou a mexer nela, tentando-a abrir. Assim que retirou o bolo de chaves do bolso de sua calça jeans, finalmente conseguiu abrir porta que lhe estava sendo o maior desafio.

Fora diretamente para a sala e jogou-se no seu pequeno puff esverdeado, passando a olhar seu pequeno peixe dourado. — Olá, Gus! Ainda acordado? — questionou-o com a voz arrastada. Estava prestes a hibernar ali mesmo com as poucas horas que lhe restava para ir ao trabalho, porém Steven semicerrou os olhos brevemente e pode perceber que o animal não se movia de forma alguma, novamente levantou-se e aproximou seu tronco do aquário iluminado. Seu indicador passou a cutucar o vidro no espaço onde Gus estava parado no fundo do aquário, seu desespero aumentou quando o bichinho não lhe mostrava nenhum sinal de movimento. — Gus, vamos lá, amigão! Faz alguma coisa.. — Steven sentiu sua visão embaçar levemente e suas cutucadas tornou-se tapas contra a vidraça.

Por impulso, a primeira coisa que lhe passou na cabeça fora chamar alguém para o ajudar. O homem caminhou com pressa até sua porta, sentindo o álcool lhe atrapalhar um pouco com a coordenação motora, porém abriu-a e olhou para as três opções de apartamento em seu campo de visão, automaticamente o rapaz fora até o 504 e passou a bater na porta de madeira, apertando desesperadamente a campainha ao mesmo tempo. — Atende.. por favor.

O rapaz quase fora para frente quando a porta abriu, mostrando a jovem mulher com quem conversou no elevador mais cedo. — Moça.. — Grant não conseguia recordar seu nome. — Você pode me ajudar? Acho que meu peixe está morrendo.

Apartamento 503 | STEVEN GRANTOnde histórias criam vida. Descubra agora