Contato físico & Sentimentos indecifráveis

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- Então.. foi tudo isso que aconteceu nessas últimas semanas? - o homem obtinha a feição levemente amargurada e entristecida, talvez não tenha gostado de ser o último a saber do ocorrido.

- Tudo, detalhadamente ainda por cima. - o alourado desceu o resto de seu álcool que antes ocupava o espaço do pequeno copo. - Foi muito difícil essas últimas semanas.

O moreno mordiscava levemente os lábios rachados e conseguia sentir a textura de alguns machucados que cobriam toda a extensão de sua boca. Sentia-se fraco perante os amigos após toda a explicação ao James, sentiu aflição e um curto choque de realidade percorrer por sua mente. Ele estava distante, tão longe, tão afastado.. porém o seu físico ainda permanecia ereto e concretado no mesmo lugar desde que chegou no estabelecimento.
Como seria a partir de agora? Essa questão martelava constantemente em sua consciência. Ainda o veriam como o mesmo Steven de semanas atrás ou mudariam seu pensamento sobre si? Isso o perseguia com talante e persistência. Ele não desejava mais utilizar máscaras sobre sua face e esconder sua identidade, não tinha a vontade de continuar dentro daquela neblina espumante que o consumia todos os dias.

O clima estava severamente ruim, se não fosse pelas dezenas de garrafas espalhadas pela grande mesa amadeirada a tensão estaria grandemente maior. - Eu.. - sua tentativa quase falha de cortar aquele ambiente pesado chamou a atenção distantes dos amigos. - Me desculpem, eu deveria ter comentado antes com vocês. - suas mãos insistiam em tremer levemente.

- Não é sua culpa Steven. - James afirmou e entrelaçou seus próprios dedos, observando o homem cautelosamente.

- Saiba que a gente está com você, não precisa se.. - Benedict estava prestes a terminar sua frase até ser interrompido pelo moreno se levantando rapidamente.

- Eu não quero que vocês fiquem me tratando como se eu estivesse com alguma coisa diferente, como se eu fosse outra pessoa. Ainda sou eu, o Steven.. - os olhos escuros fora tomados por um pequeno rio de lágrimas que insistiam em cair. Sua destra agarrou com calma uma das garrafas de bebida alcoólica e observou com calma os garotos. - Eu já vou indo.

O homem deu de costas e deixou o ar que segurava esvairar com delicadeza pelo o ambiente, debulhando-se em grossas lágrimas ao se encontrar na rua vazia.

[...]

O homem sentiu um alívio prazeroso percorrer por seu corpo ao sentar-se no chão em frente ao seu prédio, relaxando com calma os seus músculos tensos. O seu olhar conseguia observar atentamente o céu deixando toda aquela escuridão de lado para que o dia amanhecesse, a luz solar ainda era curta porém a iluminação dos postes por perto já não estavam mais acesas.

Permitiu respirar profundamente aquele ar gélido matinal que fazia uma enxaqueca percorrer por sua cabeça, não desejava levantar dali tão cedo. Sentiu falta desses curtos momentos que lhe eram tão marcantes, tão insignificantes, mas lhe traziam um sentimento agradável.

Sua mente estava igualmente a um furacão, devorador e monstruoso, desmoronando tudo e todos em sua volta. Os seus sentimentos lhe eram confusos e atordoados, o seu tempo dentro do hospital psiquiatra lhe fora necessário e sentia-se inseguro por estar tão longe do estabelecimento, era como se estivesse desprotegido sem toda aquela imensidão branca lhe consumindo por completo. Ele tinha medo, medo de que tudo voltasse a ser como era um mês atrás, porém ultimamente estava sendo pior do que seu passado recente.

Agarrou com cuidado o telemóvel que sempre guardava em seu bolso esquerdo e o ligou, visualizando uma mensagem de Benedict. "Steven, preciso falar com você sobre o quê ocorreu. Te vejo no trabalho amanhã, né?" Outra coisa que lhe perseguia, Steven era o vencedor de atestados médicos em seu trabalho, será que o aceitariam mais uma vez? O seu pressentimento estava péssimo e não conseguia sentir animação para comparecer no lugar em questão de poucas horas, ainda se encontrava temulento. Estava em negação para poder reencontrar os amigos que lhe pareciam tão distantes de si, isso era assustador, sentia-se estranho e se perguntava por que coisas ruins lhe ocorriam com facilidade. Porém não lhe era o melhor momento para perder o seu emprego e nem deveria.

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⏰ Última atualização: Jul 11, 2022 ⏰

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Apartamento 503 | STEVEN GRANTOnde histórias criam vida. Descubra agora