Laboratório & Caronas.

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Ao pisar seus pés dentro daquele grande laboratório especializado em pesquisas marinhas, um sorriso preencheu os lábios da britânica. O seu sonho estava realmente tornando-se algo real. Apressou os seus passos até a recepção e retirou sua senha para falar com as recepcionistas, aproveitou o tempo para admirar alguns dos quadros pendurados sobre as paredes esbranquiçadas. Grandes certificados recebidos por grandes pessoas, cientistas renomados.

Sentou-se em uma cadeira vazia ao lado de uma mulher loura, parecia nervosa quanto Evangeline. Ajustou sua mochila de tons pastéis sobre seu colo e organizou suas mechas morenas para trás de suas orelhas, demostrando sua ansiedade para finalmente terminar sua inscrição no local. - Estagiária? - uma voz suave lhe questionou, a fazendo sair de seu pequeno transe.

Seus olhos caramelos fora em direção da voz e visualizou a imagem da garota ao seu lado. - Sim. - sorriu nervosa. - E você?

- Também. Sou Margaret. - sua destra aproximou-se de Miller que logo à segurou, cumprimentando-a.

- Evangeline. - sorriu com os olhos.

- Está em Londres à muito tempo?

- Não! - riu soprado. - Me mudei exatamente ontem. Você não sabe o quão difícil foi achar esse laboratório. - compartilhou de seu sofrimento com a garota. - E você? Não me aparenta ser britânica.

- E realmente não sou! Sou australiana, me mudei faz alguns meses.

- Isso explica seu sotaque forte. - Evangeline comentou extremamente encantada, amava a biodiversidade da Austrália, é um dos lugares mais ricos em biologia marinha.

- Senha 150.

Miller desviou seu olhar para a bancada da recepção e logo após para seu papel, era sua vez. - Preciso ir.. eu te vejo por aí! - Levantou-se da cadeira e acenou para a loura que lhe retribuiu o gesto.

[...]

A garota simplesmente não aguentava mais responder o gigantesco questionário sendo realizado pela recepcionista "Aquilo realmente seria necessário para sua inscrição?" Pensou. Por leves segundos pôs sua cabeça sobre a mão e bufou com pressa, a sua animação que antes era gigante transformou-se em uma raiva e ansiedade descontrolada.

- Por último, a senhora possui algum emprego em Londres? - a mulher que obtinha uma feição desanimada e um grande óculos de grau quadrado, lhe questionou calmamente.

- Não.. - disse pela vigésima vez essa palavra, tinha chegado a lhe perder o sentido.

- O programa da faculdade que a senhora está utilizando oferece vagas de empregos para nossos estudantes, deseja inscrever-se?

Uma pergunta interessante. Evangeline ainda não tinha saído para procurar um emprego, mas simplesmente uma oportunidade dessas sem precisar fazer um mínimo esforço era indispensável. - Sim, eu quero.

Após outras diversas papeladas tudo estava concluído. Finalmente tinha se tornado estagiária do laboratório de pesquisas marinhas de Londres e logo, logo empregada em algum pequeno serviço que lhe ajudaria muito. Ao sair do estabelecimento, suas falanges foram diretamente ao bolso esquerdo de seu sobretudo bege e agarrou seu telemóvel, logo discando para o número de sua mãe. - Alô? Mãe, eu finalizei minha inscrição. - a garota falou animadamente.

[...]

Todo o local já estava com as luzes desligadas, era um pouco assustador andar entre aquelas diversas estátuas de deuses egípcios, porém passar por ali todas as noites tinha se tornado algo rotineiro. Suas mãos seguravam as chaves do depósito, já que Donna lhe disse para ficar responsável para fechar as portas que dão acesso aos produtos da loja de presentes.

Steven sentia seu corpo completamente dolorido e a única coisa que desejava era poder deitar em sua cama, para assim fazer tudo de novo no próximo dia. - Até mais J.B! - disse brevemente ao segurança que ainda tinha o seu celular em mãos, vendo a mesma coisa de sempre.

- Ei! Benedict me falou que você iria conosco no bar. Desistiu? - o rapaz desviou o olhar do celular e observou Steven, que tinha parado perto da saída do museu.

- Eu estou muito cansado para ir.. - Grant virou seu tronco em direção ao outro e caminhou timidamente para perto dele. - ..consegue falar com o Benedict para mim? - Merda! Ele vai me matar amanhã. Pensou e reprimiu os lábios pensando nas possibilidades.

- Que isso Scott! Vamos lá.. vai ser divertido. - dizia animadamente e com um sorriso nos lábios. - Eu te dou carona depois.

- Ainda é Steven, mas.. - revirou os olhos tentando pensar em alguma desculpa favorável para si. - ..é muito gentil de sua parte, mas eu realmente não estou..

- Ótimo! Passo na sua casa às nove, mora no mesmo prédio né? - James pegou o seu celular e discou para alguém.

Steven suspirou profundamente e esfregou seus dedos em seus olhos inchados, desistiu de insistir. - Perfeito. - soltou baixinho e pousou suas mãos na cintura. - Moro sim, no mesmo prédio.

- Beleza Scott, te vejo em duas horas então. - Grant concordou com a cabeça e apenas saiu do lugar sem comentar mais nada, sua cabeça estava prestes a explodir.

[...]

Evangeline suspirou pesadamente e entrou no elevador, apertando o número cinco e esperou-o fechar para finalmente chegar em sua casa. Os seus pensamentos foram interrompidos por aquele homem novamente, o outro gritou um "Espera" e automaticamente a mesma segurou a porta, trocando alguns olhares por meros segundos com o outro. Engoliu seco e deu alguns passos para trás. - Obrigado. - ele disse.

- Que nada..

Os seus olhos percorreram por todos os botões do elevador, tentando procurar uma distração para não sentir-se envergonhada com a presença do homem. - Você.. você é moradora nova? - um sorriso tímido saiu dos lábios do desconhecido.

- Sim.. - respondeu com calma. - ..me mudei ontem.

Ele concordou brevemente. - Sou Steven. Steven Grant. O seu vizinho do apartamento do lado, provavelmente.

- Evangeline Miller. Sei, a senhora do 501 veio me falar de você. - sua feição era de surpresa.

- Sério!? - ele franziu o cenho e tombou sua cabeça ao lado por alguns segundos, pensativo. - Eu.. - o elevador se abriu.

- Bem, eu vou indo, Grant. - Disse baixinho e deixou o elevador para trás, indo diretamente para o seu apartamento e sentindo o olhar do homem queimar em suas costas. "Finalmente em casa." Pensou ao trancar sua porta.

Apartamento 503 | STEVEN GRANTOnde histórias criam vida. Descubra agora