Estava ensolarado e o céu limpo de nuvens. O que me deixou surpresa, já que ontem teve uma tempestade terrível. Uma brisa suave mexia as folhas verde-escuras das árvores formando uma melodia relaxante. Nem os pássaros se atreviam a cantar, para não atrapalhar. O ar é fresco e limpo. O lago a minha frente cintila com a luz do sol.
— É muito calmo para você? — uma voz conhecida arranca um sorriso do meu rosto — Sei que isso não faz muito o seu estilo, né, minha querida?
Viro o meu rosto para o Thiago que está sentado em um banco de madeira comigo nesse parque. Ele me olha de lado com aquele sorriso debochado. Respiro fundo e volto a encarar o lago.
— Na verdade, depois de tudo o que nós já passamos, um descanso não é nada mal — descruzo os braços e os coloco em meu colo enquanto relaxo os ombros. Consigo sentir seu olhar sobre mim e dou um riso sem graça. — Está bem. Talvez eu sinta só um pouquinho de falta da adrenalina das missões. Só isso também.
— Eu definitivamente não sinto falta dos monstros e nem dessa maluquice toda — ele arregala os olhos e sorri de lado quando eu concordo rindo. — Mas sinto falta da equipe.
— Eu também. Pelo menos, Daniel e Alex estão por aqui também. Só não sei se ficar aguentando esses dois brigando toda hora é uma coisa boa.
— Definitivamente, não é — rimos e, então, ele ganha uma expressão mais distante em seu rosto. — E os meninos? Como eles estavam?
— Eles continuam juntos, como irmãos. Estão morando com a Ivete, pelo menos o Arthur e o Cesar. Quer dizer, Kaiser. Acredita que agora o Cesar prefere ser chamado de Kaiser?
— Esses jovens de hoje em dia... — deixo uma risada escapar — Mas é um nome muito bom.
— Eles mudaram tanto, Thiago. O Joui então — solto um suspiro pesado. Então lágrimas se formam em meus olhos.
— Liz — ele chega mais perto e segura a minha mão.
- Ah Thiago... — abaixei a cabeça e uma lágrima escapou. Olhei para ele, que me devolveu um olhar de tristeza também. — Eu nem consegui dizer "eu te amo" para ele por uma última vez.
— Ei — ele passa o braço pelos meus ombros e eu deixo ele me abraçar. Ele beija a minha cabeça em um gesto carinhoso — Ele sabe disso. Pode ter certeza que ele sabe. Assim como vocês sabiam.
Então ficamos ali, aproveitando a companhia um do outro. Quando parei de chorar, limpei as minhas lágrimas e segurei a mão dele para puxá-lo do banco.
— Vem, vamos dar uma volta por aí.
Ainda de mãos dadas, saímos do parque que era cercado com uma cerca-viva bem alta. Encaramos um campo aberto com o mato alto, um pouco abaixo da cintura. Ele passa o braço pela minha cabeça e apoia em meu ombro enquanto ainda segura a minha mão. Chegamos a outro canto perto de uma árvore, porém mais próximo de um casarão com um estilo vitoriano amarelo e branco que conseguimos ver mais ao longe. Recostamos no tronco da árvore e eu apoiei minha cabeça em seu peito enquanto seu braço ainda estava na mesma posição que antes.
— Sou completamente apaixonada por essa paz. Tinha até esquecido o que era isso — murmurei fechando os olhos.
— Só por isso? — Ele dá uma risada quando bato na perna dele — Ta bom, ta bom! Eu também sou completamente apaixonado.
Quando ele diz isso, levanto a cabeça para encarar Thiago me encarando e se segurando para não dar um sorriso bobo. Levantei uma mão e levei para seu rosto, fazendo um carinho leve.
— Menino, o que você está fazendo aqui?! Que saudade! — escuto a voz do Cris ecoando pelo campo.
Thiago solta um riso e eu apoio minha testa em seu ombro, rindo também.
— Ai esse Cristopher — Thiago reclama enquanto me ajuda a levantar. — Temos que conversar sobre esses gritos.
— Como se ele conseguisse conversar de outra forma...
Seguimos para aquele casarão e então parei de repente.
— Não pode ser... — sussurrei para mim.
Mesmo um pouco mais longe, consigo ver Cris abraçando uma figura alta e que usa uma roupa preta com detalhes em vermelho. Meu coração dá um salto e saio correndo. Por um momento, parecia que minha mente havia se esquecido completamente de tudo à minha volta. Thiago, o fato de que ainda era longe e provavelmente chegaria quase nem aguentando ficar de pé, o mato alto que tampava o caminho. Só havia uma coisa na minha mente.
Assim que cheguei mais perto e o vi encarando a Beatrice e o Tristan, confuso. Então eu parei. Por momento eu me permiti parar e vê-lo, ainda um pouco longe, mas já no jardim da casa. Então ele se virou para mim. Senti meu coração explodir e lágrimas descerem. Ele continuava da mesma forma que me lembrava, exceto pelos seus olhos castanhos estarem perdidos.
— Joui? — o chamei, fracamente, enquanto dava um passo para frente.
Quando me dei conta, ele já estava em meus braços, chorando. Então o abracei, com toda a força do meu ser. Caímos de joelho no chão, ainda abraçados. Depois me afastei e coloquei minhas mãos em seu rosto e fiz um carinho com meus polegares.
- Ah, Joui — falei segurando os soluços que vinham de repente. Soltei uma risada — O que você está fazendo aqui?
— Eu precisei fazer isso. Fiz de tudo para salvá-los. — ele me encara com um olhar de preocupação.
— Eu tenho certeza disso — dei um sorriso mais largo, se é que isso era possível.
— Eu... sinto muito — ele abaixa a cabeça enquanto encara o chão.
— Ei — coloco a mão em seu queixo e levantei a cabeça dele para me olhar nos olhos. Sorrio para ele, sem conseguir conter as outras lágrimas que continuavam a descer — Eu tenho certeza que você fez aquilo que achava melhor, a coisa certa. Talvez nem todos possam concordar, mas eu sei que você, Joui, fez o melhor que poderia ter feito. Você não faz ideia de quão orgulhosa sou de poder te chamar de "filho". Eu te amo.
Envolvo ele num abraço novamente. Num primeiro momento, ele trava, mas depois me abraça de volta o que só me faz chorar ainda mais.
Meu coração se encheu de alegria, apesar de saber que poderia ser um tanto egoísta da minha parte. Estava com o meu filho de novo, nada mais importava.
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Depois da chuva
FanfictionÉ muito difícil dizer adeus. Principalmente para aqueles que nós amamos. Porém saber que estão juntos, pode nos confortar. . São one-shots sobre cada um da equipe E que acontecem durante ou após Desconjuração