Thiago Fritz

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    Cheguei perto da prateleira de discos e demorei um tempo para escolher um, até que acabei decidindo pegar a mesma coletânea de jazz que sempre acabava escolhendo. Não era nem porque eu gostava de jazz, mas essas músicas em específico me faziam ficar mais calmo. E, depois de ter voltado a escutar, parece que tudo ficou melhor.

    Pela janela da biblioteca, conseguia ver o sol nascer. Não sabia a explicação ao certo, mas hoje algo me acordou. Nunca tive problemas em dormir por aqui, porém alguma coisa me impediu que eu continuasse meu sono tranquilo. Continuei a ver o sol nascer na cadeira de madeira e fiquei mais tempo ali, quando senti um par de braços passar pelo meu pescoço e um beijo na bochecha.

    — Bom dia, florzinha — Liz falou com a voz rouca no meu ouvido — Caiu da cama, foi? Acordei e você não estava mais lá.

    Entrelacei sua mão na minha e a beijei. Depois a guiei para sentar na cadeira com acolchoado verde ao lado. Seu cabelo preto estava preso em um coque solto e mal feito e sua franja bagunçada. Ela ainda usava pijamas e seus olhos mal conseguiam abrir ainda. Ela era linda.

    — Acordei e não consegui voltar a dormir. Aí vim pra cá.

    — Que estranho — concordei com ela — Mas eu ouvi que você já andou fazendo outra coisa além de ficar sentado aqui ouvindo música.

    — Pois é — dei uma risada — Joui acabou entregando a minha surpresa de café da manhã pra vocês.

    — Podemos dizer que quando alguém grita "Uhul panquecas" às 6 da manhã, não estraga só a surpresa do café da manhã.

    Ela dá um sorriso pra mim e eu fico só admirando. Depois ela fica sem graça, murmura que precisa de um chá e se levanta me puxando junto.

    — Talvez seja alguma coisa importante que vai acontecer ou que já aconteceu — Joui diz depois que terminei de contar o porquê das panquecas. Ele come mais uma garfada quando termina de falar.

    — Verdade — Cris diz enquanto aponta a caneca para Liz colocar mais café.

    — Ou então pode não ser nada de mais — ela abaixa o garfo, pega a garrafa térmica vermelha com café e coloca na caneca do Cris — Sabe, acordar de repente é normal.

    — Mas isso nunca aconteceu comigo aqui, menina. É estranho mesmo — tio Cris acaba puxando a caneca antes da hora e cai um pouco de café na toalha da mesa. Liz olha feio pra ele e diz que ele vai limpar depois.

    Estávamos sentados tomando café da manhã na mesa redonda. Talvez, por ser cedo ainda, o resto da casa ainda estivesse dormindo e então só nós estávamos acordados. A equipe original, ou quase.

    Assim que terminamos, levamos os nossos pratos para a pia e os outros foram chegando para se sentarem à mesa. Enquanto lavava algumas das louças, a mesa estava um pouco mais agitada.

    — Olha, eu já arrumei o meu quarto e espero que todo mundo possa ter feito isso, né? — Alex pontua depois de uma golada no seu café.

    — É o mínimo que cada um pode fazer — Liz resmunga alto e coloca mais do chá natural de erva-doce que Beatrice fez na xícara.

    — Bom, eu ajudo a Bea com o jardim e isso não está aberto a discussão — Tristan apoia um dos braços no encosto da cadeira e sorri de lado para a garota.

    — Na verdade, — Daniel levantou um dedo e depois apontou para o outro — você fez isso na semana passada e ficou de limpar os banheiros agora.

    — É verdade — Elizabeth abaixou a xícara rindo — Quem mandou perder no braço de ferro pra "véia" aqui.

    — Posso ajudar com os banheiros também — Joui diz enquanto seca os pratos depois que eu os lavo.

Depois da chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora