brushes & papers | adrinette

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"I don't know you
But you make me wonder who you are
헐렁한 청바지
풀려있는 머리
I want to know you"
— I Don't Know You; The Rose

Colocou uma mecha atrás da orelha e mordeu seu lábio inferior: duas de suas manias mais viciantes. Deslizou o pincel pela tela branca, manchando-o de tinta bege. Fez o mesmo movimento mais algumas vezes, colorindo o quadro, parecendo que tinha todo o tempo do mundo.

Seu macacão jeans velho estava repleto de manchas e respingos de tinta. Entretanto, havia detalhes em sua fisionomia momentânea que ela não iria perceber sem que visse seu reflexo em algum lugar, como por exemplo: a pincelada em sua bochecha – da qual ela nem sequer havia sentido ser feito – e uma outra mancha em seu cabelo escuro feito noite. Por ser destra, segurava o pincel com a mão direita e a paleta com diversos pingos de tinta óleo espalhados.

O trabalho que estava sendo feito era para uma cafeteria da qual ela sempre ia. Era uma série de quadros, de seu estilo contemporâneo, e o tema era com o do local. Marinette se sentiu livre para imaginar e criar, o que era exatamente como Nino pediu para que ela se sentisse.

Molhou o pincel em um copo de água e o enxugou em um pano – originalmente, em um tom claro de azul – que se encontrava em seu bolso direito.

Deu um passo para trás, observando a situação de seu trabalho. Mergulhou na tinta marrom do tipo mais escuro e fez mais alguns detalhes. Voltou a observar e retomou a pintar.

Cantarolou baixo as notas que tocava na caixa de som. Era apenas uma sonata, da qual ela adorava e, normalmente, usava aqueles tipos de música para pinturas.

Aquele era seu trabalho. E ela adorava aquilo.

♥︎

Enquanto bebia o café, ergueu seus olhos para a tela. Sem dúvidas, aquelas pinceladas e aquele estilo chamavam a atenção. Eram delicados, lindos e calmos. Ele nunca havia visto nada como aquilo e levava em conta que já havia viajado para muitos lugares, sempre tentando visitar pontos artísticos.

Como ele nunca havia notado um trabalho tão grandioso em sua própria cidade? Principalmente em um local que ele sempre ia, a cafeteria de Nino Lahiffe, seu melhor amigo, local do qual se encontrava quase os dias antes ou depois do trabalho.

Na verdade, como ele não percebeu algo tão belo em um local que era parcialmente seu? Por ser um grande amigo de Nino desde o ensino fundamental, Adrien investiu no negócio do rapaz e, assim, a cafeteria ficou sendo trinta por cento sua, por conta do investimento financeiro, mas ele não dava nenhuma opinião sobre a decoração ou o que era servido no local – a não ser pela possibilidade de algo estar ruim ou que poderia ser incrementado, mas isso quase nunca acontecia.

Embora precisasse responder mensagens em seu celular, seus olhos esverdeados estavam presos na tela. Era simplesmente divino. As pinceladas, as cores, o sentimento: tudo.

— Estou falando sério! — ouviu a voz de Nino ao fundo, mas não prestou tanta atenção. Estava focado no quadro. — Você salvou minha vida.

— Não é para tanto. — riu enquanto andava até a porta de vidro. — Estou um tanto atrasada. Obrigada pelo café.

— Apareça mais vezes! — Lahiffe pediu e a mulher apenas lhe direcionou uma piscadela, alegando que tentaria.

Antes da mesma sair, seus olhos encontraram o cliente fissurado na pintura pendurada ao lado de sua mesa. Ela sorriu, achando adorável o modo como ele segurava a xícara perto ao lábio, mas os olhos continuavam fixos na arte.