Será Que é Destino?

Parte 70

…Não sei se ele ouviu ou fingiu não ouvir. A verdade é que disfarcei, para não mostrar que aquelas palavras eram reais.

-Não leve a sério o que meus lábios pronunciaram. Eles apenas quiseram embelezar este cenário.

-Você disse alguma coisa? Desculpe, estava tão imerso que…

-Não, estava pensando em voz alta.

Posso estar enganada, mas acho que ele ouviu, porém apenas se limitou a não dizer nada.
Todavia, o que eu estava esperando? Um “eu te amo” também?  Mesmo sabendo desde o início o tipo de relacionamento que teríamos?
O problema é o meu coração que queria mais do que isso, queria que os sentimentos fossem recíprocos.

-O que foi? Parece que seu olhar está distante?

-É que de repente, senti saudades da minha família. -uma desculpa para sair do roteiro que improvisei.

-Faz tempo que não os vê?

-Sim, desde que cheguei aqui. Não consegui juntar o dinheiro para passagem.

-Se precisar de dinheiro, posso lhe emprestar.

-Obrigada, mas logo conseguirei juntar, falta pouco.

-Você pretende ficar no Brasil? Estou perguntando por causa dificuldades que passou.

-Ainda não sei, tudo depende de como estarão as coisas por aqui.

-Entendo…

Embora estivesse chateada, mesmo assim, me aninhei em seu braço para dormir. Ao menos poderia desfrutar do seu calor e tentar dormir.

Fiquei com o coração dilacerado ao ver sua reação diante da minha resposta em relação a frase que queria ouvir. No entanto, minha voz não saiu, era como se estivesse bloqueada. Talvez, a insegurança, o limite que eu mesmo coloquei sobre nós, estejam me impedindo de amá-la, de me entregar completamente.
E agora, essa fuga repentina, de querer ver sua família, me deixa ainda mais inseguro.
Não sei o que posso esperar dessa relação, se podemos ficar juntos, se nossos destinos estão conectados.
Por isso, ao senti-la assim tão próxima, beijei sua testa, e só pude dizer “eu te amo” em pensamento.
Queria que o tempo parasse neste instante. Mary, já estava dormindo com um leve sorriso no rosto. Acho que nunca esquecerei da sua voz dizendo que me ama, em um momento que não cabiam mentiras. Senti que estava dizendo a verdade e de seu semblante, que mesmo desapontada, ainda transmitia felicidade.