30 dias

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Yaman conseguiu o que queria, havia provocado reação em Seher, não importa se ela fosse pra cima dele, se gritasse, se ficasse por horas brigando, a atenção dela era dele, não aguentava mais aquele silêncio durante todos aqueles dias, sabia que não seria qualquer coisa que a tiraria do sério, mais ela achar que ele brincava com os sentimentos dela sim, parecia cruel, talvez fosse, mais ele queria que Seher explodisse, que se indignasse, que perdesse o controle e admitisse que também se apaixonou.

Sabia bem o tipo de fúria que despertou nela, sabia que Seher não ia deixar isso barato, mais a verdade é que ele estava gostando muito daquilo, vê-la com aquela cara brava, com os lábios tão apertados que dava até pra ver o furinho em seu queixo, aqueles olhos faiscando, é, ele sabia sim onde se meteu, que viria chumbo grosso pela frente, mesmo assim não tinha a menor intenção de ir embora.
Mais surpreendentemente ela dá um longo suspiro, e sua expressão muda da água pro vinho, ela sorri, tem alguma coisa diferente naquele olhar, não parece mais que ela queria matá-lo, o que desperta uma imensa estranheza, e curiosidade em Yaman.

-Quem ele pensa que é pra me fazer de palhaça assim...você me paga Yaman.
A voz de Seher saí espremida entre seus lábios contraídos, e um sorriso falso que ela se esforça pra sustentar, caminha com a expressão serena até Yaman, iria virar esse jogo, ou ele achava mesmo que iria ser fácil assim, seus olhos estão conectados e não se desviam, com a voz firme e controlada Seher sorri irônicamente pra Yaman, que a olha curioso.

- Você se sente melhor agora?
- Como é?
- Se sente melhor em ter conseguido extravasar essa energia que estava reprimida?
- Do que você tá falando?
- Eu sei que as coisas não andam fácies pra você, muita pressão não é? Confirmei que você não estava bem, quando nos falamos e você disse que dispensou a Ella mesmo a dias de fechar seu contato, eu soube ali que precisava te ajudar, você tinha que levantar sua alto estima, se sentir capaz de novo, ter de volta sua alto confiança, por isso te chamei aqui.
- Você tá querendo dizer o que com isso?
- Yaman, você acha mesmo que eu não sabia responder um pergunta tão simples, eu trabalho a anos com isso, desculpe mais tive que trabalhar esse exercício de confiança, quando vi que você tinha a necessidade de me ver rendida por você, eu sabia que no fundo a questão não era comigo, mais sim em como você se sente sobre si mesmo, e então eu usei uma outra técnica chamada indução, pra te ajudar.
- Seher...você tá brincando comigo é isso? Tá querendo que eu acredite que você manipulou toda essa situação?

- Eu sei exatamente cada passo que você pensa em dar, antes mesmo de você fazer. Eu sei que você tá confuso, e com a pressão do trabalho tudo ficou ainda pior, acontece de acabar confundindo as coisas, me desculpe por não ter te avisado antes que iria trabalhar melhor esses medos e inseguranças que você tem, mais achei que teria melhor resultado se deixasse tudo parecer natural.
- Você tá blefando, sua boca pode mentir, mais seu corpo não, você me queria tanto quanto eu quero você.
- Me escuta, eu não sou nenhuma irresponsável que saí falando o que dá na telha na internet, eu estudo e muito,
sei que quase ninguém sabe disso, mais eu não sou apenas uma influencer da moda que tem milhões de seguidores, não sou somente uma conselheira amorosa, eu sou uma decifradora de mentes humanas, estudo a anos linguagem corporal, e psicólogia.
Se lembra o que eu disse sobre técnica de indução?! Então...eu agi da forma que você gostaria que eu agisse, não era isso que você queria de mim? Que eu me rendesse, eu te dei esse poder, porque desde que você entrou por essa porta com os ombros caídos, sem sua postura altiva habitual eu já soube o quanto você precisava disso.
- Mentira, você tá mentindo porque assusta quando não tem mais o controle, não é? E eu vi, eu senti sua pele arrepiar...
- São reações normais quando acontece um choque térmico, minha pele estava quente e suas mãos geladas, agora eu sei que você vai me dizer que me ouviu ofegante, eu fiquei sim, porque sua adrenalina aumentava cada vez que eu ofegava mais, eis aqui a indução, e ela funciona assim eu te induzo a fazer algo quando te envio sinais e permito isso, você pensa que é você quem está no controle, quando na verdade sou eu quem decido até onde quero que você chegue. Meus lábios entreabertos quando você os tocou, você sabia que depois que fiz isso, mesmo sem  perceber você afrouxou as mãos enquanto me segurava, isso foi um sinal de relaxamento, e foi resultado do que? Sim, a própria, eis a indução. E tem também os olhos fechados não é, sabe que quando os fechei sua respiração ficou nitidamente mais audível, quer dizer que apesar de gostar de estar no controle, você estava inseguro e não olhar diretamente pra mim naquele momento, te incentivou a continuar  sem ter medo de algum tipo de rejeição.Te induzi a isso quando fechei os olhos, você precisava trabalhar essa questão de insegurança dentro você...na verdade os exercícios ainda não haviam acabado, ainda faltava trabalhar seu medo de ficar sozinho, iria ser meu próximo passo se você não tivesse estragado tudo falando, eu iria te induzir a uma nova situação onde você iria experimentar sem medo uma nova forma de solidão, a solitide...de qualquer forma, vai aí a última lição do dia, as vezes o melhor professor é aquele que deixa o aluno achar que ganhou...aproveite, essa aula é de graça.

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