Meu nome ainda é Thiago

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Apesar de você carregar um nome forte e significativo nas costas, você não faz jus à ele, Tallita. Seu nome é lindo, assim como seu cabelo castanho
que faz um contraste lindo com a cor dos seus olhos. Mas o problema é que não tem ninguém pra te falar isso. Não tem porque você não deixa ter. Quando eu me aproximo, você recua. Quando eu tento, você desiste. E quando é minha vez de agir como você, você age como se o mundo girasse em torno da sua pele morena. Mas não gira. O seu mal é achar que sim. Você me diz que curte uma bebida, mas eu sei que a sua favorita é o guaraná e não a vodka. Você diz que não liga para o que os outros pensam, mas eu sei que quando lê ou escuta algo ruim sobre você, se derrama de chorar quando chega em casa. Sei que odeia minha calça lá em baixo, minhas roupas largas, mas é só eu me vestir diferente que você já diz que não sou eu. Vai entender. Aliás, não vai. Por que entender você é algo que eu venho tentado a muito tempo, e venho falhando a muito mais. E uma coisa que você é péssima em fazer, é ir, eu sei que você é apegada ao presente, mas do que mais sente falta é do seu passado. Não adianta negar, eu sei que quando é pra ir, você nunca vai embora. E é por isso que eu te admiro, Tallita. Eu gosto de ver você passando por cima do seu orgulho, de ver você se xingando de milhares de nomes só por ter contrariado sua mente e seguido seu coração. E eu sei que, de algum jeito, eu me encontro ai, Tallita. Porque nós dois sabemos que eu sou o único que pode domar seu ego e seu orgulho, fazendo você se esconder. E o mais engraçado é saber que você se esconde atrás de versos e textos grifados, enquanto eu me exponho com duas carteiras de cigarro. Eu sei de tantas coisas, Tallita. Eu sei que, apesar dos textos românticos, sua literatura favorita é a erótica. Suas amigas patricinhas não sabem disso, mas eu sei. E você nunca se deu conta do quanto saber doí. E muito. Porque a cada saber eu desvendo mais e mais esse mistério que é você. Você, garota, me tira o sono. Com as suas entrelinhas indecifráveis e a sua mudança de humor constante, eu nunca sei o que fazer, dizer ou sentir. Você é como um campo minado, Tallita. A diferença é que no seu jogo só tem bomba, e eu sou o apostador perdido que sempre morre na primeira jogada. Não importa o quanto eu tente ganhar ou empatar a partida: você sempre se sai vitoriosa, e confundindo a minha vida. Você chora por falta de amor, mas não deixa que ninguém te ame, ou pelo menos, ensina como chegar perto disso que você chama de coração - se é que você tem um. Você não me ensina a te amar. Às vezes eu penso que você queria ser salva desse mundo cinza que a sua alma insiste em morar. O problema é que eu não sei ser o seu super-homem, Tallita.
E o meu nome ainda é Thiago.

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