𝑪𝒉𝒂𝒑𝒕𝒆𝒓 2

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Daquele dia em diante o garoto não parou.
Ele fotografava praticamente tudo.

Sua segunda fotografia após o retrato de Natal, foi uma rosa, no campo, na casa de sua avó. Ela estava recém florescida, havia aberto recentemente suas pétalas. Como se estivesse acabado de despertar-se. Não parecia uma rosa comum, ela havia encantado Taehyung. E seu fascínio por ela era pelo fato dela ter apenas um das pétalas branca e alva, no meio entre todas as outras pétalas rosas. Continha a beleza pura e simples ao mesmo tempo não sendo simples, tudo o que ele procurava constantemente. Estava maravilhado, nunca havia visto outra igual porque era a mais diferente de todas. Tão delicada e perfeita. Jovem e bela. Delicada e pura, até os seus espinhos eram impecáveis. Os olhos do garoto estavam maravilhados, ela era perfeita e única.

Ele olhou por um instante as outras rosas ao lado, todas iguais. Assim, voltando sua atenção á flor com uma pétala alva. Tão jovem e serena. Ele ergue sua câmera. Seu talento e agilidade com câmeras era extraordinário para sua idade.

Ele dá um pequeno passo para trás, ajusta uma posição agradável aos seus olhos, era um fim de tarde frio. Assim, sem se mexer, nem uma inclinação ou movimento que interviesse a posição desejável. Estranhamente o garoto sentia como se dessa forma, estivesse repassando seus sentimentos, o que sentia na fotografia. Dessa forma, ele captura a foto com um click.

Ele segura a fotografia, a ergue ao céu, a observa e sorri satisfeito com o resultado. Solta uma risada um pouco alta. Aquilo era maravilhoso. E com grande e feliz satisfação voltou para casa feliz correndo ansioso pra mostrar á avó a segunda fotografia tirada por sua câmera.

E agora, sentado á escrivaninha, depois de dez anos desde sua segunda fotografia, ele observava engraçamente seus cabelos encaracolados no espelho enquanto lia um livro de romance clássico e ouvia um Jazz baixo. A fotografia recém analisada da rosa da única pétala alva estava bem alí ao seu lado.

Ainda se recordava perfeitamente o quanto sua avó havia ficado surpreendida naquele dia, sem nem mesmo imaginar que ele se superaria. Mistérios do destino.

Taehyung estende lentamente os olhos do livro que estava lendo e volta a encarar o espelho, e de repente, seus pensamentos voltam á vastas memórias.

Depois daquela feliz e inesquecível noite de Natal, os convidados foram embora, passando assim a família Kim o Réveillon sozinhos. Não houve muita coisa, apenas um pouco de comida, histórias e nada de especial. Estavam todos na expectativa, o pequeno Taehyung estava vestido com o formoso terno. Ele ainda se lembrava do quanto estava ansioso pra ver os fogos de artifício. Naquela noite ficaria acordado até meia-noite como fazia todos os anos, ele acreditava em sua doce supertição infantil que, dessa forma, traria mais sorte e um ano mais próspero que o retrasado. Havia acabado de fazer sete anos.

Como o aniversário de Taehyung era entre o Natal e ano-novo, ele era o único dos filhos que nunca tinha uma festa. Ele nunca demostrava, mas sempre odiou o fato de fazer ano entre essa data, sempre quis que seu aniversário fosse em qualquer outro dia comum. E era simples, como seus pais haviam gastado toda a cotação de dinheiro pra organizar a celebração do Natal e com seu presente, não havia sobrado nada para fazer uma festa. E também não haveria mais graça, não teria o mesmo clima, já haviam celebrado por algo, já havia comido doces, brincado com os amigos, visto velas, decorações e até abrido presentes. Sempre fora uma criança inteligente, ele não questionava, não batia o pé ou sequer fazia birra. Sempre aprendera a ser satisfeito com o possível, com o que recebia, e era muito grato sempre.

Naquela noite, estavam todos na sala, Taehyung estava brincando com seus irmãos, quando seus pais chamam sua atenção. Ele se dirige á eles, podia perceber a afeição inquieta de ambos.

𝐴 𝑏𝑢𝑠𝑠𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora