Capítulo 4

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Enquanto ia de metrô para o trabalho na manhã seguinte, Yibo ouviu as palavras do sr. Xiao ecoando em sua mente "O melhor secretário que ele já tivera." Era o maior elogio que poderia receber. Era o maior que já recebeu, por mais lastimável que aquilo soasse, as palavras do sr. Xiao significavam tudo.

Yibo disse a si mesmo que era o forte calor do verão que o estava deixando quente e um tanto irracional, mas na verdade o que lhe acontecia não tinha nada a ver com a elevação nos termômetros, mas sim totalmente relacionado a seus próprios sentimentos.

Dali a dois dias estaria em um avião para a entrevista definitiva em Charleston e a temia agora, temia seu último dia na Investimentos Xiao, na verdade temia tudo que se relacionava com sua saída.

Não deveria pensar naquilo, disse a si mesmo, enquanto o metrô parava na sua estação e ele se levantava. Ainda lhe restariam duas semanas antes de ter de dizer adeus. Não havia razão para sofrer por antecedência.

O conselho fora sensato, mas no momento em que o sr. Xiao entrou no escritório o coração de Yibo disparou da mesma maneira de sempre. O que havia naquele homem que ele amava tanto? Observou os olhos, os lábios, o queixo e embora os traços fossem perfeitos, seu interesse tinha menos a ver com a beleza física do que com a intensidade que havia por trás. Havia algo naquele homem, pensou, algo mais profundo, mais complexo do que ele queria revelar. Mas o que era?

- Bom dia Yibo

- Bom dia sr. Xiao - Ele conseguiu abrir um sorriso firme e profissional. - O presidente do Banco Shipley acabou de ligar. Deseja que eu retorne a ligação?

- Ainda não. Tenho que cuidar de algumas coisas primeiro, eu o avisarei quando estiver com tempo.

- Certamente sr. Xiao, mais alguma coisa que eu possa lhe fazer no momento?

- Não. Apenas anote meus recados.

- Sim sr. Xiao, farei isso.

Quando ele entrou em seu escritório e fechou a porta, Yibo afundou na cadeira e cobriu o rosto com as mãos. Poderia soar mais patético? Sim sr. Xiao. Não sr. Xiao. O céu não está de um azul perfeito, sr. Xiao? Soava como um imbecil repetitivo. Sem dúvida, precisava arranjar sua própria vida.

Precisava ser bom em algo mais além de suas funções como secretário, precisava ter outros interesses além de Xiao Zhan e precisava urgentemente parar de esperar que algo bom acontecesse.

E de repente, lágrimas lhe inundaram os olhos, lágrimas absurdas que não tinham nada a ver com trabalho, mas sim com o fato de querer tanto aquele homem e não saber o que fazer a respeito.

Uma vez que as lágrimas começaram, parecia não conseguir contê-las. Num instante, estava chorando porque era o filho do meio, o mais desajeitado, o único dos seus irmãos que não era espetacular. ZhouCheng e HaoXuan eram lindos, talentosos e incrivelmente populares. Ao contrário de Yibo, que nem sequer teve um par para lhe acompanhar ao baile de formatura, Cheng e Xuan nunca haviam perdido sequer uma festa na escola.

Ele jamais fora bonito ou especial e por mais horríveis e embaraçosas que as lágrimas fossem eram reais. Era difícil ser medíocre e apagado quando o mundo valorizava tanto o estilo e a beleza.

As lágrimas continuaram a rolar copiosamente e Yibo que acreditava firmemente que o escritório não era lugar de chorar, se viu obrigado a pegar um lenço de papel e tirar os óculos para enxugar os olhos.

- Você está bem? - Era o sr. Xiao, sua voz soando junto à mesa.

Ele não ouviu a porta de seu escritório se abrindo, nem seus passos se aproximando, se esforçando para esconder as lágrimas, atirou depressa o lenço úmido no cesto de papéis.

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