Capítulo 12

84 16 9
                                    


— Você ficará bem aqui, durante a minha ausência? — perguntou Zhan, ves­tindo seu paletó e ajustando a gravata rapidamente. Yibo não pôde se conter e revirou os olhos.

— É claro que sim — disse de sua posição ao lado da mesa dele. Passou os vinte minutos anteriores verificando a grande pilha de papéis em um canto da mesa.

Nunca vira um amontoado tão desorganizado de mensagens telefônicas, relatórios, e-mails impressos e correspondências antes. A nova assistente de Zhan precisava desesperadamente de um sistema melhor de classificação de documentos. Na verdade, Zhan precisava urgentemente de uma melhor assistente.

Ele ergueu um punhado de mensagens anotadas em pequenos papéis de recado.

— E então, aonde você vai agora?

— A um almoço. — Zhan ergueu sua pasta de couro do chão. — Não sei ao certo quanto tempo isto vai levar, mas estarei de volta em torno das três horas da tarde, a tempo para a video­conferência.

Ele saiu, e Yibo continuou reunindo os papéis com as mensagens, antes de organizá-las por horário de recebimento. Uma das mensagens mais recentes lhe chamou a atenção:

Yubin telefonou, confirmando o almoço. Ele encontrará você no Primavera, à uma da tarde.

Yibo tornou a ler a mensagem. Não podia ser, disse a si mesmo. Não devia ser o Yubin de Zhan. Não era possível. Trêmulo, ele colocou duas mensagens mais recentes sobre aquele e deixou a pilha na mesa, perto do telefone. Não queria se deixar levar pele imaginação, mas sentia grande temor.

A única pessoa a quem Zhan já amou foi Yubin. E se ele estivesse de volta na vida dele?

Não faça isso consigo mesmo, pensou. Não torne isto algo que não é.

Mas suas mãos ainda tremiam quando passou a cuidar da tarefa seguinte.

Por que Zhan teria um almoço de negócios com o ex no Primavera? Aquele tradicional restaurante era famoso por sua atmosfera íntima e romântica, um lugar que atraía apaixonados, não atarefados executivos.

E se Zhan foi realmente almoçar com Yubin por algum motivo, ele lhe contaria.

Não contaria?

Zhan demorou a retornar ao escritório, só chegando às três e quinze. E ele jamais se atrasava para reuniões e videoconferências, em especial quando era alguma que envolvia o Banco Shipley. Por volta de quinze para as três, como ele ainda não tivesse voltado, Yibo começou a se preocupar com a videoconferência. Pensou em contatá-lo pelo celular, e perguntar o que fazer, mas, ao fi­nal, apenas adiou a reunião com o banco em uma hora. E, para tanto, tive que adiar uma outra videoconferência que já havia sido marcada para uma hora depois.

E foi o que informou a ele quando encontrou a voz. Reprimindo seu medo e ansiedade, agiu apenas como o eficiente assistente executivo que sempre foi.

— Eu adiei a sua videoconferência para às quatro horas. E a que haveria às quatro para as cinco.

Zhan, porém, não o agradeceu, não disse nada. Se limitou a estender a mão em busca dos novos recados e se fechou em seu escritório, praticamente batendo a porta atrás de si.

Yibo se esforçou para conter uma onda de ressentimento. Não era justo ser tratado daquele modo. Ele lhe pediu que fosse até o escritório naquele dia, lhe ligou, desesperado por ajuda.

Deu lhe algum tempo, disse a si mesmo, lutando para se acalmar. Zhan acabaria o chamando e talvez lhe falasse sobre o que aconteceu durante o almoço.

Mas não o chamou e, como não tivesse aberto a porta até quinze para as quatro, ele entrou em seu escritório, as emoções num turbilhão.

Sem CompromissoOnde histórias criam vida. Descubra agora