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Uma pergunta rondou a minha cabeça depois de eu presenciar o Cole recebendo uma ligação

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Uma pergunta rondou a minha cabeça depois de eu presenciar o Cole recebendo uma ligação. Quem era a Emma? Sabia que estaria sendo invasiva demais se perguntasse, então me contentei com a minha imaginação fértil. Minha melhor dedução era de que fosse uma ex namorada e que o término desse relacionamento não foi bom. O jeito como ele pareceu tenso enquanto a ouvia e a maneira como ficou abalado após desligar provava que as coisas não foram fáceis. Isso podia explicar um pouco do seu problema com a bebida. Mas talvez o problema com a bebida não tenha sido uma consequência e sim uma razão.

Os dias começaram a se passar e as coisas se normalizaram na medida do possível no meu casamento. Toda a rotina voltou a ser como era antes e a mágoa me abandonou. Comprei um novo caderno e alguns lápis no supermercado e os escondi na área de serviços junto ao desenho que fiz do Cole. Por mais arriscado que fosse, eu me sentiria totalmente morta por dentro se não pudesse ter a minha arte.

Cole esteve mais sumido e eu não o vi mais pelos corredores ou em sua varanda. Suas cortinas se mantiveram fechadas e a única coisa que indicava que ele ainda estava ali eram os motoboy's que eventualmente traziam comida. Também ouvi a Madelaine do andar de cima procurá-lo vez ou outra, mas ele nunca abria.

Em uma manhã de sexta enquanto limpava o carpete diante da porta, ouvi uma voz masculina no corredor chamar pelo Cole. Parei com a limpeza e prestei atenção.

— Eu só quero saber se você está bem. — o homem disse. — Cole, se você tivesse atendido as minhas ligações eu não estaria aqui! — fez uma pausa possivelmente aguardando resposta. — Eu terei que chamar os bombeiros? Posso alegar que acho que você morreu aí dentro.

— Vá embora, Kj! — Cole gritou.

— Então você está vivo. Menos mal. Por que não abre só pra eu olhar no seu rosto e saber se você está saudável?

Mais silêncio.
O homem do outro lado soltou um suspiro que soou como um lamento.

Abri a porta e automaticamente ele olhou para mim. Precisava fazer alguma coisa também porque estava preocupada. Mesmo que Cole fosse alguém que eu mal conhecia, minhas interações com ele foram significativas e eu sentia falta disso.

— Olá. Eu sou a Lili. — apresentei-me, oferecendo a minha mão.

— Oi, Lili. Eu sou o Kj. — apertou a minha mão com firmeza. — Você sabe o que está acontecendo? Eu queria ter vindo aqui outras vezes, mas ele sempre me impediu e eu não queria ser uma visita indesejável. Mas agora ele nem me atende e isso me deixou aflito.

Notei que muito provavelmente Kj não sabia do problema de Cole com a bebida, o que poderia ser uma indicação de que esse comportamento era uma consequência recente das coisas pelas quais ele passou.

— Eu não o vejo há dias. — respondi. — Geralmente ele saía todos os dias para comprar algo e ficava na varanda, mas não o vi sair mais.

— É, ele teve que assinar aqueles papéis, então essa semana não foi fácil. — suspirou.

Save Me ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora