Capítulo 4 - O choque de realidade

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Anteriormente:

"Murilo, preciso que preste atenção" – Mais uma vez, a mulher tenta chamar a atenção do rapaz para si, obtendo agora uma resposta "estou te ouvindo mãe, estou prestando atenção" – Era tudo o que ela precisava, então, sem mais nem menos, soltou a informação "Marília não morreu meu filho, ela não estava no avião. Ela tá aqui, está lá na cozinha" – falou devagar e pausadamente, para ter certeza que não restaria duvidas e que ele entenderia o recado, falou e ficou observando seu rosto antes desolado, vazio, tomar uma expressão confusa.


   Demorou alguns segundos até ele digerir tudo o que ouviu e virar o rosto bruscamente para encarar o rosto da mãe e finalmente falar algo .

"como assim a Marília não morreu mãe? Como que ela não estava no avião? Eu vi, não é possível, EU VI!! Era o casaco dela.... tiraram os objetos, o violão...a mala...eu vi...." – Murilo jogava palavras soltas, talvez na intenção de formar alguma frase com aquilo, claramente falhando na tentativa. Zaida respirou fundo para poder explicar o que havia acontecido.

 "Eu liguei pra Marília hoje, antes dela entrar no avião. Leozinho estava com febre e a chamava, pensei que talvez ela explicando que iria trabalhar...ele aceitasse melhor, mas ela resolveu que viria até aqui vê-lo. Talvez tenha deixado seus pertences no avião, inclusive o casaco...ela chegou aqui sem nada, filho" nem se tentasse bastante, Zaida conseguiria distinguir o que Murilo estaria pensando.

   O rosto do homem era um misto de surpresa e confusão, ao ouvir e digerir tudo o que a mãe falou, Murilo se levantou bruscamente em direção à cozinha, porque ele já tinha entendido que só acreditaria no que ouviu quando visse Marília com seus próprios olhos, quando sentisse seu coração bater com suas próprias mãos e quando a olhasse nos olhos, só aí teria certeza que estaria tudo bem com a mãe do Léo. Zaida vinha atrás, preocupada e sem entender a reação do filho, ao chegarem ao cômodo encontraram uma Marília não muito diferente de Murilo a dois minutos atrás, paralisada, tentando controlar seus próprios pensamentos, com o olhar perdido no vácuo e pálida. Imediatamente Zaida deduziu que a morena teria ido atrás dela e dado meia volta ao ouvir a notícia da queda do avião. Murilo, ao ver a moça em sua frente, viva, sentiu seu coração desacelerar aliviado, foi ao seu encontro a envolvendo em seus braços num abraço forte como quem segurava sua própria vida, e por um breve momento o rapaz pensou ser tudo um engano, imaginou que Marília diria que ninguém morreu, que foi tudo um mal entendido. Sua esperança foi logo arremessada janela à fora quando Marília, ainda em choque proferiu as primeiras palavras desde que notícia chegou aos seus ouvidos 

"não pode ser... eles...eles estavam bem, Murilo por favor me diz que é um engano me diz que é só um pesadelo, pelo amor de Deus me diz que isso não está acontecendo" Marília dizia, sem entender o que estava acontecendo, dizia rezando para ser um verdadeiro pesadelo em que acordaria a qualquer momento. A morena tinha um olhar de desespero, queria entender o que estava acontecendo, mas devido a overdose de informações que sua mente recebera naquele exato momento, era impossível. Murilo consolava, ou pelo menos tentava a consolar, visto que não estava muito diferente dela, o rapaz considerava Silveira e Bahia de sua família, seus amigos, sempre que podiam estavam juntos, não podia ser que perdera dois amigos tão importantes num dia só, e por uma obra do destino, um verdadeiro milagre, não perdeu também o seu amor, a mãe de seu filho, se ela não tivesse neste exato momento em seus braços ele não acreditaria, as lágrimas que escorriam agora dos olhos do moreno eram um misto de alívio e tristeza. Alívio por Marília estar ali, viva, sem nenhum arranhão, e tristeza por, mesmo sem entender muito, sabia que não teria mais duas pessoas importantes em sua vida ali. 

"Marília, eu tanto quanto você gostaria que isso fosse uma grande piada, um pesadelo, mas, infelizmente a única coisa boa no dia de hoje, é a sua vida meu amor. Eu não tenho palavras para agradecer a Deus por ter te dado uma segunda chance de viver. Mas também não tenho palavras para descrever o que sinto por ter perdido dois irmãos assim, de graça. Provavelmente por falha humana, não quero questionar a Deus, ainda não entendo seus motivos, não estou preparado para entendê-los, mas um dia quero estar. O Babá e o Silveira estarão sempre conosco, amor" – Murilo já não se importava se ela tinha percebido ter sido chamada de amor por duas vezes, para ele, o que importava neste momento, era que por algum motivo ela não estava lá, ela não tinha que estar naquele avião, não era sua hora, ao apertar mais o abraço o homem sentiu isso. Marília teria muito o que viver, e dependendo dele, seria a seu lado. Marília percebeu, ouviu nitidamente a forma carinhosa que Murilo lhe chamou, ao ouvir, um pequeno sorriso escapou de seus lábios.

   Com o consolo do rapaz Marília reagiu, foi então que chorou pela primeira vez depois de ouvir a notícia, antes paralisada, agora retribuía o abraço do amado, o abraçava forte, como se não houvesse um amanhã, seu rosto agora se encontrava vermelho e inundado de lágrimas, estava triste por Bahia e Silveira, mas ao mesmo tempo agradecia a Deus por sua vida. Uma dúvida rodava em sua mente em meio a todo esse caos 

"Murilo, você chegou aqui dizendo que havia me perdido...confirmaram a minha morte? foi isso?" 


Opa, cheguei!

Boa leitura!

O efeito borboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora