Conto de Mágoas

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Alana estava apoiada na janela conversando com James, seu melhor amigo. Eram vizinhos, se conheciam desde de sempre e se tratavam como irmãos. James era tímido, sempre calado, baixo, moreno de olhos castanhos e Alana, bem... era um pouco diferente. Alta, ruiva de olhos pretos e completamente extrovertida, ria demais e falava mais ainda. Tinham oito anos, James tocava piano e Alana acordava no meio da noite para ouvi-lo tocar, tão magnífico. O moreno tocava melhor que qualquer adulto, um verdadeiro prodígio. Ela gostava de imaginar o melhor amigo quando crescesse tocando num palco enorme com milhões de pessoas o vendo, ele com certeza teria um ataque.
-James.
Ela chamou quando ele terminou a melodia.
-Lani?
-Vamos ao parque?
-Agora? São quase duas da manhã.
-Vamos James, por favor.
Ela pediu com os olhos brilhantes, ele concordou incerto. As vezes eles saíam no meio da noite pro parque ver as estrelas, colocar os pés descalços na água do lago, sentar no pequeno banco de madeira pintada de branco a contar histórias. Mas alguma coisa naquela noite deixava James desconfortável.
Eles saíram devagar pelas janelas dos quartos e foram ao parque do outro lado da calçada. Chegando eles se sentaram no banco branco de madeira e ficaram olhando o céu por um tempo sem falar nada um pro outro apenas sentindo suas presenças, às mãozinhas uma entrelacada com a do outro.
-Sabia que minha vó disse que aqueles que morrem conseguem ver as estrelas toda hora?
James finalmente disse.
-Como assim?
Alana perguntou.
-Ela disse que quando as pessoas morrem elas ficam no céu, além das estrelas e mesmo de manhã ou com nuvens eles podem às ver toda hora.
-Será que nos vamos conseguir ver as estrelas toda hora também.
-Não sei. Meus pais devem estar vendo-às agora... vamos?
Alana concordou com a cabeça triste pelo comentário de James.
Atravessavam a rua...
-LANI!
James gritou.

---*---
A ruiva estava debruçada na cama chorando, molhando os lençóis brancos que agora cobriam o corpo de James.
-James...
Ela sussurrava chorosa.
-Desculpa.
James tinha morrido enquanto eles atravessavam a rua, uma moto ia atropela-lá mas ele a empurrara... ele a salvara e, em troca, deu sua vida por isso.
-James, James, volta pra mim... por favor James.
Ela desabava em lágrimas soluçando.
-Alana querida, nós temos que ir. O horário de visitas acabou.
Sua mãe a chamara, ela sabia que não voltaria mais, James estava morto. Ela tinha oito anos, era pequena não burra. Sua mãe saiu a deixando sozinha de novo.
-James você consegue ver as estrelas?

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