O garçom os observa

241 46 68
                                    

Escrito por: scarisvancci 

Notas Iniciais: Oioi! 

 O capítulo de hoje é... diferente? 

 Acho vai fazer pensar, então preparem os emojis pensadores 🤨🤨 e leiam com carinho 😇 

espero que gostem! 

 Tenham uma boa leitura!


~~~~

Quando penso na vida, chego sempre à conclusão de que a melhor parte dela é sempre o meio, porque o início você não lembra muito e o fim vem tão rápido que não te dá tempo de senti-lo, mas todo meio é uma eternidade por completo.

E eu sempre senti que isso era verdade para tudo ao meu redor, não só a minha vida, mas como eu a vivo.

Os filmes, livros, músicas... A melhor parte sempre é o meio.

O início de um filme é sempre muito confuso para lembrarmos quem são os personagens ou o que exatamente estamos assistindo. Só compreendemos de fato o verdadeiro propósito das coisas quando elas estão pela metade e, quando acabam, sentimos uma eterna falta do meio que jamais poderemos ter de volta.

Podemos rever o filme novamente, mas nunca da mesma forma, nem com os mesmos sentimentos.

Assim como nunca poderemos viver duas vezes.

A vida não é um filme que podemos voltar para reassistir.

A vida é uma peça de teatro sendo exibida apenas uma vez.

Quando as cortinas se fecham, nenhum aplauso fará os atores voltarem para atuar outra vez.

E isso pode parecer um pensamento muito intenso, mas se torna inevitável depois que se percebe que tudo é extremamente passageiro.

A vida, da forma como a vivemos, é a sensação de vazio que dá ao presenciar seu último dia de aula do ensino médio e perceber que tudo acabou.

Nunca mais escutarei aqueles professores explicarem um conteúdo que nem sempre entendi, nunca mais me aborrecerei com a imaturidade minha própria e própria da turma de alunos que talvez eu nunca mais veja, e nunca mais rirei de palhaçada alguma da "turma do fundão", que se afogará na imensidão do oceano de memórias que vive em minha tão cansada mente, exausta mente que me mente e me convence de que não sinto a dor da perda de uma época que eu nunca aproveitei.

Não posso sofrer por não ter mais aquilo que nunca possuí, certo? Então por que me angustia pensar em tudo isso?

Porque me frustra não ter prestado atenção ao meio da peça.

Porque o meio é importante demais, mas ninguém nos mostra isso. Nós só descobrimos quando vemos as cortinas fecharem.

Mantive-me sempre atento a tudo desde que descobri sobre isso.

É muito único olhar ao redor e ver milhares de vidas diferentes acontecendo ao mesmo tempo.

Milhares de peças que formavam um único quebra-cabeça momentâneo, desfeito a cada novo fim e refeito a cada novo começo.

Todos os dias eu pratico um exercício mental, seja indo para o trabalho, estando na cafeteria ou mesmo voltando para casa. Eu paro e observo, porque isso me faz viver mais. O exercício que formulei consiste em observar as pessoas ao meu redor e tentar entender em que estágio da vida elas estão; início, meio ou fim.

Na teoria, os estágios da vida deveriam coincidir com a evolução do corpo. O início era a infância, o meio a vida adulta e o fim a velhice.

Alguns adultos, infelizmente, demoravam demais para passar pelo início e isso era triste, porque significava que eles não teriam muito tempo para viver o meio, já que o fim é o único que não espera, vem sem aviso e a qualquer momento.

Eu conhecia dois homens que estavam cada um vivendo seu próprio início. Eram dois clientes da cafeteria, que sempre vinham nos mesmos dias, chegavam nos mesmos horários, sentavam sempre nos mesmos lugares, faziam os mesmos pedidos e sempre faziam as mesmas coisas.

Um era escritor e o outro era leitor.

Um era mais social e o outro era solitário.

Era fácil saber que cada um estava em seu início porque eles viviam no automático, como se mal pensassem sobre o que estavam fazendo.

Eu costumava brincar em pensamentos toda vez que prestava atenção neles, fazendo falsas apostas para ver quando eles finalmente encontrariam suas metades.

Eventualmente aconteceu algo que os obrigou a sair do automático e eles começaram a conversar, pelo menos foi isso que me contou a minha colega de trabalho, já que, pela primeira vez, eu não estava os observando.

A cafeteria estava quase sempre vazia, a chuva lá fora e a quietude dentro do local criavam um clima melancólico e... "presságico".

Acompanhar, porém, aqueles dois a cada dia chegando na cafeteria, sentando cada um em sua mesa de sempre, um escrevendo e o outro lendo algo, para finalmente em algum momento da tarde o leitor sair de sua mesa e ir de encontro ao escritor para conversarem e para ele ler o que havia sido escrito, era como ver um filme.

Todos os dias eles faziam a mesma coisa, no início da tarde o leitor lia e o escritor escrevia, passava algumas horas e eles se juntavam, conversavam e sorriam.

Até que um dia o leitor foi diretamente para a mesa do escritor, e no dia seguinte ele fez a mesma coisa, e no próximo também.

Quando o leitor chegava na cafeteria, era cômico ver o escritor se remexendo inquieto enquanto via o homem se aproximar de sua mesa e sorrir diretamente para ele.

A chuva de verão continuava lá fora e a cafeteria continuava quase sempre vazia, mas suas risadas, conversas e olhares mudavam a cada vez que se encontravam, alegrando o local.

Cada vez mais eles se aproximavam, conversando como se fossem amigos de longa data.

Era raro ver quando um sentimento entre duas pessoas nascia, mas eu tinha confiança ao afirmar que fui a primeira testemunha do que, eventualmente, aconteceria.

Foi assim que os sorrisos discretos se transformaram em grandes sorrisos de orelha a orelha e os olhares aprenderam a conversar em segredo.

E eu vi, dia após dia, o leitor e o escritor ajudarem um ao outro a encontrar os seus meios.

Eles ainda não estavam lá, mas eu nunca veria isso acontecer.

Pois, infelizmente, a cafeteria também encontrava um novo estágio, anunciado e adiado o quanto fosse possível, mas inevitável.

A cafeteria, que por tanto tempo foi palco daquela peça, estava cada vez mais perto de fechar suas cortinas.

Cada vez mais perto do seu fim.

~~~~


Notas Finais: O que acharam desse capítulo? 

Hein? Hein? 

Eu sempre, sempre, quis fazer um narrador testemunha, e fico feliz que finalmente surgiu uma oportunidade, então eu espero de verdade que tenham gostado de saber um pouco sobre o que o Jeongin pensa e como ele enxerga os Yoonmin. 

Comentem as opiniões de vocês, por favor! 

Até a próxima!

Barulho de Chuva, Cappuccinos e Finais Tristes | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora