Barulho de Chuva, Cappuccinos e Finais Tristes | Yoonmin

O colega de quarto dá o diagnóstico

Escrito por:scarisvancci 

Notas iniciais: Quando a gente quer que o médico dê um diagnóstico, a gente não gosta que ele demore muito, não é? Então não vou me prolongar aqui, apenas aproveitem a leitura!

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— Você pode me emprestar o seu carro? — Assustei-me quando Yoongi entrou de repente em casa e foi logo me perguntando isso. Seus olhos estavam ligeiramente arregalados e seus pés batiam no chão.

Ele estava ansioso.

Pausei "Friends", a sitcom que não conseguia parar de assistir, e sorri divertidamente, resolvendo fazer graça com a situação.

— Para quê? O lugar mais longe que você vai é a uns cem metros daqui, no máximo. — Ri. — Sua carteira ainda está dentro da validade, pelo menos?

Yoongi bufou e revirou os olhos.

— Está. Jimin quer levar a gente a um lugar.

Ergui as sobrancelhas e assenti várias vezes enquanto olhava para nada, engolindo em seco.

Sem perceber, eu já não estava mais sorrindo.

— Então seu namoradinho preparou uma coisa diferente para vocês fazerem, e que envolve o meu carro? — falei com um sarcasmo ácido, sentindo as palavras formarem um bolo em minha garganta. Tentei, porém, disfarçar, não queria que ele percebesse a forma como estava me sentindo.

Meu colega de quarto se aproximou do sofá onde eu estava sentado e cruzou os braços.

— Jimin e eu não somos namorados. A Lee's fechou e ele me chamou para irmos para outro lugar. Eu estou proibido de escrever em casa, e só consigo escrever quando estou com ele, então... — Semicerrei os olhos quando ele forçou um bico nos lábios e estendeu a última palavra. — Por favor?

Eu conhecia meu melhor amigo há anos. Ele sempre foi quieto, reservado e às vezes até distante, mesmo comigo. Eu tinha me acostumado com o seu jeito e aprendido a gostar dele assim.

Yoongi raramente externava sua animação com alguma coisa, e raramente sentia vontade de conhecer outras pessoas. Na verdade, ele evitava isso.

Quem não o conhecia tendia a detestá-lo por parecer tão arrogante. Eu sei porque foi assim que me comportei no começo. Levou um tempo até que eu entendesse como sua personalidade funcionava, e eu me acostumei.

Ele era divertido, engraçado e carinhoso, mas só com as pessoas que o conheciam muito bem.

Ou gatos.

O ciclo social de Yoongi se resumia a eu, seu melhor amigo desde o ensino médio e colega de quarto; seu avô, quem ele conhecia a vida inteira, e Augustine, que... Bem, era uma gata. Ela não teve dificuldades em conquistá-lo.

Tirando isso, qualquer pessoa que tentava se aproximar do meu amigo se frustrava e o deixava inseguro por ser quem é.

Só nós três, do ciclo social, o entendíamos. E no meu caso levou anos, e nem assim eu o compreendi completamente.

Mas, mesmo sem entender, eu nutri sentimentos por ele. A princípio eram pequenos, inocentes e amigáveis, mas com o passar dos anos...

Não pude evitar. Eu o amava, como nunca havia amado ninguém.

O problema era que Yoongi, de fato, nunca amou ninguém. E eu costumava achar divertido pensar na confusão que ele causaria se um dia isso acontecesse. Mas parou de ser divertido quando me dei conta de que, mesmo se acontecesse, mesmo se Yoongi amasse alguém, essa pessoa nunca seria eu.