Após ter uma péssima noite de sono, que foi constituída mais dele rolando de um lado para o outro na cama enquanto tentava não acordar a esposa, Guilherme apenas desejava uma larga dose de cafeína e sossego.
Tinha conseguido um pouco no café da manhã rápido que se obrigou a fazer, visto que já estava atrasado para o trabalho. Todavia, concluiu em segundos que nem toda cafeína do mundo o prepararia para a cena que encontrou ao entrar em seu escritório no dia seguinte.
Uma grande extensão de pernas alvas novamente o atormentava. Devia ter suspeitado de algo quando notou que suas persianas estavam fechadas e não havia sinal da secretária por perto.
Era a garota de novo. Em cima da sua mesinha de centro, se esforçando para ficar na ponta dos pés enquanto tentava alcançar o teto para rosquear uma lâmpada. Cenário extremamente inocente se não fosse as vestimentas dela. Uma blusa social masculina que mal cobria seus glúteos, deixando à mostra a calcinha azul de renda escolhida para o dia toda vez que ela se esticava, e a ausência da meia calça arrastão que faziam as pernas torneadas ficarem muito convidativas - ainda mais quando ele era incapaz de esquecer o calor das coxas dela debaixo da sua pele.
Suas mãos começaram a coçar, como sempre faziam toda vez que ele lembrava da sensação. Apressou-se para entrar depois de conferir o corredor uma última vez. Trancou a porta por precaução, não sabia o que ela aprontaria naquele momento e tudo o que não precisava era de confusão.
A garota deu um pulo com o barulho da porta fechando. Ainda segurando a lâmpada em mãos, se virou para saudá-lo.
- Bom dia, doutor! Dormiu bem?
Guilherme largou a pasta em cima do sofá e se aproximou dela.
- O que você pensa que está fazendo na minha sala nessas vestimentas? Sabe a ideia que qualquer um teria caso se deparasse com a cena que encontrei?
Ela teve a audácia de sorrir preguiçosamente.
- O doutor gostou do que viu?
Ele a encarou como se ela tivesse duas cabeças. O que esperava que dissesse? Que sentiu suas calças ficando apertadas? Não, obrigado, ele preferia levar essa confissão para seu túmulo de preferência.
Não se limitou a responder. Optou por arrancar a lâmpada das mãos dela e analisar o objeto.
- O que aconteceu aqui? Essa é a nova?
A menina deu de ombros.
- A secretária que me entregou, a anterior estava queimada. Não quis esperar o zelador chegar, pensei que podia trocar para o doutor.
Ele balançou a cabeça e se aproximou do local, erguendo a lâmpada.
- Só esqueceu que precisa ter a altura necessária para fazer isso.
Somente após ter encaixado a nova lâmpada, ele percebeu o quão perto estava dela. Antes que pudesse se afastar, a garota passou os braços por seu pescoço. Agradeceu mentalmente pela porta trancada e as persianas abaixadas.
- Meu heroi!
Seu coração acelerou as batidas com aquela proximidade. Desequilibrou-se novamente com a força da puxada dela e colocou as mãos em sua cintura ao firmar seus pés. Soltou um suspiro profundo enquanto reprimia o desejo de descer as mãos até as coxas deliciosas dela - estavam tão perto, meros centímetros. Procurou afastá-las da tentação, então ergueu-as para seu rosto, retirando algumas mechas que cobriam a face da garota. Culparia eternamente a falta de sono por suas próximas ações.
- O que você está fazendo aqui? Eu nunca te vi antes e, agora, parece que você está em todos os lugares.
Ela riu e encarou sua boca ao mesmo tempo que umedecia os próprios lábios.
- Eu nunca estive no setor da Medicina antes de ontem.
Deveria ser um pecado ser tão linda daquele jeito ou tão cheirosa.
- Então por que parece não sair daqui?
Ela começou a arranhar lentamente a nuca do médico.
- A verdade? Estou fugindo da minha coordenadora.
Um tremor desceu pela sua coluna. Puxou seu cabelo e ela prontamente inclinou o pescoço para trás. Tão solícita.
- O que você aprontou?
Ela trouxe sua respiração ofegante ao pé da orelha dele e a mordiscou levemente.
- Sua boca curiosa seria mais útil bem no meio das minhas pernas.
O que estavam fazendo? Pulou para longe e ela o olhou cabisbaixa. Pigarreou e foi se sentar atrás da mesa, colocando a maior distância que podia entre eles. A garota desceu da mesinha de centro e veio em sua direção.
- Eu não fiz nada! Ela é minha melhor amiga e descobri algo que pode acabar com a felicidade dela, mas não quero isso e não sei o que fazer.
Ele a encarou confuso.
- Ah...
Ela pegou um copo de café ainda fumegando e o entregou.
- Para o doutor! Era esse o motivo da minha presença aqui hoje. Queria me desculpar por ontem e, pelo visto, por agora a pouco também.
Guilherme não estava em condições de negar café. Esticou o braço para pegar o copo e, ao sentir um choque quando suas mãos se tocaram, fingiu demência.
- Obrigado. Espero que possamos esquecer qualquer mal entendido.
Ela abriu um enorme sorriso.
- Claro, doutor! Tenha um ótimo dia.
Virou-se e inclinou o tronco inteiro para recolher a bolsinha que estava no chão ao pé da mesinha. A blusa social subiu tanto que ele conseguiu ver nitidamente sua bunda (tantas coisas que ele gostaria de poder fazer com ela) e, de novo, a calcinha de renda azul, que, por sinal, parecia encharcada. Ele apertou os cantos da mesa com força ao passo que sentia seu membro pulsar incontrolavelmente.
A garota lançou-lhe um piscar de olhos e destrancou a sala, saindo saltitante sem hesitar em deixá-lo suando frio para trás.
***
A animação de Flávia durou pouco. Mal tinha chegado nos corredores do curso de Moda e já notava uma comoção. Era Paula que desfilava de braços dados com Neném, apresentando-o a todos como seu novo namorado.
Ela encontrou os olhos assustados de Ingrid na multidão. A mãe tinha tornado a relação oficial antes que elas pudessem pensar em como evitariam as possíveis artimanhas de Rose.
- Flávia, eu já te apresentei ao meu novo namorado?
Neném arregalou os olhos quando a viu. Certamente, não esqueceu as ameaças da outra noite. Antes que pudesse responder, uma voz soou ao lado.
- O que significa isso? Namorados?
Rose tentou se conter mas a irritação era evidente em sua voz. Tudo estava indo rápido demais e Flávia ainda nem conquistara Guilherme por completo.
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Best Mistake - Flagui
FanfictionFlávia é uma estudante de Moda. Depois de flagrar sua professora favorita, Paula, sendo traída pelo quase namorado com outra professora do mesmo departamento - Rose -, ela decide destruir o que a última mais prezava: a imagem de vida perfeita e o st...