Dores de Amor

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Flávia bateu ponto na empresa da Terrare nos próximos dias. Não conseguia pisar na Universidade naquele momento. Sabia que seus pés a levariam até Guilherme sem hesitar. Infelizmente, não conseguia pensar em nada para que ele a perdoasse além de se ajoelhar e implorar por isso.

Toda dia ela perdia horas em frente ao espelho, observando as marcas que ele deixou em sua pele desaparecerem. Traçava cada uma com carinho. Temia o momento que não restaria mais nenhuma. Nada mais que servisse de testemunha que a história deles aconteceu, a não ser as lágrimas dela no travesseiro toda noite.

Sentia a falta dele. Tinha sido extremamente desconcertante a facilidade com que se encaixara na vida dela. Quem olhasse de fora, teria a impressão que eles viviam num mundinho à parte, contudo, até isso parecia natural ao lado dele.

- Pensando no seu doutor de novo, garota?

Flávia se virou para encarar Paula. Apesar de toda confusão, a professora estava feliz. Ela e Neném tinham conseguido uma medida restritiva contra Rose. A mulher também foi afastada de suas atividades na instituição.

- O divórcio dele foi finalizado.

Flávia não comemorou, não do jeito como sempre acreditou que faria.

- Pelo menos, agora ele pode encontrar alguém e ser feliz.

Paula começou a estralar os dedos.

- Você não é assim. Pode abandonar esse papel de boa samaritana.

- Não é papel. Eu feri muito o Guilherme, me igualei à Rose na vida dele. Está na hora dele encontrar alguém que o merece.

- Chega, garota. Você fez merda? Muita, mas quem nunca errou na vida?

Flávia esboçou um fraco sorriso.

- Ai, Paulinha... Se eu tivesse a mínima esperança que ele me perdoaria, já tinha agarrado com todas as forças.

- Tem certeza que não tem mais jeito?

- Palavras da própria boca do doutor depois que tentei provar o contrário.

Paula suspirou.

- Mas você, viu? Não posso deixar sozinha um único segundo sequer.

- Eu realmente achei que estava te protegendo.

Paula se aproximou. Colocou os dedos no queixo dela.

- Olha para mim. Eu, uma velha já, precisar de proteção?

- É agora que te lembro que você foi parar na cadeia quando se protegeu sozinha?

Paula deu um tapa em sua barriga.

- Está querendo perder o emprego?

- Então é assim que será daqui para frente?

Paula parou.

- Você sabe que sempre terá um emprego comigo, não é?

Flávia a abraçou.

- Ai, Paulinha, o que eu faria sem você?

- Merda e partir o próprio coração, como já comprovou.

Flávia encarou o chão.

- Nunca te disseram a frase: pega mas não se apega, garota?

Foi a vez de Flávia dar um tapa nela.

- E essa era minha intenção mas nós éramos tão compatíveis que não consegui me conter.

- Sexualmente?

- Também, em todas as esferas. Quando vi, já estava me achando uma Rose da vida.

Paula fez uma careta.

Best Mistake - FlaguiOnde histórias criam vida. Descubra agora