2.Naruto 🌊

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Nunca achei o inverno uma estação muito divertida.

Tudo fica branco demais e o frio é insuportável, mas ainda sim, estou do lado de fora do apartamento, debruçado sobre o corrimão da varanda, enquanto ouço o celular tocar lá dentro.

Não atendo. Ainda não tive coragem.

É Sasuke, meu melhor amigo quem está ligando. Perdi seu último jogo da temporada, que deve ter acabado há uma hora. Tudo porque tive um dia ruim e sinto que não devo contaminar ninguém com minha chatice.

Deixo as cinzas do cigarro em meus dedos caírem em direção ao chão e sopro a fumaça no ar. Os toques insistentes continuam e só espero que Sasuke não esteja muito zangado pelo meu egoísmo, talvez mais tarde ele chegue em casa puto da vida, tenhamos uma discussão e terminemos a noite jogando video-game e comendo o que sobrou da pizza de ontem.

Jogo o que sobrou do cigarro fora e vou para dentro de casa, sendo recebido pelo calor prazeroso do aquecedor. Meu celular continua a tocar enrolado em minhas cobertas. Não tenho cuidado ao sacudi-las e o aparelho cai quicando na cama. Por sorte, sou hábil o bastante para pega-lo antes que atinja o chão.

Respiro fundo e deslizo o dedo pela tela.

- Oi, Sasuke! Desculpe a demora para atender, estava no banho. - minto.

Do outro lado da linha o ouço puxar o ar com força como se tivesse acabado de dar voltas pelo campo de futebol da faculdade - o que obviamente aconteceu.

- Não importa. - ele diz, sua voz sai neutra, não consigo identificar se está bravo ou não, o que me faz engolir em seco - Pode me encontrar em frente ao dormitório de Itachi?

Arqueio as sobrancelhas e Sasuke bufa do outro lado, provavelmente prevendo minha pergunta.

- E o que faz ai?

- Itachi é meu irmão, se esqueceu?

Travo o maxilar e respiro fundo.

- Claro que não, mas achei que tivéssemos feito um combinado. Achei que só iríamos visitar o Itachi se fôssemos juntos. - digo e pego o casaco que está sobre minha mesa de estudos. As chaves do meu carro estão bem do lado, as pego e saio de casa, conferindo se tenho algum dinheiro no bolso. - Não saia daí, estou indo.

Sasuke não responde, apenas encerra a ligação, fazendo com que eu me apresse ainda mais no caminho.

Nos últimos meses, aprendi que não devo deixar os irmãos Uchiha sozinhos.

(...)

O caminho de casa para a faculdade feito de carro é apenas cinco minutos. Os dormitórios não são distantes e logo vejo Sasuke parado em um ponto de ônibus com uma mochila nas costas. Sasuke costuma ser desatento, mas pelo ou menos hoje, ele está bem agasalhado. Quando paro o carro, ele ajeita seu cachecol e entra batendo a porta com força.

- Por favor, não desconte seu ódio de mim no carro.

- Por que eu estaria com raiva? - ele pergunta meio irônico.

- Desculpa. Foi mal mesmo - me lamento dando partida. Sasuke revira os olhos.

- Por favor não comece a falar sobre como sua semana está sendo uma droga. Já estou cansado de ouvir sobre isso e já dei todos os concelhos que sou capaz de dar.

- Não acho que ignorar minha mãe seja uma boa solução. - rio.

Sasuke não é um bom concelheiro, mas às vezes tento ouvi-lo, só para que ele possa me ouvir também. Definitivamente, meu irmão é um idiota.

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