No alto da parede da sala de aula tem um relógio. Estou parada observando-o a sete minutos — tempo em que acabei a prova e recolhi meu material, aguardando a autorização para sair da sala. Meu pé bate constantemente contra o chão num tic nervoso. Distraio-me do relógio, passando o olhar pela minha folha de respostas. Droga! Acho que a um era "b" e eu marquei "d".Bufo, arrependida de não ter feito a prova com mais calma. Estou com medo do resultado e já me sinto meio decepcionada comigo mesma. Droga de sentimento ruim!
— Muito bem, pessoal! — a tutora diz, chamando nossa atenção — Quem já acabou a prova e quiser sair, sintam-se à vontade, apenas confiram se preencheram seus dados corretamente e me entreguem a prova. Os demais, fiquem tranquilos! Vocês ainda tem tempo.
Me levanto com calma, recolhendo minhas coisas. A mulher é paciente conosco e tem um sorriso educado, lhe entrego minha prova agradecendo e ela me entrega meu celular, guardado num plástico de volta.
Ano passado, a mulher que foi responsável por ficar conosco durante a prova tinha um olhar de carrasco. Me distrai vezes demais, temendo que ela olhasse fixamente para mim outra vez. Era assustador. E idiota, eu sei.
Durante a prova fiquei com tanto medo de fracassar que acabei fracassando. Depois, fiquei culpando a mim mesma, odiando-me e me sentindo incapaz. Dei tudo de mim e ainda não consegui. Me senti inútil.
Espero que esse ano seja diferente.
Quando finalmente saio do prédio, respirando um pouco de ar fresco, ligo meu celular e mando mensagem para Sakura.
"Posso te ligar?"
Em seguida, começo a caminhar até a rodoviária. Precisei ir até a cidade vizinha para fazer a prova e agora preciso pegar o ônibus de volta para casa. O percurso é mais longo, mas pelo ou menos serve para pensar melhor e quem sabe me livrar dessa ansiedade, mas acho que ela vai me acompanhar pelas próximas semanas.
"Você sabe que sim." — Ela responde.
"Eai?! Como foi a prova" — ela manda em seguida — "Quer saber, eu mesma ligo"
Assim que termino de ler a mensagem, o ícone de chamada aparece na tela. Sorrio um pouco, sentindo-me aliviada quando ouço a voz de Sakura.
— Eai, amiga? Estava difícil? Ta' muito nervosa ainda? Acha que foi bem?
— Se acalma, Saky! — peço, achando graça o fato dela ficar tão nervosa quanto eu. — Estava difícil sim. Meu estômago está dando voltas desde que acordei pela manhã e a última pergunta, eu realmente torço para que sim.
— Eu tenho certeza que sim. — ela responde, imagino-a sorrindo.
— Você também tinha essa certeza ano passado.
— Boba! — ela murmura em tom de reprovação — Aonde você está? Já pegou o ônibus?
— Ainda não. — afasto o celular do ouvido, olhando as horas — Daqui a pouco o ônibus sai, já estou quase chegando.
— Você devia ter pedido uma carona ao seu pai. — ela diz.
— Não queria incomodar.
— Ou a Naruto. — ela continua falando.
— Já disse que não queria incomodar. — Comprimo os lábios, torcendo para que ela mude de assunto.
Não suportaria falar sobre Naruto. Não com ela e não agora.
As cenas de alguns dias atrás ainda passam pela minha cabeça.
"Eu te amo"
— Hina, você ainda está ai? Ficou muda de repente.
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Intense
FanfictionNaruto é famoso por estar sempre nas revistas ao lado de seu pai CEO e sua mãe chefe de cozinha, dona do próprio restaurante. É mimado pelos pais, tem sempre tudo o que quer, embora esconda segredos em seu coração, sentimentos que às vezes, nem ele...