Intense

18. Hinata 🌪

Em um momento, você está ali. Vivendo sua vida, sendo feliz à sua maneira, sem grandes preocupações. Então, de repente, você sente a ruptura, como se algo estivesse quebrando e desmoronando.

Acho que a separação dos meus pais foi assim para mim.

Desde que me entendo por gente eles sempre estiveram lá por mim, juntos. Não juntos do tipo de casal que troca juras de amor ou carícias. Não do tipo que trocam olhares ou tem uma conexão intensa. Mas, estavam juntos. E mesmo que eu estivesse me treinando pro grande momento da ruptura, não posso dizer que estive pronta. Acho que ninguém nunca está. Mas, não dava para continuar também. Os amo, mas não são meu exemplo de casal ideal. Sei que não eram felizes — não que fossem tristes juntos — mas não havia conexão alguma, pelo contrário, eles estavam cada vez mais distantes um do outro, as vezes, de forma que a convivência tornou-se impossível. Não sei como foi capaz de durar tantos anos, mas agora estávamos aqui. Minha mãe estava triste e cansada, sentada a minha frente, tentando formular frases, como se devesse explicações ou desculpas.

Acima de tudo, ela estava triste. E isso não me saía da cabeça. Eu não queria vê-la assim. Tudo o que eu mais queria é que ela sorrisse. Mesmo nos nossos piores momentos, quando ela estava irritada, dizendo coisas ruins ou quando simplesmente preferia ficar calada e se afastar, nunca a desejei qualquer mal, seria incapaz e vê-la assim também me machucava.

— Acho que devo um pedido de desculpas a vocês. — ela começa a dizer, depois de um milésimo suspiro, mexendo inquietamente com as mãos. — Sei que todo mundo aqui já está crescido, mas não queria fazer vocês lidarem com isso.

Olho de relance para Neji ao meu lado, ele nem sequer se mexe e não sei ler seus pensamentos. Não sei se ele se importa o suficiente.

Hana agarra minha mão sobre a mesa, unindo-a com a de Neji.

— Fazia um tempo que as coisas não estavam indo bem, vocês sabem disso. E... Agora é definitivo. Eu e o pai de vocês não estamos mais juntos.

Assim como eu imaginava, ouvir aquilo em voz alta fez com que se tornasse mais real. Me levanto e dou a volta na mesa, sentando-me ao lado da minha mãe, suas lágrimas começaram a escorrer em algum ponto da conversa e agora, puxo-a para meu colo, abraçando-a com força.

— Está tudo bem, mamãe. — murmuro, acariciando suas costas.

Ela balança a cabeça para os lados.

— Não está não. Por muito tempo eu fui dura com vocês, descontava a raiva que sentia no seu pai em vocês e... Me desculpem.

— Shiii...

— Me dá um abraço, filho? — ela pede enxugando as lágrimas.

Neji assente e vem para perto, acolhendo nós duas em seus braços.

— Eu amo vocês. Aconteça o que acontecer, minha única certeza nessa vida, é que eu amo vocês três. — ela diz, deixando beijos por todo nosso rosto, assim como fazia quando éramos crianças.

Enxugo minhas lágrimas e volto a abraça-la, me aconchegando contra seu corpo.

— Não estou dizendo que eu queria que vocês se separassem, mas eu sabia que vocês não eram felizes. E por mais que isso possa doer, sua felicidade em primeiro lugar, mãe. — beijo sua bochecha.

— Devo desculpas a Hanabi, mas não sei como falar com ela. Eu devia ter sido mais compreensiva, mas eu estava com tanta raiva que....

— Ei!!... A gente vai concertar isso, sempre damos um jeito.

Só sei que não vou deixar que Hanabi saia machucada.

(...)

Subo as escadas lentamente, enrolando um pouco em cada passo. Um pouco porque estou fisicamente cansada e preciso de um cochilo, um pouco porque não quero lidar com essa situação e um pouco porque não sei o que dizer a Hanabi quando ela pedir explicações.