V.

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S/n Hernandez, New York

Coloco a bandeja em cima da pequena mesa de centro da minha sala de estar. Seus olhos acompanham cada movimento meu. Sinceramente, não consigo decidir se isso é algo bom ou ruim.

Ele pega a xícara assim que a entrego. Suspirando, me sento no sofá. A visita dele foi algo que obviamente me pegou de surpresa. Ouvi-lo dizer que tinha algo para me dizer, só me fez ficar ainda mais tensa. Minha mente cria diversas teorias e paranóias, e confesso que nenhuma delas realmente me agrada.

── Bom... ── Ele me puxa drasticamente de meus pensamentos. ── Entendo você estar completamente confusa. ── Oi? ── Está expresso em sua face, bela moça. E acredite, eu entendo sua confusão. Me sinto assim também.

O observo calada durante alguns segundos. Suas orbes eletrizantes me fitam de uma maneira reconfortante.

── Você disse que tinha algo para me dizer. O que seria tão importante para que você pegasse meu endereço com um certo atendente loiro e batesse na minha porta. ── Questiono, percebo que para ele o assunto também é... delicado? Não consigo definir ao certo.

── Acho que lhe devo um pedido de desculpas por aparecer na sua casa, assim, sem explicações e aviso prévio, mas é que realmente precisava.

── E por quê você precisava tanto? Não poderia deixar para outro dia? ── Mordo os lábios ao perceber que fui um pouco rude.

── Eu poderia, mas... ── Ele para e olha o líquido fumegante na xícara. ── Quando cheguei, no Starbucks, a procurei e infelizmente não a encontrei. Perguntei ao loiro se ele havia lhe visto. ── Incentivo com a cabeça para que ele continue. ── Ele disse que você havia ido. Porém, saiu atordoada sem nem sequer tocar na comida. ── Respiro fundo. Ele não pode me perguntar o porquê. ── Ele também me contou que seu carro ficou estacionado por cerca de 30 minutos do lado de fora do estacionamento. ── Como Josh percebeu se ele estava ocupado? ── Ele disse que ficou preocupado, mas infelizmente não pode ir até o carro ver como você estava. E, obviamente, eu também fiquei preocupado ao ouvir o relato do mesmo. Então percebi que não tinha como adiar esse encontro, quer dizer, conversa.

── Então, daí, você pediu meu endereço para ele? ── Não acredito que ele realmente fez isso.

── Não, eu pedi seu número de telefone.

── Então por quê não me ligou? ── Estou cada vez mais confusa.

── Eu liguei. ── Ele afirma convicto. ── Eu liguei 3 vezes para você. ── Levanto do sofá, em busca do meu celular. Ouço ele dizer algo, mas o corto com um "espere um pouco".

Ao me sentar novamente, já com o celular em mãos, percebo que ele realmente está falando a verdade.

── Há três ligações perdidas, de um número desconhecido. ── Mostro meu celular para ele. ── Esse número é o seu?

── Sim.

── Desculpe por não atender. Eu... Eu não ouvi tocar. Está no modo 'vibrar'.

── Tudo bem, não precisa se explicar. ── Sorrio. ── Mas continuando, como você não atendeu, eu falei com Josh. Perguntei se havia outro modo de eu me comunicar com você. E ele me deu seu endereço. ── Assinto, compreendendo. ── Fiz mal em vir aqui?

▶ 𝗦𝘁𝗮𝗿𝗯𝘂𝗰𝗸𝘀 〢 𝖭𝗈𝖺𝗁 𝖴𝗋𝗋𝖾𝖺 𝖥𝖺𝗇𝖿𝗂𝖼𝗍𝗂𝗈𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora