CAPÍTULO DOIS

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"Eu estou tentando decidir se essa é a coisa mais idiota que eu já ouvi saindo da sua boca, mas tem tantas coisas idiotas que eu já te ouvi falando que eu nem sei. Tem que estar no top 5 pelos menos."

James o lançou aquele olhar dele que dizia eu te adoro tanto, que pena que você é um filho da puta, e que era uma mistura perfeita de carinho, irritação e um humor que talvez ele não quisesse sentir no momento atual, mas que ele não conseguia reprimir por mais de alguns segundos. Normalmente fazia Sirius abrir um sorriso largo e insuportável, mas não aquela noite. Não quando os ombros de James ainda estavam tão cheios de tensão e, ao olhá-lo nos olhos, Sirius não conseguiu achar nem um pequeno reluzir da diversão que James normalmente esbanjava.

Quando ele se apoiou no parapeito da Torre de Transfiguração, flexionando os punhos contra o metal frio, ele parecia alto e desajeitado de um jeito que na cabeça de Sirius era sinônimo com o terceiro ano deles, quando surtos de crescimento e hormônios atacaram. Ah, James. Pontas. Banhado pela lua, com os óculos tortos e as costas eretas. James Potter. O líder dos Marotos, e o rosto dele estava fechado, sério como o líder de um batalhão. Mesmo só de pijama, com duas meias completamente diferentes em cada pé e um chinelo terrível, ele parecia pertencer a outro mundo. Um príncipe-deus demandando toda a atenção de Sirius, ele era.

"Sirius," disse dramaticamente, um pouco rouco demais para alcançar o desejado efeito de alguém que estava relaxado e não se importava, "você é sempre tão delicado comigo, me deixa tão grato por te ter como meu irmão de coração."

"Você não precisa um irmão de coração que é delicado com você," Sirius rebateu, os cantos dos lábios se apertando, "você precisa de um irmão de coração que vai bater na sua cabeça e ver se o seu cérebro volta a funcionar. Porque você tá sendo um burrão."

"Nós temos uma dinâmica boa. Eu só não quero arruinar o que a gente têm."

E ele soava tão genuíno, aquela grande fobia de separação dele pesando todas as palavras que saíam de sua boca. Apertava o coração de Sirius como um dos abraços superfortes de Euphemia, o deixava transbordando e engasgando com o tamanho do amor que estava sentindo em relação aquele grande idiota.

Porque sim. Sirius Black amava James Potter, sem condições e sem perguntas desde o primeiro momento.

Ou.

Bem, não desde o primeiro momento.

O que ninguém nunca imaginava era que, no começo, só havia Sirius e Peter.

Claro, houve aquela interação o trem, mas ela não foi o começo dos Marotos. James diria que foi — James, com palavras poéticas sobre destino e como a amizade deles era inevitável, iria argumentar que no momento em que ele insultou a família de Sirius a vida dos quatro tinha se tornado intrinsecamente interligada. Na real, eles não conversaram por semanas depois disso, mesmo tendo todos caído na Grifinória. Não conversas de verdade, não além de algumas palavras amigáveis e impessoais durante refeições e entre aulas. "Me passa o sal por favor" e "ei, a gente tem aula de Poções ou Feitiços depois?" não eram sinais de uma intensa e eterna conexão.

Peter, que era tão delicado e tão fácil de empurrar e ver cair, tão fácil de puxar e ver vir, foi o primeiro dos três que Sirius realmente chamou de amigo.

Peter, que era, de todas as maneiras possíveis, um maria vai com as outras e que por alguma razão tinha caído na Grifinória, apesar de não ter coragem nenhuma a não ser que tivesse alguém como James ou Sirius do lado dele. Ele que mantinha a cabeça abaixada, nunca olhando ninguém nos olhos, mas sempre ouvindo tudo o que eles falavam, amargamente encantado por um mundo ao qual ele desesperadamente queria pertencer, mas não sabia como entrar.

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