CAPÍTULO NOVE

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A parte boa era que a voz era feminina, então não podia ser Remus. A parte ruim era que ele reconhecia qual menina era e sabia que as chances dele sobreviver até a manhã seguinte tinham de repente caído para 10%. Terríveis chances. Ele já podia começar a escrever um testamento.

Sirius se virou.

Ao longo dos últimos sete anos ele já tinha causado raiva em Evans mais vezes do que podia contar, muitas vezes propositalmente, muitas vezes acidentalmente, mas o puro incontrolado ódio que ele viu nos olhos dela naquele momento não era como nada que Sirius já tinha visto nela. Nunca tinha visto nada parecido em ninguém, nem Walburga, nem Dorea, nem mesmo Bellatrix. Os olhos esmeralda dela, tão famosos, destinatários de tantos poemas e discursos de James, pareciam trovejar com o poder de um milhão de avada kedravas enquanto ela se aproximava fria como a morte, como hipotermia, como uma faca prestes a se enfiar na goela dele.

"Eu perguntei," Evans repetiu, a voz cortante, "o que você acha que está fazendo?"

Era culpa da bebida. Culpa dele ter pulado o jantar mais cedo, dele ter pulado muitas refeições desde a briga com Remus. Sirius não conseguia entender o que estava acontecendo. Não se moveu ou respondeu ou tentou se explicar, porque não sabia se conseguiria fazer qualquer uma dessas coisas. As pernas dele pareciam bambas e a sala como se estivesse rodando e talvez nem fosse só por causa do uísque de fogo, mas se ele tentasse abrir a boca, ele tinha quase certeza que iria acabar caindo de cara no chão.

Beber de barriga vazia não era uma boa ideia. Remus teria o dito isso, se Sirius tivesse falado o que fez, se Sirius tivesse o falado qualquer coisa.

O menino do lado dele sorriu para Evans, mas dava para ver a apreensão nos olhos dele.

"Evans!" ele exclamou. "Que bom te ver!"

Estendeu a mão, esperando que Evans a apertasse. Evans só encarou a outra mão dele, a que ainda estava segurando o braço de Sirius. Sirius nem tinha percebido isso até ver o olhar cheio de fogo dela e se sentir sendo todo queimado. O menino abaixou as duas mãos quase que na hora, dando um passo para o lado. Soltou uma risadinha.

"Eu e o Black só estávamos conversando," comentou, abrindo um sorriso nervoso. "Sabe como é. Ele é bem engraçado."

"Vai conversar com alguém que é solteiro," disse Evans, "e flertar com alguém que não está tão bêbado que mal consegue ficar em pé e com certeza não consegue nem entender o que está acontecendo."

Ela pegou a mão de Sirius bruscamente, o dando um puxão. Sirius cambaleou e a outra mão dela o tocou no ombro, o firmando.

"Pelo amor de Deus," ela soltou, dando uma inclinada na cabeça para o observar com um rosto ao mesmo tempo frio e escaldante. O aperto dela aumentou. "A gente tá indo tomar um ar fresco."

Evans não o deu escolha.

Sirius se deixou ser arrastado para fora do dormitório porque ainda não sabia o que mais fazer e, na pequena parte racional do cérebro dele, sabia que era melhor seguir Evans. Eles passaram pelo quadro da Mulher Gorda e ainda com o mundo balançando Sirius se viu olhando por cima do ombro e a lançando um joinha. Ela deu uma risada, corando e desaparecendo. Gostava dele. Sempre o deixava entrar quando ele esquecia a nova senha.

Evans parou com tudo e, assim que se virou, deu um tapa no ombro de Sirius. Não parou por aí; ela empurrou os ombros dele com força, o fazendo bater contra a parede. O rosto dela estava todo retorcido: a Verdade saindo de seu poço para humilhar a humanidade.

"O que tem de errado com você?" chiou. Os olhos dela brilharam. "Eu estava – eu ouvi como você falou do Remus aquele dia no Três Vassouras! Eu comecei a realmente confiar que você iria ser bom para ele e ele bom para você. E aí uma briga! Uma só briga! E de repente você está conversando com outros meninos? Sério isso?"

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