ㅡ Ei, Park Jisung! Você sabe onde o seu-
Jaehyun calou-se, de imediato. O tempo, para ele, parecia ter congelado - e mesmo que não soubesse, era recíproco para o garoto à quem chamava.
Engoliu seco, piscando algumas vezes.
No primeiro piscar, só captava um sutil grito desesperado e afobado de Chenle, que vinha com seu movimento desesperado.
No segundo piscar, parecia ter sido o tempo perfeito para ambos esconderem-se debaixo do edredom.
No terceiro, viu os lábios de Jisung movimentarem-se ao se prepararem para respondê-lo, mas Jung, com as orbes sutilmente arregaladas, apenas bateu a porta do quarto.
Choramingando, o pai postiço desceu as escadas da casa, correndo. Ao encontrar o marido, apoiou a cabeça em seu ombro, antes de intensificar seu falso choro em seu ouvido ㅡ Amor! Eu estou traumatizado...
ㅡ Viu o Jisung "júnior"? - Soprou um riso ㅡ Nem parece que você ajudou ele no banho quando ele era pequeno.
ㅡ Primeiro que, ainda assim, seria totalmente estranho. Jisung já tem quase dois metros, e é um adolescente, eu não quero mais nem sequer cogitar ajudar ele com banho - O Lee gargalhou, novamente. Jaehyun grunhiu ㅡ, mas não, ele... E o Chenle... Nós teremos que ter a conversa.
O mais velho deferiu um peteleco em sua testa. Agora o gargalhar era alto, e empurrava sutilmente o corpo daquele de fios castanhos ㅡ Não quero nem saber! Eu não vou ter conversa alguma. Você é pai dele também, há pelo menos dez anos, e foi quem pegou ele fazendo sabe-se lá o que. - Ao ter os olhos na altura dos alheios, estalou a língua, em repreensão ㅡ Não quero nem saber detalhes! Eu trauma fica para você. Quem mandou entrar sem bater no quarto onde tinha dois adolescentes cheios de hormônios!
ㅡ Ei, não sou eu o adolescente que deveria estar recebendo sermão!
Park havia sido uma criança um tanto hiperativa, com suas individualidades e seus problemas, mas sua vida adolescente era na verdade extremamente calma. Taeyong agradecia à todos os deuses pelo filho ter tido acompanhamento terapêutico desde pequeno, assim, ao menos, em sua fase que esta para ser a mais problemática, ele encontra-se na mais tranquila - apenas um adolescente de notas medianas e fortes hormônios. Muito melhor que um rebelde maconheiro.
Anos presos no charme do marido, Taeyong via-se sempre entregue a eles - era impossível escapar de qualquer pedido. Dessa maneira, repetindo o padrão, durante a noite não foi capaz de escapar da tal "conversa". Pretendia não abrir a boca, mas viu-se, de qualquer maneira, sentado ao lado de Jaehyun, que balançava a perna inquietavelmente.
Jisung imitava os atos ansiosos de Jung como um espelho.
ㅡ Sabe, Jisung...
ㅡ Não, por favor, não - Ele leveu as mãos nervosas até os fios do cabelo ㅡ, assim, eu sei que eu tenho minhas neurodivergências... Mas é sério, não precisa dessa conversa.
Taeyong repreendeu-o com o olhar, e um semicerrar das sobrancelhas. Park, intimidado, ajustou sua postura.
ㅡ Independente disso - Jaehyun continuava, sinalizando em sua direção ㅡ, autismo ou não. Com par homem ou mulher. - Suspirou ㅡ Nós vamos ter que falar sobre.
Jisung choramingou, ainda relutante ㅡ A gente não estava fazendo nada demais, eu juro! A gente só-
ㅡ AH! - O mais velho cortou ㅡ Eu não quero detalhes.
Com os olhos arregalados, após ter sido pego de surpresa pela repentina interrupção, o adolescente engoliu seco.
ㅡ Não importa o que vocês estavam fazendo naquele exato momento. O que importa é o que podem ter feito, ou vir a fazer.
ㅡ Eu realmente achei que ia escapar dessa, tendo a carta do autista - Persistiu, esbanjando sinceridade.
O Lee jogou contra o filho uma almofada que tinha, até então, apoiada no colo ㅡ Parou com essa, moleque!
ㅡ Ei ei, vamos acabar com isso de uma vez. Nenhum de nós queria estar aqui - Silêncio. Jung suspira. ㅡ Jisung, é ideal que você saiba que devem sempre usar camisinha! É claro, com homens parece existir aquele benefício de não utilizar proteção por não existir a possibilidade de gravidez, mas ainda assim! Existe a possibilidade de seu parceiro ter DSTs.
ㅡ Espero que não, já que em teoria a gente só se relacionou um com o outro a vida toda...
Ambos os pais estalaram a língua, em uníssono, em repreensão. Park ergue os braços, como se pedisse desculpas.
ㅡ DST existem geneticamente também, cabeçudo - Taeyong cutucou.
ㅡ Cabeçudo é o namorado dele - Jung sussurrou ao marido, em provocação.
ㅡ Ei!
Encararam-se, os três, por um instante, antes de caírem na gargalhada.
ㅡ Enfim, camisinha. Sempre transe com segurança - Os olhos de Jisung arregalaram ㅡ, é ué porra, vai usar camisinha para que, fazer balão? - Jaehyun rolou os olhos ㅡ E nada de ultrapassar os limites, fazer algo que ele não queira... O contrário também, nada de deixar ultrapassar seus limites...
Aliviado, Park ergueu-se ㅡ Ok. Posso subir?
ㅡ Pode - Taeyong suspirou, afundando-se no sofá ㅡ, mas a partir de agora, porta do quarto sempre aberta.
O olhar indignado do filho repousou-se sob sua silhueta. A surpresa rapidamente mudou para um sorriso de canto nos lábios.
ㅡ Tem certeza que não é melhor que seja feito em casa qualquer coisa que fizermos?
Os pais se entreolharam, como se telepaticamente conversavam - e, na realidade, entendiam-se apenas pelos olhares. Suspiraram, antes de Taeyong responder ㅡ Ok. Portas fechadas.
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O pequeno vizinho - jaeyong
FanfictionNuma madrugada de domingo Jaehyun é incomodado por seu vizinho do mesmo andar que lhe entrega um pedaço de papel que afirmava ter sido "entregue por engano". Ao abrir sua carta misteriosa, degusta de uma caligrafia péssima e desenhos tortos colorido...