Capítulo 10 (Epílogo)

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ㅡ Ei, Park Jisung! Você sabe onde o seu-

Jaehyun calou-se, de imediato. O tempo, para ele, parecia ter congelado - e mesmo que não soubesse, era recíproco para o garoto à quem chamava.

Engoliu seco, piscando algumas vezes.

No primeiro piscar, só captava um sutil grito desesperado e afobado de Chenle, que vinha com seu movimento desesperado.

No segundo piscar, parecia ter sido o tempo perfeito para ambos esconderem-se debaixo do edredom.

No terceiro, viu os lábios de Jisung movimentarem-se ao se prepararem para respondê-lo, mas Jung, com as orbes sutilmente arregaladas, apenas bateu a porta do quarto.

Choramingando, o pai postiço desceu as escadas da casa, correndo. Ao encontrar o marido, apoiou a cabeça em seu ombro, antes de intensificar seu falso choro em seu ouvido ㅡ Amor! Eu estou traumatizado...

ㅡ Viu o Jisung "júnior"? - Soprou um riso ㅡ Nem parece que você ajudou ele no banho quando ele era pequeno.

ㅡ Primeiro que, ainda assim, seria totalmente estranho. Jisung já tem quase dois metros, e é um adolescente, eu não quero mais nem sequer cogitar ajudar ele com banho - O Lee gargalhou, novamente. Jaehyun grunhiu ㅡ, mas não, ele... E o Chenle... Nós teremos que ter a conversa.

O mais velho deferiu um peteleco em sua testa. Agora o gargalhar era alto, e empurrava sutilmente o corpo daquele de fios castanhos ㅡ Não quero nem saber! Eu não vou ter conversa alguma. Você é pai dele também, há pelo menos dez anos, e foi quem pegou ele fazendo sabe-se lá o que. - Ao ter os olhos na altura dos alheios, estalou a língua, em repreensão ㅡ Não quero nem saber detalhes! Eu trauma fica para você. Quem mandou entrar sem bater no quarto onde tinha dois adolescentes cheios de hormônios!

ㅡ Ei, não sou eu o adolescente que deveria estar recebendo sermão!

Park havia sido uma criança um tanto hiperativa, com suas individualidades e seus problemas, mas sua vida adolescente era na verdade extremamente calma. Taeyong agradecia à todos os deuses pelo filho ter tido acompanhamento terapêutico desde pequeno, assim, ao menos, em sua fase que esta para ser a mais problemática, ele encontra-se na mais tranquila - apenas um adolescente de notas medianas e fortes hormônios. Muito melhor que um rebelde maconheiro.

Anos presos no charme do marido, Taeyong via-se sempre entregue a eles - era impossível escapar de qualquer pedido. Dessa maneira, repetindo o padrão, durante a noite não foi capaz de escapar da tal "conversa". Pretendia não abrir a boca, mas viu-se, de qualquer maneira, sentado ao lado de Jaehyun, que balançava a perna inquietavelmente.

Jisung imitava os atos ansiosos de Jung como um espelho.

ㅡ Sabe, Jisung...

ㅡ Não, por favor, não - Ele leveu as mãos nervosas até os fios do cabelo ㅡ, assim, eu sei que eu tenho minhas neurodivergências... Mas é sério, não precisa dessa conversa.

Taeyong repreendeu-o com o olhar, e um semicerrar das sobrancelhas. Park, intimidado, ajustou sua postura.

ㅡ Independente disso - Jaehyun continuava, sinalizando em sua direção ㅡ, autismo ou não. Com par homem ou mulher. - Suspirou ㅡ Nós vamos ter que falar sobre.

Jisung choramingou, ainda relutante ㅡ A gente não estava fazendo nada demais, eu juro! A gente só-

ㅡ AH! - O mais velho cortou ㅡ Eu não quero detalhes.

Com os olhos arregalados, após ter sido pego de surpresa pela repentina interrupção, o adolescente engoliu seco.

ㅡ Não importa o que vocês estavam fazendo naquele exato momento. O que importa é o que podem ter feito, ou vir a fazer.

ㅡ Eu realmente achei que ia escapar dessa, tendo a carta do autista - Persistiu, esbanjando sinceridade.

O Lee jogou contra o filho uma almofada que tinha, até então, apoiada no colo ㅡ Parou com essa, moleque!

ㅡ Ei ei, vamos acabar com isso de uma vez. Nenhum de nós queria estar aqui - Silêncio. Jung suspira. ㅡ Jisung, é ideal que você saiba que devem sempre usar camisinha! É claro, com homens parece existir aquele benefício de não utilizar proteção por não existir a possibilidade de gravidez, mas ainda assim! Existe a possibilidade de seu parceiro ter DSTs.

ㅡ Espero que não, já que em teoria a gente só se relacionou um com o outro a vida toda...

Ambos os pais estalaram a língua, em uníssono, em repreensão. Park ergue os braços, como se pedisse desculpas.

ㅡ DST existem geneticamente também, cabeçudo - Taeyong cutucou.

Cabeçudo é o namorado dele - Jung sussurrou ao marido, em provocação.

ㅡ Ei!

Encararam-se, os três, por um instante, antes de caírem na gargalhada.

ㅡ Enfim, camisinha. Sempre transe com segurança - Os olhos de Jisung arregalaram ㅡ, é ué porra, vai usar camisinha para que, fazer balão? - Jaehyun rolou os olhos ㅡ E nada de ultrapassar os limites, fazer algo que ele não queira... O contrário também, nada de deixar ultrapassar seus limites...

Aliviado, Park ergueu-se ㅡ Ok. Posso subir?

ㅡ Pode - Taeyong suspirou, afundando-se no sofá ㅡ, mas a partir de agora, porta do quarto sempre aberta.

O olhar indignado do filho repousou-se sob sua silhueta. A surpresa rapidamente mudou para um sorriso de canto nos lábios.

ㅡ Tem certeza que não é melhor que seja feito em casa qualquer coisa que fizermos?

Os pais se entreolharam, como se telepaticamente conversavam - e, na realidade, entendiam-se apenas pelos olhares. Suspiraram, antes de Taeyong responder ㅡ Ok. Portas fechadas.

O pequeno vizinho - jaeyongOnde histórias criam vida. Descubra agora