Belial

11

Depois dos seus irmãos se despedirem, Belus reuniu a todas nós para explicar o que havia acontecido naquela noite. Às 07h da manhã ainda estávamos lá, consolando uma a outra, sentindo a dor do luto. Adamia fazia parte do clube há cinco anos e tinha conquistado o coração de todas as suas colegas de trabalho. Belus informou que quem quisesse ir embora por questões de segurança ele não só compreenderia, como daria todos os direitos trabalhistas as meninas, como se trabalhassemos de carteira assinada. Mas também, disse que para quem escolhesse ficar, seus homens acompanhariam as meninas dentro da Pandemonium e fora, inclusive disponibilizou um ônibus que deixaria cada uma em casa, em segurança.
Duas meninas chamadas Ashley e Brucia decidiram ir embora. De resto, todas nós ficamos. As outras meninas ficaram por confiar em Belus, por gratidão. Eu fiquei por outro motivo, um que eu não queria admitir para mim mesma.

- Esses são os meus homens, e vocês acompanharão somente a eles, entendido? Fox, Urso, Lion, Melquideste, Letael,Amon, Osíris e Dakan. - A voz de Belus exalava comando. Pelo amor de Deus, nem com um assassinato eu conseguia me controlar. O que esse homem tinha feito comigo?

- Vocês só terão privacidade no banheiro. Em todo o resto, farão as pausas em grupo, irão ao camarim em grupo, e se quiserem foder com alguém, será na presença deles. Não que eles se incomodem...

Os homens deram uma risadinha.

- O ônibus está esperando por vocês. Estão liberadas.
Todas nós fomos em direção a porta, quando escutei Belus me chamar. Me virei para olha-lo.

- Chefe? Essa daí ficará sob a proteção de quem? - Perguntou Dakan inseguro, sem saber se deveria acompanhar as meninas ou ficar para tomar conta de mim.

Belus me encarou, e através da máscara prateada pude contemplar seus olhos. Eles faiscavam de... desejo.
Contive um arquejo.
Ainda olhando para mim, Belus respondeu : - A responsabilidade dessa aqui é minha.

- Mas chefe, acha pru...
- Eu não quero saber o que você acha, Dakan. Se eu quisesse, perguntaria a você. O ônibus está aguardando. - Belus dispensou o coitado do homem.
Dakan foi embora sem questionar mais nenhuma ordem, fechando a porta atrás dele.

De repente o espaço ficou muito apertado. A presença de Belus estava em todo o recinto, me causando uma quase falta de ar.
Ele retirou a máscara lentamente, e tudo o que eu registrei foi os detalhes. Suas mãos eram longas, suas unhas bem cuidadas; o cabelo caia em ondas castanhas e douradas. A cicatriz em seu olho o tornava mais viril. A barba cerrada era o bônus extra, e seus olhos que eram fúnebres, ganhou vida. Aquele poço negro sem fim ganhou vida em forma de luxúria.
Belus fazia os gestos deliberadamente. Retirou o paletó, e a corrente com a cruz de cabeça para baixo ficou em evidência. Na hora em que ele retirou os seus sapatos, Belus olhou bem no fundo de meus olhos, como se estivesse esperando que eu fugisse. Seus pés nus tocaram o chão, e instantaneamente , uma lama oleosa e negra manchava os seus pés. Igual ao sonho...
Quando Belus estava somente com a calça, não me contive e perguntei a ele ansiosa.

- Quem é você?
Ele sorriu, um sorriso mais macabro do que o de Andras, se é que era possível.
Em um momento eu estava no chão, e no outro, suspensa na parede. Belus me segurava pelo pescoço com apenas uma mão, de forma que eu não me engasgasse. O clima de repente ficou subitamente mais frio.

- O que sou eu? Essa pergunta é difícil de responder, bela dama.

- Não, não é. Eu sou Victoria, irmã de Victor, filha da minha mãe. Você quem é?

Belus soltou uma baixa gargalhada.

- Hm, vamos ver... Em uma época eu fui adorado como um deus. Em outra, como o demônio. - Belus passou uma língua enorme pela minha bochecha. A sua língua estava maior , ou era impressão minha? Mesmo sendo estranho, aquilo me excitava.