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Duas semanas depois...

" A polícia procura incessantemente por pistas e testemunhas que possam ajudar a elucidar o caso. Até o momento, as buscas se revelaram infrutíferas. Não há evidências de movimentação suspeita. Segundo os vizinhos, Marcus Coltton era usuário de drogas e bastante violento, e por isso, o delegado considera como motivo retaliação por dívidas de drogas ou alguma desavença. Mesmo com o histórico da vítima, o crime foi considerado pelas autoridades hediondo e brutal, chocando toda a cidade de Dallas. Se você aí de casa souber de alguma pista, ligue de forma anônima para a polícia.
E agora, assista a previsão do tempo com Kate Willians..."

A voz da repórter me causava uma quase dor de cabeça. Meu corpo estava praticamente todo curado, mas a cabeça estava um pouco sensível. Acordei há três dias do coma induzido com Ilíria trocando o curativo da cabeça, mesmo com as suas mãos estando leves como plumas. Eu estava em sua clínica médica, ou hospital de pequeno porte sendo devidamente cuidada. O espaço possuía aparelhos ultramodernos, de cores brancas e eram bem novos.

- Como está se sentindo hoje? - Ilíria vinha ver como eu estava pelo menos uma vez ao dia. Segundo ela, Belial me levou até lá quase morta. O estado era tão crítico que me tratar em casa foi terminantemente proibido. Ilíria me induziu ao coma para que meu corpo se reestabelecesse com as medicações.

- Estou bem, obrigada. Só minha cabeça que está um pouco sensível.

- É normal. Na verdade, estou surpresa que esteja somente sensível. A concussão foi bem feia. Mais algum sintoma que eu deva saber?

- Muito enjoo. Estou um pouco tonta também.

- Mais normal ainda. Vai demorar uns três dias para passar totalmente. Você é uma menina sortuda, Victoire.

Revirei os olhos.

- Não diria essa frase. Quando poderei ir embora?

- Se tudo der certo, hoje mesmo. Só farei mais uns exames em você.

Suspirei aliviada. Mesmo com todo o conforto, ainda era uma clínica hospitalar, e eu não gostava de hospitais.

- Bom. E Victor?

Ilíria franziu a testa incomodada.

- Victor ficará mais tempo internado. Seu irmão é um guerreiro, Vic, e está lutando muito para voltar pra você. A quantidade de drogas que o crápula inseriu no corpo dele... Precisamos fazer exames mais complexos... Descartar qualquer dano grave.

- Como assim "dano grave?"

- Olhe, Victoire, Victor vai ficar bem, é nisso que você deve concentrar a sua atenção. Farei uns exames neurológicos só para garantir que tudo está dentro dos conformes, e modéstia a parte, sou a melhor curandeira do Texas. Confie em mim.

- Tudo bem... - Mas meu coração estava apertado. Se existisse vida pós morte, eu iria para o inferno torturar o infeliz falecido.

- É assim que se fala. - Ilíria deu um tapinha em meu ombro. Ela se dirigiu até uma mesa de rodinhas e pegou uma seringa com uma agulha assustadora. Apalpou meu braço a procura da veia, e retirou um pouco do meu sangue.
- Descanse, Victoire.

Sua frase foi um comando. Automaticamente minhas pálpebras pesaram, e o cheio de brisa fresca e terra de Ilíria me embalou como uma mãe amorosa.

Despertei de um sono muito tranquilo sentindo-me maravilhosamente bem. Sentia muita pouca náusea, mas fora isso, poderia enfrentar mais dez Marcus. Ilíria mantinha as duas mãos suspensas em cima de mim, e cantava algo esquisito, de língua antiga. Não ousei interromper, não quando me sentia tão bem. Eu não conhecia quase nada a bruxa, mas estranhamente, confiava nela. Ilíria era como um bálsamo em qualquer alma cansada, e lembrava o que uma mãe deveria ser.

BelialOnde histórias criam vida. Descubra agora